Correio de Carajás

Crianças somem de escola na Folha 6 e vão parar na beira do rio

Mãe de uma das crianças pede mais atenção e segurança nas instituições de ensino; Gestora do Nei Marluse Ferreira pede desculpas aos pais e à comunidade

Devido ao ocorrido, a escola não funcionou na tarde desta segunda-feira, 19/ Foto: Evangelista Rocha

Na manhã de ontem, segunda-feira, 19, um caso atípico mexeu com a Folha 6 e adjacências. Três crianças desapareceram do Núcleo de Ensino Infantil professora Marluse Ferreira da Silva, localizado na Folha 6. O incidente gerou preocupação entre os pais e responsáveis e repercutiu por meio de vídeos compartilhados pelas redes sociais.

Sâmea Barros Gomes, mãe de uma das crianças, enfrentou um dos momentos mais angustiantes de sua vida ao receber a notícia de que sua filha, de apenas três anos, estava desaparecida depois de deixá-la na escola. A menina, com outras duas crianças, foi encontrada pouco depois nas proximidades do Rio Tocantins, conforme o relato da mãe, por Luiz Fernando Souza, que estava no local.

Sâmea Barros, mãe de uma das meninas, pede novas medidas de segurança nas escolas do município/ Créditos, fotos: Diego Costa (TV Correio/SBT)

Em entrevista a este Correio, Sâmea Barros, ainda abalada, relatou o que passou: “Recebi muitas críticas, eu como mãe, fiz minha parte, eu fiquei desesperada porque eu sou mãe”, argumentou Sâmea.

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Apesar de morar perto do rio, a mãe diz que nunca levou a filha até lá. A maior dúvida, até então, é entender como as crianças foram parar às margens do Tocantins, por ser um lugar distante de onde estavam.

Ela destacou também a preocupação com a segurança nas escolas, pedindo maior atenção por parte das autoridades. “É isso que eu quero, que resolva, que tenha mais segurança, não é só para a minha filha, é para todas as crianças”, clama.

Sâmea registrou um boletim de ocorrência na Delegacia Especializada de Atendimento à Criança e ao Adolescente (Deaca) e aguarda providências. Ela faz um apelo para que mais medidas sejam tomadas para garantir a segurança das crianças nas instituições de ensino. “Quem tá em jogo são as nossas crianças, precisamos de segurança para todas as crianças, em todas as escolas do município”, completa.

O caso gerou revolta entre os pais que se encontravam na escola. Em vídeos que circularam pelas redes sociais, foi possível ver o momento em que outra mãe chora e inconformada relata o ocorrido.

VERSÃO DA DIREÇÃO

Já na versão de Clélia Barbosa Lima, gestora da escola há 17 anos, ocorreu algo que considera grave e inesperado, ressaltando que nunca havia enfrentado situação semelhante durante anos de trabalho.

Clélia Barbosa: “Foi terrível para nós. Estamos em estado de choque, e queremos pedir desculpas para a comunidade”/ Foto: Evangelista Rocha

Segundo a diretora, todas as crianças estavam no recreio, supervisionadas por nove pessoas, incluindo estagiários e professores, em torno das 9h15. No entanto, em um momento de descuido, as crianças conseguiram sair pelo portão lateral, que estava fechado, mas não devidamente trancado. “Estávamos na secretaria atendendo uma mãe e uma professora quando isso aconteceu. O portão estava fechado, mas o ferrolho não foi colocado corretamente, o que permitiu que as crianças saíssem”, explica Clélia.

O portão apontado pela diretora, onde as crianças poderiam ter saído, é usado como garagem onde professores e demais funcionários guardam os veículos. Sâmea também falou do mesmo portão. “Fica um entra e sai como eu vejo, é preciso trancar esses portões e entregar os filhos nas mãos dos pais”, disse a mãe.

Perguntada sobre não a reclamação de falta de um agente no portão, a diretora assegurou não haver falta de porteiros. “A moça que fica no portão trabalhou até as 9 horas, e saiu para uma consulta. Eu não vi necessidade de colocar outra pessoa, pois sempre trabalhamos juntos. O portão principal fica fechado, e quem está na secretaria consegue atender”, argumenta.

Segundo Clélia, após perceberem a ausência das crianças no final do recreio, todos os funcionários da escola se mobilizaram para encontrá-las. “Procuramos em todos os lugares da escola e, ao perceber que elas não estavam nas dependências, fomos para a rua”, disse a diretora.

Após isso, ela afirma ter acionado a polícia, e logo em seguida os pais. “Nós fomos procurar e pedimos ajuda à comunidade”. Segundo ela, os próprios funcionários encontraram as meninas.

Sobre o ocorrido, Clélia diz que possivelmente uma das crianças conhecia algum caminho, o que as teria levado para a beira do Rio Tocantins. Informação que, segundo a mãe, não procede, pois a menina nunca havia sido levada até lá.

ALERTA PARA AS INSTITUIÇÕES

O caso deixou todos os professores em alerta. A direção diz ter agido de maneira com que os pais não ficassem aterrorizados, no momento. “Foi terrível para nós. Estamos em estado de choque, e queremos pedir desculpas para a comunidade. Todos nós falhamos”, reconhece.

Luiz Fernando foi quem encontrou as meninas, no momento em que armava uma rede para pescar/ Créditos, fotos: Diego Costa (TV Correio/SBT)

Apesar da versão da diretora em que ela diz que os próprios funcionários teriam encontrado as crianças, Sâmea contesta. Em entrevista ao Correio de Carajás, Luiz Fernando Sousa falou sobre o momento em que encontrou as menores. “Estava indo pescar, e quando cheguei procurar um lugar para assar um peixe e deixar a rede, foi quando as vi”, disse Luiz.

No momento, ele pensou haver algum responsável pelas meninas por perto. Ao passar por elas novamente, ele teria chamado e perguntando com quem elas estariam, ocasião em que uma delas respondeu que saíram da escola.

O abraço de agradecimento de Sâmea expressa a gratidão por encontrar as meninas/ Créditos, fotos: Diego Costa (TV Correio/SBT)

No mesmo instante, Luiz diz ter feito um vídeo e mandado para um amigo que notou o uniforme das meninas. “Chamei e perguntei o nome delas, também perguntei se sabiam onde moravam. Então, peguei a moto e estava indo levá-las na escola, foi quando encontrei uma mãe que já vinha com a polícia”, relembra.

A polícia foi acionada e ouviu os pais, assim como a gestora da escola infantil. (Milla Andrade e Chagas Filho)

Matéria atualizada às 11h45, para inserir a versão de uma das mães das crianças que desapareceram.