Na manhã de ontem, segunda-feira, 19, um caso atípico mexeu com a Folha 6 e adjacências. Três crianças desapareceram do Núcleo de Ensino Infantil professora Marluse Ferreira da Silva, localizado na Folha 6. O incidente gerou preocupação entre os pais e responsáveis e repercutiu por meio de vídeos compartilhados pelas redes sociais.
Sâmea Barros Gomes, mãe de uma das crianças, enfrentou um dos momentos mais angustiantes de sua vida ao receber a notícia de que sua filha, de apenas três anos, estava desaparecida depois de deixá-la na escola. A menina, com outras duas crianças, foi encontrada pouco depois nas proximidades do Rio Tocantins, conforme o relato da mãe, por Luiz Fernando Souza, que estava no local.
Em entrevista a este Correio, Sâmea Barros, ainda abalada, relatou o que passou: “Recebi muitas críticas, eu como mãe, fiz minha parte, eu fiquei desesperada porque eu sou mãe”, argumentou Sâmea.
Leia mais:Apesar de morar perto do rio, a mãe diz que nunca levou a filha até lá. A maior dúvida, até então, é entender como as crianças foram parar às margens do Tocantins, por ser um lugar distante de onde estavam.
Ela destacou também a preocupação com a segurança nas escolas, pedindo maior atenção por parte das autoridades. “É isso que eu quero, que resolva, que tenha mais segurança, não é só para a minha filha, é para todas as crianças”, clama.
Sâmea registrou um boletim de ocorrência na Delegacia Especializada de Atendimento à Criança e ao Adolescente (Deaca) e aguarda providências. Ela faz um apelo para que mais medidas sejam tomadas para garantir a segurança das crianças nas instituições de ensino. “Quem tá em jogo são as nossas crianças, precisamos de segurança para todas as crianças, em todas as escolas do município”, completa.
O caso gerou revolta entre os pais que se encontravam na escola. Em vídeos que circularam pelas redes sociais, foi possível ver o momento em que outra mãe chora e inconformada relata o ocorrido.
VERSÃO DA DIREÇÃO
Já na versão de Clélia Barbosa Lima, gestora da escola há 17 anos, ocorreu algo que considera grave e inesperado, ressaltando que nunca havia enfrentado situação semelhante durante anos de trabalho.
Segundo a diretora, todas as crianças estavam no recreio, supervisionadas por nove pessoas, incluindo estagiários e professores, em torno das 9h15. No entanto, em um momento de descuido, as crianças conseguiram sair pelo portão lateral, que estava fechado, mas não devidamente trancado. “Estávamos na secretaria atendendo uma mãe e uma professora quando isso aconteceu. O portão estava fechado, mas o ferrolho não foi colocado corretamente, o que permitiu que as crianças saíssem”, explica Clélia.
O portão apontado pela diretora, onde as crianças poderiam ter saído, é usado como garagem onde professores e demais funcionários guardam os veículos. Sâmea também falou do mesmo portão. “Fica um entra e sai como eu vejo, é preciso trancar esses portões e entregar os filhos nas mãos dos pais”, disse a mãe.
Perguntada sobre não a reclamação de falta de um agente no portão, a diretora assegurou não haver falta de porteiros. “A moça que fica no portão trabalhou até as 9 horas, e saiu para uma consulta. Eu não vi necessidade de colocar outra pessoa, pois sempre trabalhamos juntos. O portão principal fica fechado, e quem está na secretaria consegue atender”, argumenta.
Segundo Clélia, após perceberem a ausência das crianças no final do recreio, todos os funcionários da escola se mobilizaram para encontrá-las. “Procuramos em todos os lugares da escola e, ao perceber que elas não estavam nas dependências, fomos para a rua”, disse a diretora.
Após isso, ela afirma ter acionado a polícia, e logo em seguida os pais. “Nós fomos procurar e pedimos ajuda à comunidade”. Segundo ela, os próprios funcionários encontraram as meninas.
Sobre o ocorrido, Clélia diz que possivelmente uma das crianças conhecia algum caminho, o que as teria levado para a beira do Rio Tocantins. Informação que, segundo a mãe, não procede, pois a menina nunca havia sido levada até lá.
ALERTA PARA AS INSTITUIÇÕES
O caso deixou todos os professores em alerta. A direção diz ter agido de maneira com que os pais não ficassem aterrorizados, no momento. “Foi terrível para nós. Estamos em estado de choque, e queremos pedir desculpas para a comunidade. Todos nós falhamos”, reconhece.
Apesar da versão da diretora em que ela diz que os próprios funcionários teriam encontrado as crianças, Sâmea contesta. Em entrevista ao Correio de Carajás, Luiz Fernando Sousa falou sobre o momento em que encontrou as menores. “Estava indo pescar, e quando cheguei procurar um lugar para assar um peixe e deixar a rede, foi quando as vi”, disse Luiz.
No momento, ele pensou haver algum responsável pelas meninas por perto. Ao passar por elas novamente, ele teria chamado e perguntando com quem elas estariam, ocasião em que uma delas respondeu que saíram da escola.
No mesmo instante, Luiz diz ter feito um vídeo e mandado para um amigo que notou o uniforme das meninas. “Chamei e perguntei o nome delas, também perguntei se sabiam onde moravam. Então, peguei a moto e estava indo levá-las na escola, foi quando encontrei uma mãe que já vinha com a polícia”, relembra.
A polícia foi acionada e ouviu os pais, assim como a gestora da escola infantil. (Milla Andrade e Chagas Filho)
Matéria atualizada às 11h45, para inserir a versão de uma das mães das crianças que desapareceram.