“A menina faleceu, nós temos o fato, o Willian Souza não vai negar o que ele fez, aqui não vai ter pedido de negativa, só que o Willian irá responder dentro da sua culpabilidade, nem mais nem menos”, afirmou ao Correio de Carajás Cristina Alves Lombo, advogada de defesa do acusado pelo assassinato de Flávia Alves. O júri ocorre nesta terça (7), no Fórum Juiz José Elias Monteiro Lopes, em Marabá.
Will Souza foi acusado por feminicídio e ocultação de cadáver. O feminicídio é uma qualificadora do homicídio que se refere ao assassinato de uma mulher cometido em razão de sua condição de gênero. Nesses casos, a pena pode ser elevada a até 40 anos de prisão.
Sem entrar em detalhes sobre a linha de defesa, a advogada adianta que a equipe técnica irá sustentar que isso não ocorreu neste caso. “A linha de defesa foi estudada há um ano e meio e vou precisar do dia todo aqui para mostrar a todos vocês o que realmente aconteceu, não há o que falar de feminicídio, não existe isso”.
Leia mais:Cristina acrescenta que pretende garantir a aplicabilidade de uma pena justa. “Como mulher, compreendo o desespero da sociedade, compreendo também o desespero da família, mas não há o que falar em uma pena injusta, nós não podemos trazer uma injustiça dentro de uma tragédia, isso não vai ocorrer”.
Conforme ela, a acusação de feminicídio apresentou o réu como um monstro assassino, mas que isso não aconteceu. “Ele não é um assassino”.
JÚRI AINDA PODERÁ SER ADIADO
Cristina Alves Lombo informou, ainda, que aguarda decisão acerca de um mandado de segurança impetrado no Tribunal de Justiça do Estado do Pará para suspender ou adiar a sessão do Tribunal do Júri.
Conforme ela, o Ministério Público informou à magistrada responsável pelo caso que provas não foram colocadas no prazo correto, o que, alega, não ocorreu. “Sabemos o que a gente fez e estamos dentro do prazo, não concordamos de forma alguma com essa situação”, diz.
De acordo com ela, aguarda-se decisão positiva, porém a equipe está preparada para seguir o júri em caso negativo. “Estou muito tranquila porque não foi ontem que nós iniciamos (o trabalho). Já desenvolvemos, sabemos o que ocorreu”.
RELEMBRE
Flávia desapareceu na madrugada de 15 de abril de 2024, após sair de um bar no Núcleo Nova Marabá, em Marabá. Ela foi vista pela última vez entrando no carro de Will, seu colega de profissão. Familiares da vítima afirmam que o tatuador mantinha uma obsessão não correspondida pela jovem.
O desaparecimento foi registrado dois dias depois, em 17 de abril, e a Polícia Civil iniciou as investigações. Em 25 de abril, foi deflagrada a Operação Anástasis, com apoio dos núcleos de investigação de Marabá e Tucuruí. No mesmo dia, Willian e a esposa, Deidyelle de Oliveira Alves, foram presos.
A identificação dos suspeitos foi possível graças à análise de imagens de câmeras de segurança, perícias no veículo utilizado por Will e outros recursos técnicos.
Ainda na noite de 25 de abril, o corpo de Flávia foi localizado em uma cova rasa, na zona rural entre Jacundá e Nova Ipixuna, a cerca de 100 km de Marabá. O laudo do Instituto Médico Legal (IML) confirmou que a jovem foi morta por estrangulamento.