Correio de Carajás

Daniel Alves: amigas da vítima dizem que jogador tocou suas partes íntimas

Brasileiro, que foi acusado de estupro em boate na Espanha, está em julgamento em Barcelona

Testemunhos ouvidos nesta segunda dão conta de um comportamento "nojento" de Daniel para com a vítima e também com uma amiga e uma prima dela - (crédito: ALBERTO ESTÉVEZ / POOL / AFP)

O jogador brasileiro Daniel Alves compareceu, nesta segunda-feira (5/2), ao julgamento do qual é acusado de estupro, em Barcelona, na Espanha. Neste primeiro dia de audiência, a vítima, além de uma amiga e prima dela relataram os fatos de 30 de dezembro de 2022, quando teria ocorrido o crime.

A vítima, que não teve nome revelado, declarou em juízo que foi agredida sexualmente, com violência e atitude de desprezo por Daniel Alves na noite em questão, no banheiro de uma boate. O depoimento dela ocorreu sem a presença da imprensa e em local isolado, como forma de preservar sua identidade e mantê-la sem contato com o réu. As falas da mulher foram confirmadas por fontes legais ao jornal espanhol La Vanguardia.

Quem também depôs, nesta segunda, foi uma amiga da vítima, que revelou interações dela com o jogador antes da agressão. Segundo ela, no dia 30 de dezembro, elas jantaram em casa, depois foram a um bar de coquetéis e decidiram terminar a noite na boate Sutton, onde tudo ocorreu.

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Lá, elas foram convidadas para uma área VIP por um grupo de mexicanos e depois teriam encontrado com Daniel Alves e um amigo dele. “Esse homem [Dani Alves] estava de pé. Ele tinha uma atitude desrespeitosa, colocou a mão nas minhas costas e quase tocou minhas nádegas. Fui para o outro lado da mesa, praticamente sozinha, e uma amiga me disse: ‘Ele tocou minha vagina'”, relatou.

Pouco depois, a prima da vítima chamou a amiga e disse que elas deveriam ir embora. A amiga revelou ainda como a vítima estava após encontrar Daniel no banheiro da boate. “Eu não tinha a visto assim na minha vida e não parava de repetir: ‘Vou para casa, não vão acreditar em mim'”. Quando saiu do banheiro, a vítima também teria dito: “Ele me machucou muito, ele me machucou muito, ele go*** dentro de mim”.

A amiga afirmou ainda que, de forma alguma, a relação da jovem com Daniel foi consensual. “Ela não quis, não, não não”. Na sequência, a jovem teria sido questionada pela acusação sobre o que a vítima teria relatado que ocorreu no banheiro e disse: “Ele a agarrou e a jogou no chão e disse algo como ‘você é minha put****'”.

Depoimento da prima da vítima corrobora com história da amiga
A prima da vítima também testemunhou nesta segunda e deu mais detalhes. “No começo estava tudo bem, depois ficamos um pouco desconfortáveis. Eles [Daniel e o amigo] estavam dançando bem perto da gente. Ele [Daniel] colocou a mão em mim e tocou minha área íntima”.

A prima dela viu, logo depois, Daniel seguir para uma porta e esperava que a vítima fosse junto. Ela até teria falado para a vítima ir com ele.

Contudo, Daniel foi o primeiro a voltar e a mulher demorou mais tempo. Quando voltou, ela estava com o semblante fechado. “Perguntei a ela se ela estava bem e se queria que a gente fosse embora. Ela me disse que precisava ir embora. Saímos de lá e eu escrevi para a minha amiga dizendo que ela [vítima] precisava ir embora. Minha prima apenas me disse ele a havia machucado muito e go**** dentro dela”.

Outros depoimentos
Um porteiro da boate também esteve presente no julgamento e confirmou que a vítima foi vista “chorando e muito chateada” na noite em questão, mas achou que se tratava de algum desentendimento amoroso.

Um dos garçons da área VIP também prestou depoimento e explicou que o amigo que acompanhava Alves foi quem pediu para chamar as jovens para a mesa.

Por fim, outro garçom, que estava presente na noite, deu detalhes e afirmou que não percebeu nenhum comportamento estranho entre Daniel e a vítima e que sua percepção foi de que estavam “se divertindo”.

Julgamento de Daniel Alves
A audiência de Daniel Alves ocorrerá por três dias consecutivos, com encerramento previsto quarta-feira (7). O brasileiro alega inocência e afirma que a relação sexual foi consensual. Ele mudou a versão sobre o caso diversas vezes, trocou de defesa e teve três pedidos de liberdade provisória negados.

A pena para este tipo de crime na Espanha é de até 12 anos de reclusão e ainda não há prazo para o anúncio da sentença. Até lá, Daniel Alves vai continuar preso de maneira preventiva.

A acusação pede pena máxima para o jogador, 12 anos, e o Ministério Público, nove, porém a tendência é que Daniel, se condenado, permaneça preso por no máximo seis anos. Isso porque, no início do caso judicial, a defesa do jogador pagou à Justiça 150 mil euros (cerca de R$ 800 mil) de indenização à jovem. A advogada da mulher contesta a possível redução da eventual pena.

(Correio Braziliense)