Correio de Carajás

Creche de menino que morreu em van escolar pediu cuidado a motoristas

João Alisson tinha 3 anos e era aluno do Centro de Educação Infantil (CEI) Mooca. Motorista de 52 anos disse à polícia que achou que tinha deixado a criança na creche. Justiça concedeu liberdade provisória a ela nesta terça (19) e suspendeu direito de dirigir.

Mensagem mostra alerta de direção a motoristas de van — Foto: Reprodução/TV Globo

A direção do Centro de Educação Infantil (CEI) onde estudava João Alisson, de três anos e que morreu depois de ser esquecido dentro de uma van escolar, na Zona Leste de São Paulo, afirmou à TV Globo que enviou mensagens há cerca de um mês pedindo atenção aos motoristas que atendem os alunos da unidade.

No alerta enviado, foi pedido que os condutores verificassem se todas as crianças desceram dos veículos escolares.

“Tem sempre que ser verificado se há alguém responsável por ver se ficou no transporte. A capacitação dos condutores e auxiliares que ajudam deve ser muito rigorosa”, diz a mensagem.

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Nesta terça-feira (19), a Justiça concedeu liberdade provisória à motorista que esqueceu a criança da van. Ela deverá comparecer em juízo todo mês, manter o endereço atualizado, não poderá sair da cidade por mais de oito dias sem prévia comunicação e terá de pagar fiança de dois salários-mínimos. A mulher também teve o direito de dirigir suspenso.

João Alisson era aluno do CEI do bairro Mooca. A instituição é particular, mas tem convênio com a prefeitura. A van onde estava o menino deixou as crianças às 7h45 e estacionou ao lado de um poste. João ficou dentro do veículo no sol até o fim da tarde.

Segundo a diretora da escola, Maria do Carmo Pereira, a responsável pelo transporte escolar só percebeu o erro na hora da saída dos alunos.

“Perguntou para professora: ‘Cadê o João?’. Aí a professora respondeu: ‘o João não veio hoje’. Ela disse: ‘Como que não veio, eu trouxe ele’. A professora, então, falou: ‘não, você não trouxe. O João não veio para escola hoje’. Ela foi lá e encontrou a criança morta dentro da perua”, afirmou Maria do Carmo.

Menino de 3 anos é achado morto dentro de van escolar na Zona Leste de SP — Foto: Reprodução/TV Globo
Menino de 3 anos é achado morto dentro de van escolar na Zona Leste de SP — Foto: Reprodução/TV Globo

O presidente da União Geral do Transporte Escolar de São Paulo disse que está em contato com a prefeitura para realizar, antes do próximo ano letivo, um evento para reforçar práticas que deveriam ser regra no dia a dia da profissão.

“Quando você vai na sua van para fechar os vidros, automaticamente você olha o salão. Quando você vai na van fazer higiene, limpar, automaticamente você verifica se ficou algum pertence. Então, tem que ser algo rotineiro. Fechar os vidros, fazer higiene do veículo porque aí você evita o esquecimento de qualquer criança”, diz Anderson Malafaia.

“O transportador escolar não pode entrar no automático porque está encerrando o ano letivo. Nós temos que sempre entender que estamos levando um filho de alguém, um neto de alguém, um irmão de alguém”.

Segundo a Prefeitura, a van escolar faz trabalho privado, não está vinculada ao serviço de Transporte Escolar Gratuito (TEG), e vai instaurar procedimento administrativo para investigar a conduta dos responsáveis pela van.

Investigação

 

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) disse que a responsável pela van, de 52 anos, foi presa em flagrante por homicídio culposo, na tarde desta segunda-feira (18), na rua Barra do Turvo, na Mooca.

Policiais militares foram acionados para atender a ocorrência de encontro de cadáver. No local informado, viram o corpo de um menino, de três anos, já sem vida, dentro da van.

A motorista disse que deixou as crianças na escola, estacionou o veículo no quarteirão e foi realizar outras atividades.

“No momento em que ela foi buscar as crianças na escola, notou que o menino não estava lá. Ela foi até a van e localizou o corpo do menino. Prontamente, a mulher acionou a PM”, diz o texto.

O local foi preservado para a perícia e a mulher foi levada à delegacia, onde foi presa em flagrante e encaminhada à carceragem do 6° DP (Cambuci), permanecendo à disposição da Justiça.

O que diz a Prefeitura

 

“A Prefeitura de São Paulo está consternada e lamenta profundamente o ocorrido. A Diretoria Regional de Educação (DRE) acompanha o caso e o Núcleo de Apoio e Acompanhamento para a Aprendizagem (NAAPA), composto por psicólogos e psicopedagogos, foi acionado para atender a família.

De acordo com o Departamento de Transportes Públicos (DTP), a van escolar em questão realiza transporte privado, e não está vinculada ao serviço de Transporte Escolar Gratuito (TEG). O DTP irá instaurar processo administrativo para cassação do cadastro municipal de condutores escolares (CRMC) das motoristas vinculadas ao veículo, quanto da licença da van escolar, e irá acompanhar a apuração da polícia.

Cabe destacar que a contratação da van escolar privada ocorre entre o condutor e o responsável pela criança, não havendo intermediação da Prefeitura. O veículo, com fabricação em 2015, está cadastrado no sistema para o transporte escolar privado, e em situação regular. O veículo escolar passou por vistoria em março de 2023 e foi aprovado. A licença para o transporte escolar é válida até 08 de fevereiro de 2024. A documentação da motorista é regular.

A DRE está à disposição das autoridades competentes para auxiliar na investigação e a pasta permanece disponível para prestar todo o apoio necessário aos familiares.

Outro caso

 

Esse é o segundo caso em pouco mais de um mês de uma criança encontrada morta em van escolar.

Em 14 de novembro, um menino dois anos foi esquecida na van escolar, na Vila Maria, Zona Norte de São Paulo, na manhã desta terça-feira (14).

O motorista encontrou a criança à tarde, no veículo, e o levou ao Hospital Municipal Vereador José Storopolli, no Parque Novo Mundo, sem vida.

Naquele dia, a tarde foi de forte calor, com termômetros em média dos 37,3°C, e os menores valores de umidade relativa do ar próximos aos 21%. A Defesa Civil tinha decretado estado de alerta na capital.

(Fonte:G1)