Correio de Carajás

DECA faz arrastão em fazenda e leva 50 sem-terra para a delegacia

Uma ação policial que consumiu todo o dia de ontem (13), resultou na condução de 50 sem-terra que ocupavam a fazenda Muriaé, localizada no município de Nova Ipixuna. Dos colonos levados para prestar depoimento na sede da Delegacia de Conflitos Agrários (DECA) de Marabá, três deles foram flagrados com cinco espingardas. Já os sem-terra dizem que querem apenas um pedaço de terra.

Sem-terra, inclusive com crianças, foram conduzidos para a sede da DECA

Responsável pela ação policial, o delegado Ivan Pinto da Silva, titular da DECA, explica que a delegacia especializada foi procurada pelos proprietários da área, os quais denunciaram a ocupação ilegal da área. Diante disso, o delegado reuniu sua equipe e partiu em missão às 67h da manhã.

Chegando lá, o delegado se deparou com os colonos e os levou para a DECA para responderem por esbulho possessório e, possivelmente, também por ameaça. Ivan afiram que explicou aos colonos que eles não tinham o direito de ocupar a área, mas deveriam requere-la pelos meios legais. Por isso, eles foram conduzidos, mas seriam liberados após serem qualificados e prestarem depoimento, o que levou toda a madrugada.

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Presente ao local, o advogado da fazenda explicou que a fazenda é produtiva, está devidamente e que os donos procuraram logo os meios legais para ter garantido seu direito de propriedade.

Também ouvidos pela reportagem, os sem-terra contaram uma versão diferente. Segundo Gilson do Nascimento da Silva, um dos conduzidos, documentos do Instituo de Terras do Pará (ITERPA) e também do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) provam que a área é terra pública.

Gilson denunciou ainda que eles até já apanharam de seguranças da fazenda. “Queremos que a Justiça chegue… É várias vezes que nós apanha ali dentro; o fazendeiro tem todo direito de bater em nós”, denunciou, chorando, ao desabafar ainda que por serem pobres não têm direito a nada.

Foi necessária a utilização de um ônibus para levar todo mundo até a Marabá

Por sua vez, Wellington Ribeiro, outro sem-terra, afirma que existem cinco nomes de proprietários para a mesma fazenda. Ele denuncia que que querem Justiça. “Nós estamos lá é pra trabalhar, não é pra roubar, não”, afirma, acrescentando que na área estavam vivendo 125 famílias e que todos estavam antes morando de favor em casas do Residencial Magalhães, do Minha Casa Minha Vida, no São Félix. (Chagas Filho e Josseli Carvalho)