Correio de Carajás

Cursos abrem novas perspectivas para socioeducandos da Fasepa

Nesta semana foi concluído em Marabá o Curso de Eletricista, ministrado por instrutor do Senar

Os cursos oferecidos pela Fasepa com a rede de parceiros integram as diretrizes da socioeducação no Pará/ Foto: Franklin Salvados/ Ascom Fasepa

Em duas semanas de atividades, mais de 80 adolescentes e jovens que cumprem medidas socioeducativas concluíram neste ano o Curso de Eletricista, com 40 horas de carga horária. Agora, eles têm como garantir acesso ao mercado de trabalho. O curso, realizado em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), garante aos socioeducandos atendidos pela Fundação de Atendimento Socioeducativo do Pará (Fasepa) a certificação de membro do Sistema S (formado por várias entidades do setor produtivo), com credibilidade reconhecida em qualquer lugar do território nacional.

Encerrado nesta sexta-feira (25), no município de Marabá, na região Sudeste, o curso já foi ministrado em mais quatro unidades socioeducativas do Estado em 2021, para jovens em atendimento de internação provisória e internação.

Durante a formação, os participantes aprenderam como identificar e calcular tensão elétrica, corrente, resistência e potência. Esse conhecimento dará subsídio para identificarem qual tipo de sistema será utilizado para atender às necessidades de cada cliente.

Leia mais:

“Lá fora eu já queria estar usando esse certificado, arrumando algum trabalho pra me ajudar a mudar de vida. O certificado pode ajudar muito a minha vida; posso ser eletricista”, contou um dos socioeducandos, 17 anos, atendido no Centro de Internação de Adolescente Masculino (Ciam) Sideral, na Região Metropolitana de Belém.

Mesmo diante da pandemia de Covid-19, a Fundação reafirma o compromisso de quebrar o paradigma da cultura do cárcere, oportunizando atividades sociopedagógicas, cursos profissionalizantes, acesso à documentação civil e à educação, explicou a gestora do Ciam Sideral, Lilian Mello. “Ainda que o tempo de permanência na internação provisória seja de, no máximo, 45 dias, temos buscado garantir os direitos aos adolescentes privados de liberdade, possibilitando-lhes reflexão e novos horizontes de vida”, disse a gestora.

Os participantes aprenderam no curso a identificar e calcular tensão elétrica, corrente, resistência e potência/ Foto: Divulgação
Os participantes aprenderam no curso a identificar e calcular tensão elétrica, corrente, resistência e potência/ Foto: Divulgação

Mercado de trabalho – Atualmente, a diária de um eletricista profissional é calculada no mercado entre R$ 100,00 e R$ 150,00. Também podem ser cobrados R$ 25,00 por ponto trabalhado, como tomadas, lâmpadas e interruptores. Uma das vantagens para o profissional eletricista é que uma diária já custeia o valor investido nas três principais ferramentas que o profissional usa para executar os serviços de substituição de tomada e de luminária, disse o instrutor do curso, Izan Mendes.

“Durante o curso, procuramos entender esse contexto em que eles vivem para identificar as necessidades de como empregar a eletricidade nessa realidade. O intuito do curso é garantir a formação profissional deles para inseri-los no mercado de trabalho”, informou o instrutor. O eletricista pode trabalhar como contratado por uma empresa e também como autônomo.

Formação profissional – Um socioeducando de 16 anos, que cumpre medida de internação em Marabá há mais de cinco meses, contou que não teve oportunidade de fazer cursos quando estava em liberdade. Pai de uma menina de 10 meses, ele pretende dar continuidade ao seu caminho de formação profissional após a internação. “Além dos outros cursos que eu já fiz aqui, de mecânico de carro e de moto, esse curso de eletricista está sendo muito bom mesmo. Isso tá mudando a minha vida. Eu tô tendo uma base do que vou fazer lá fora, através da socioeducação que tô passando aqui dentro da Fasepa”, disse o adolescente.

Concluintes do Curso de Eletricista em Marabá/ Foto: Franklin Salvados/ Ascom Fasepa
Concluintes do Curso de Eletricista em Marabá/ Foto: Franklin Salvados/ Ascom Fasepa

Durante a triagem para participar do curso, o socioeducando passa por uma entrevista com a equipe pedagógica da unidade, para levantamento de habilidades e conhecimentos. A partir daí, ele é inserido em um curso com que se identifica. “O acesso à profissionalização durante o período de cumprimento da internação cautelar ou definitiva marca a possibilidade de um novo projeto para a vida dos adolescentes e jovens. Para a maioria, é o seu primeiro acesso à profissionalização. Tornando possível novas perspectivas e possibilidades, distante da prática de atos infracionais”, ressaltou Luciléia Cavalcante, gestora do Centro de Internação do Adolescente Masculino (Ciam) Marabá.

Ela explicou que, por meio dos cursos, há também avanços no processo de socialização e partilha entre os participantes, construção de novos planos, redução dos conflitos, participação qualitativa nas qualificações e demais atividades da rotina pedagógica. “Além do amadurecimento na conduta e na relação com a família”, ressaltou. (Franklin Salvador/Ascom/Fasepa).