Correio de Carajás

Curionópolis: Presidente da Câmara, Nonato Maranhense toma posse como prefeito Municipal

O Município de Curionópolis já tem um novo gestor pelos próximos 177 dias. O até então presidente da Câmara Municipal, Raimundo Nonato Holanda, o Nonato Maranhense, primeiro na linha de sucessão, foi empossado na manhã desta quarta-feira (18), como prefeito interino. No seu lugar, à frente do Poder Legislativo, fica o primeiro secretário da Casa, o vereador Paulo Higino (PSDB). A providência foi necessária depois que o Tribunal de Justiça do Estado (TJPA) determinou, na última segunda-feira, o afastamento do prefeito Adonei Aguiar.

O município não tem vice-prefeito, uma vez que a pessoa eleita para a função, a empresária Quelia Regina Pereira Rosa (SD) renunciou ainda no primeiro ano da gestão, em 26 de julho de 2017, por carta enviada à Câmara, na qual não esclarecia os motivos. Sua atitude foi logo após o retorno de Adonei ao poder, depois de afastamento por ordem judicial.

Novo gestor pelos próximos meses, Raimundo Nonato Holanda Silva (MDB), tem 43 anos e vinha comandando a Câmara Municipal. Caberá a ele garantir que os serviços públicos continuem, sem nenhum prejuízo à ordem e aos interesses dos cidadãos do município. 

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ENTENDA A CRISE

Na última segunda-feira (16), reunida em Belém, a Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Pará (TJPA), composta de 11 desembargadores, afastou, por unanimidade, o prefeito de Curionópolis, Adonei Souza Aguiar, por fraude em licitação, corrupção e desvio de dinheiro público. A denúncia se originou da Operação Alçapão, promovida pelo Ministério Público do Pará (MPPA) em 30 de junho de 2017, onde apreendeu vários processos licitatórios e foram constatadas montagens dos mesmos e pagamento de dinheiro com a própria chave eletrônica do prefeito.

A empresa foco da operação, narrou a relatora, desembargadora Vania Fortes Bitar, sequer tinha contrato com a Prefeitura de Curionópolis e o serviço em questão, por consequência, nunca foi efetivamente prestado. A magistrada acatou a denúncia do Ministério Público e, em seu voto na manhã desta segunda-feira, 16 de março, pediu o afastamento de Adonei do cargo de prefeito por 180 dias, bloqueio de bens do mesmo até o limite de 272 mil, mas indeferiu o pedido de prisão.

Em suas manifestações, todos os 11 componentes da turma votaram com a relatora, pelo afastamento do prefeito, entre eles os desembargadores Raimundo Holanda, Milton Nobre, Ronaldo Vale e Rosi Maria Gomes de Farias.

HISTÓRICO

Em 30 de junho de 2017, com apenas seis meses do governo de Adonei Aguiar, a equipe do Núcleo de Combate à Improbidade Administrativa e Corrupção (NCIAC) do Ministério Público do Pará promoveu uma mega-operação nas primeiras horas da manhã na Prefeitura de Curionópolis e na residência do prefeito, com ordem judicial. Era a Operação Alçapão, deflagrada para pôr fim a delitos que já vinham sendo investigados.

O prefeito era acusado de liderar uma quadrilha de fraude em licitação e desvio de verba pública, que teria causado um rombo aos cofres públicos de cerca de R$ 5 milhões. O gestor, que está em seu primeiro mandato, foi afastado em duas instâncias, pela juíza da Comarca de Curionópolis, Priscila Mousinho, e pelo Tribunal de Justiça do Estado do Pará (TJPA). O pedido foi feito pelo Ministério Público, com relatoria do desembargador Ronaldo Vale.

Com afastamento temporário, quem assumiu o cargo foi a então vice-prefeita, Quelia Rosa.

Durante a operação, foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão. Três deles em Curionópolis: na prefeitura, em uma farmácia e na residência do prefeito Adonei. Neste último imóvel, foram apreendidos, além de documentos, diversos cheques moradias, que chamaram atenção dos promotores.

O outro mandado de prisão foi cumprido em Parauapebas, na casa da presidente da Comissão de Licitações. Segundo o procurador do MPPA, Nelson Medrado, que coordenou a operação, contra o prefeito foi instaurado um inquérito civil e uma investigação criminal conduzida em primeiro grau pelo promotor Josiel Gomes da Silva, da Comarca de Curionópolis, e em segundo grau pelo Tribunal de Justiça e a Procuradoria do Ministério Público.

Por isso, foi dado cumprimento simultâneo de mandados de busca e apreensão pela Comarca de Curionópolis e Tribunal de Justiça. Assim que a notícia da operação se espalhou, diversas pessoas se concentraram em frente à casa do prefeito e da prefeitura.

Adonei acabou voltando ao comando do município apenas em 18 de julho de 2017, mas o Ministério Público continuou a investigação que agora produz o resultado de novo afastamento, determinado pelo Tribunal de Justiça. (Da Redação)