Correio de Carajás

De cócoras, goleiro do Águia reverencia torcedores após vitória

Axel Lopes confirma sondagens de outros clubes, mas garante que só abre negociação após a final contra o Remo

Goleiro Axel Lopes gastou cerca de 10 minutos após o jogo numa resenha com torcedores no Zinho Oliveira (Foto: Ulisses Pompeu)

Não foi Mathaus Sodré; não foi Wander; não foi Luan Parede; nem Luan Santos. O nome mais ovacionado no Zinho Oliveira, na tarde deste domingo, 7, mede 1,90 metro de altura, tem sotaque gaúcho e atende pelo nome de Axel Bernardes Lopes, ou apenas Axel Lopes.

Antes mesmo de entrar em campo contra o Princesa de Solimões, Axel já tinha lugar garantido no panteão de heróis do Águia de Marabá ao longo da história. Ele fora o herói da classificação do Azulão no confronto com o Goiás pela Copa do Brasil, que culminou na disputa de pênaltis numa noite memorável para o futebol marabaense. Também se notabilizou na semifinal do Parazão ao defender duas cobranças de pênalti do Paysandu, levando o Águia à grande final.

Enquanto Axel defende o pênalti, torcedores mirins ao fundo vibram com a performance do goleiro (Foto: Jordão Nunes)

Neste domingo, depois de defender o pênalti cobrado por Aleilson, no segundo tempo, o arqueiro ouviu a torcida gritar seu nome várias vezes numa frase que deixaria arrepiado qualquer ser humano: “Puta que pariu…é o melhor goleiro do Brasil”.

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O time marabaense já teve bons goleiros ao longo do tempo, desde o primeiro Marcos Garça, depois o excelente Ângelo, passando por Bruno Colaço, Zé Carlos, mas a bola da vez está nas mãos de Axel Lopes.

Aos 30 anos de idade, o gaúcho tem um ritual incomum após os jogos vitoriosos. Enquanto boa parte dos jogadores vai para o vestiário – e outros dão entrevistas para a Imprensa – o arqueiro tem o costume de atender os torcedores que lhe pedem selfies (autógrafos estão fora de moda), sempre atrás do gol, lugar onde as câmeras filmadoras e fotográficas não estão.

Que autógrafo que nada, os torcedores querem mesmo é uma boa selfie para postar (Foto: Ulisses Pompeu)

Após o apito final na vitória de domingo, contra o Princesa, no Zinho Oliveira, ele foi para trás do gol e começou a conversar com torcedores de várias idades, mesmo separados pelo alambrado. Atendeu a todos gentilmente, entre crianças e até uma idosa simpática.

A vovozinha também foi tietar o paredão do Águia após a vitória sobre o Princesa de Solimões (Foto: Ulisses Pompeu)

Depois da cerimônia que ele não abre mão, atendeu o repórter que estava escondido ali por perto. Com toda a educação que lhe é peculiar, abraçou também o entrevistador e confessou que sempre toma um tempo para posar para fotos com torcedores. “Todo jogo tenho que fazer se não a rapaziada fica doida. Se não tirar foto com eles eu arrumo confusão depois”, confessou, sorrindo bastante.

Questionado sobre o sentimento que veio quando ouviu os gritos da torcida de “melhor goleiro do Brasil”, ele disse que é um dos momentos mais gratificantes da carreira. “Por mais que seja o nosso trabalho, há uma remuneração por isso. Pelo menos para mim, o que mais vale é esse carinho. O que eu vou levar dessa vida, depois que eu me aposentar, será esse reconhecimento. Marcar dias nas vidas das pessoas. De repente, é o primeiro ou o último jogo que a pessoa virá e eu marquei isso para ela. Nós estamos buscando muito essa empatia, nos eternizar dentro do clube. Para mim isso é o mais marcante. O torcedor passa a semana inteira trabalhando e quer vir assistir ao jogo, com a felicidade de ver sua equipe ganhar. E nada mais gratificante que poder ajudar e colocar esse sorriso no rosto do torcedor”, explicou.

Mas o Rei da Simplicidade também respondeu ao questionamento sobre rumores de que deve deixar o Águia de Marabá em função de propostas financeiras mais vantajosas para defender clubes de maior expressão no cenário nacional.

Com o dedo para cima, o goleiro agradece a Deus pelo reinado brilhante pelo Águia (Foto de Silvio Garrido com montagem de Leon Ramirez)

Sobre isso, Axel Lopes confirmou que houve sondagens, mas sem proposta efetiva. Segundo ele, não dá para deixar o Águia na mão antes da final contra o Clube do Remo. “Vou jogar essa final de campeonato e vou dar 100%. Não quis e não quero tratar de nada por enquanto, antes de terminar o Parazão, pois o Águia merece respeito. É assim que eu trato minhas negociações. Se algum clube quiser me levar terá de ser depois. A princípio, continuo no Águia”, garantiu.

Após a entrevista, ele foi abraçar o treinador de goleiros do Azulão, Wellington, outra figura marcante na história do Águia.

(Ulisses Pompeu)