Correio de Carajás

Crianças resgatadas na Colômbia tiveram que tirar bebê debaixo do corpo da mãe

Mãe das crianças resgatadas sobreviveu quatro dias após queda de avião na Colômbia. Bebê de menos de 1 ano estava embaixo dela

Twitter/Reprodução

As três crianças maiores resgatadas na última sexta-feira (9/6) na selva amazônica da Colômbia, após serem vítimas da queda de um avião e ficarem 40 dias perdidas, tiveram que mover o corpo da mãe para salvar o irmão mais novo. Assim, o pequeno Cristin Neriman Ranoque Mucutuy, que completou seu primeiro ano de vida na selva, foi levado pelos irmãos e sobreviveu.

“A criança indígena mais velha conseguiu ver o movimento dos pés da bebê e a tirou. Estava entre o corpo da mãe e o do piloto. E (os irmãos_ deixaram a aeronave”, contou Sergio París Mendoza, diretor da Autoridade Aeronáutica Civil da Colômbia, ao Fantástico, da TV Globo. A mais velha do grupo era Lesly Jacobo Bonbaire, de 13 anos. Depois disso, Lesly deixou o local do acidente com o bebê Cristin, além de Soleiny Jacobombaire Mucutuy, de 9 anos, e Tien Noriel Ronoque Mucutuy, de 4.

Crianças usaram kit de sobrevivência para se alimentar Forças Militares da Colômbia/Twitter

De acordo com as autoridades do país, o avião estava a 50 metros do solo quando bateu nas árvores e caiu, no dia 1º de maio. Os destroços da aeronave foram localizados 15 dias depois, com os corpos de três adultos — além da mãe das crianças, morreram o líder Uitoto da Organização Nacional dos Povos da Amazônia Colombiana, Herman Mendoza Hernández, e o piloto Hernán Murcia. As crianças não estavam no local.

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“Infelizmente, a cadeira onde a mãe estava se desprendeu com o impacto e caiu contra o corpo do piloto. A cadeira onde estava a filha maior e os menores atrás está absolutamente intacta, não se desprendeu”, continuou Sergio, na entrevista para o programa dominical.

Viva por 4 dias
O pai das crianças, Manuel Miller Ranoque, também contou que a mãe dos meninos, Magdalena Mucutuy Valencia, permaneceu viva por quatro dias após o acidente de avião. A mulher teria dito à filha mais velha para seguir com os três irmãos, que eles tinham ao pai e que sabiam do amor que ele tem por eles.

Mais de 100 soldados e indígenas da região, apoiados por cães farejadores, seguiram o rastro das crianças, enquanto elas caminhavam pela selva. “A única coisa que ela (Lesly) esclareceu é que sua mãe ficou viva por quatro dias. Então, antes de morrer, talvez a mãe tenha dito a eles: ‘Vão embora que vocês vão encontrar o pai de vocês’”, disse Manuel Ranoque.

Resgate
Um vídeo divulgado pelo Ministério da Defesa da Colômbia no sábado (10/5) mostra o momento em que os quatro irmãos foram resgatados. Veja:

O avião com os quatro irmãos caiu na Floresta Amazônica colombiana em 1º de maio, depois de dar sinais de problemas mecânicos. O piloto da aeronave chegou a reportar contratempos no voo, mas desapareceu dos radares logo em seguida.

Desde o início das operações, mais de 60 membros das Forças Armadas foram mobilizados para atuar nas buscas. O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, chegou a divulgar precipitadamente que as crianças haviam sido encontradas depois de uma comunicação instável por satélite com comunidades locais, mas a informação foi retificada pelas equipes de busca.

Militares e indígenas participaram da Operação Esperança, montada para buscar as crianças. Elas foram resgatadas na última sexta-feira (9/6), muito fracas e cheias de picadas de mosquitos. De helicóptero, seguiram para San José del Guaviare, o município mais próximo do local onde foram encontradas. Depois, chegaram ao Hospital Militar Central de Bogotá.

À base de frutas e de kits jogados por helicópteros de resgate durante o período, as crianças disseram que sobreviveram graças, em grande parte, à força de vontade de Lesly.

(Fonte: Metrópoles)