Correio de Carajás

“Defesa tentou confundir sociedade no julgamento do vendedor de joias”, diz promotora

Promotora criminal Cristine Magela conseguiu a condenação da maioria dos réus e ela mesma pediu absolvição de um deles
Por: Ulisses Pompeu e Theiza Cristine

A promotora de Justiça de Marabá, Cristine Magela, Cristine Magela Correa, concedeu entrevista ao Correio de Carajás após o julgamento dos seis acusados pelo assassinato do vendedor de joias Edilson Pereira de Sousa, em abril de 2021, em Marabá.

Magela, que atuou no caso ao lado do colega Gerson Daniel, explicou que resolveu se manifestar publicamente por último no caso e fez críticas à postura da defesa, que, segundo ela, estaria tentando confundir a sociedade sobre o trabalho do Ministério Público Estadual e da polícia.

Seis acusados no banco dos réus

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Ela lembrou que o processo tinha seis acusados. O Ministério Público pediu a absolvição de um deles, e o pedido foi aceito pelo júri. Já a defesa pediu a absolvição dos demais, com exceção de Oinotna Silva Ferreira, conhecida como “Tina”, que confessou participação no crime e disse ser a mandante do assassinato.

Fuga de Maria da Paz

Cristine relatou que a ré Maria da Paz acompanhou toda a sessão, mas desapareceu no momento da sentença. “Durante o julgamento, um dos advogados pediu autorização para comprar um remédio. Desde então, ninguém mais teve notícias da dona Maria da Paz. Ela foi interrogada e sumiu”, narrou.

Na avaliação da representante do MPPA, os advogados já previam que ela seria condenada. “No rito do Tribunal do Júri, em razão da soberania dos vereditos, hoje em dia a pena é executada imediatamente. Então, saindo uma condenação, ainda que a pessoa responda em liberdade, ela pode vir a cumprir imediatamente a pena, como está previsto no artigo 492, inciso I, alínea E do Código de Processo Penal”, explicou.

Com a fuga, o juiz determinou a prisão de Maria da Paz, usando a sentença como mandado. Cristine negou os boatos de que a ré teria passado mal e precisado de atendimento médico.

“Não é verdade essa história de que Maria da Paz passou mal e foi medicada. Isso foi algo que a defesa criou. Ela esteve no julgamento o tempo todo, se ausentando apenas no momento da sentença”, afirmou.

Defesa e confissão

A promotora comentou também sobre uma entrevista concedida pelos advogados de defesa a um veículo de comunicação da Capital, onde o julgamento ocorreu. Nela, os advogados alegaram que não havia dívida dos acusados com a vítima. “Surpreendentemente, a entrevista foi dada na quarta-feira e, na quinta-feira, uma das acusadas, a Oinotna, confessou que realmente tinha dívida com a vítima e que havia assinado um termo”, disse.

Para Cristine, essa postura tenta induzir a sociedade ao erro: “O que nós percebemos é a defesa tentando manipular a sociedade por meio das redes sociais, para que se crie dúvida sobre o trabalho do Ministério Público e da polícia. Isso é um papel desleal e até antiético”, criticou.

Henrique

A promotora explicou que o nome de Henrique só surgiu no final da investigação, no depoimento de Bruno. Uma testemunha chegou a reconhecer uma pessoa tatuada, que poderia ser Henrique, mas o inquérito inicial já estava concluído.

“Pedi a instauração de outro inquérito para apurar a conduta do Henrique. A delegada não tinha elementos para indiciá-lo por homicídio e furto, mas sim por ocultação de cadáver. O Ministério Público aceitou e denunciou do Henrique por esse crime”, explicou.

A promotora disse que, se surgirem novas provas ligando Henrique ao homicídio, a denúncia poderá ser aditada. Ela classificou como “manobra” a alegação da defesa de que ele estaria foragido ou que entraria com ação contra o Estado.

“Foi mais uma manobra da defesa dizer que ele não estava respondendo e que já estaria em liberdade. Se houver elementos suficientes, o MPPA vai incluir Henrique pelo crime de homicídio”, concluiu.