Correio de Carajás

Debate entre candidatos à reitoria da Unifesspa foca em críticas e peca em soluções

Discussão foi incendiada pelos comentários de internautas que acompanhavam em tempo real a transmissão a partir de um estúdio no núcleo Cidade Nova

Na tarde desta terça-feira (7), a Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) promoveu um debate entre as chapas dos candidatos a reitor e vice reitor da academia. De um lado, compondo a chapa 1 o candidato Maurílio Monteiro e Andrea Novaes e, de outro, compondo a chapa 2, o atual e também candidato Francisco Ribeiro e sua vice Lucélia Cavalcante. Bastante acalorada, a discussão foi incendiada pelos comentários de internautas que acompanhavam em tempo real.

Com duração de 2h30, o debate foi dividido em cinco blocos. No primeiro, as chapas tiveram 10 minutos para se apresentarem e destacarem os principais pontos de suas candidaturas e plano de gestão para a Unifesspa, mas sem perguntas, réplicas ou tréplicas. No segundo bloco, houve o debate entre os candidatos, com respostas a perguntas formuladas por eles mesmos ao outro.

No quarto bloco, os candidatos a reitor responderam a três perguntas, cada uma formulada, dessa vez, por integrantes da comunidade acadêmica, enviadas via formulário à Comissão Organizadora da Consulta (COC). No último, as chapas tiveram cinco minutos para apresentarem suas considerações finais.

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Os temas escolhidos para o debate foram: ensino, pesquisa, extensão e inovação; estrutura acadêmica e administrativa; gestão de pessoas e valorização profissional; esportes, arte, cultura e diversidade; relações interinstitucionais e com a sociedade e, por fim, consolidação e expansão da universidade.

EM RESUMO

O debate, no entanto, revelou uma série de pontos críticos e lacunas nas propostas apresentadas, suscitando dúvidas sobre a efetividade e responsabilidade das futuras gestões.

A chapa 2, ao se apresentar, enfatizou princípios como a democratização e o diálogo, porém, careceu de detalhes concretos sobre como esses princípios se traduziriam em ações eficazes. A promessa de ampliação da infraestrutura e de cursos carece de fundamentos concretos quanto ao financiamento e à viabilidade dessas expansões, além de não apresentar um plano claro para lidar com questões urgentes como transporte urbano para os campi e entre eles.

No que diz respeito à política de interiorização, a retórica da chapa 2 sobre diálogo e reconhecimento das demandas pareceu vaga e não ofereceu soluções concretas para os desafios enfrentados pelos campi fora de sede. O compromisso com políticas afirmativas e formação docente também careceu de especificidades e detalhes sobre como essas medidas seriam implementadas e financiadas de forma sustentável.

Por sua vez, a chapa 1, ao destacar a experiência prévia do candidato Maurílio como primeiro reitor da Unifesspa, não conseguiu fornecer uma visão clara e realista sobre como resolveria os desafios atuais da instituição – como o transporte, que já era caótico no tempo em que foi reitor. A referência aos recursos conquistados no passado não foi acompanhada por propostas concretas sobre como lidar com a escassez de financiamento e infraestrutura.

O debate entre os candidatos revelou uma troca de acusações sobre o histórico de gestão e a responsabilidade por problemas existentes, como a falta de transporte urbano adequado para os estudantes. As respostas evasivas e as justificativas sobre a não implementação de cursos como medicina levantaram questões sobre a capacidade das gestões em lidar com demandas emergentes e desafios estruturais da universidade.

A discussão sobre políticas de esporte, arte, cultura e diversidade foi marcada por críticas à falta de apoio financeiro e estratégico para promover essas áreas dentro da universidade. O discurso repetitivo sobre a escassez de orçamento sem apresentar alternativas claras e inovadoras expõe as dificuldades de qualquer um dos lados sobre a capacidade em superar obstáculos financeiros.

No tema da acessibilidade, as respostas das chapas careceram de especificidades sobre como garantiriam a inclusão efetiva de alunos e servidores com deficiência, deixando em aberto questões fundamentais de infraestrutura e políticas inclusivas.

As críticas mútuas sobre gestões passadas e a falta de soluções inovadoras e realistas levantam questões sobre a capacidade das chapas em liderar efetivamente a universidade em um cenário complexo e desafiador.

O período de campanha vai de 30 de abril até 26 de maio. Serão realizados dois debates nesse período, de forma remota, pelo Youtube. O primeiro ocorreu nesta terça-feira, 7, enquanto o segundo será realizado na véspera da eleição, no dia 26, às 19 horas.

Os servidores e estudantes dos cinco campi da Unifesspa poderão votar no dia 27, das 7h30 às 21h50, enquanto as datas de 28 e 29 de maio estão reservadas para a apuração e divulgação do resultado. (Thays Araujo)