Um acesso coletivo de fúria. É o que foi visto no final da tarde de 23 de abril na Vila Murumuru, em Marabá, depois que a comunidade percebeu o trabalho de abertura de dezenas de covas no cemitério público ali localizado. A empreita era da Prefeitura Municipal, como parte das ações preventivas neste momento de pandemia de covid-19, diante do colapso de espaços disponíveis no Cemitério da Saudade, na Folha 29, da Nova Marabá.
A ideia não foi bem recebida pela comunidade, que acredita estar sendo destino para uma situação que a o centro urbano quer tirar do seu colo. Para eles, o depósito de tantos corpos quanto os previstos, levando em conta o número de covas, leva junto o risco de exposição à doença.
O fato é que dezenas de moradores da vila se juntaram, foram até o cemitério e impediram o prosseguimento dos trabalhos, quando o maquinário estava ainda na terceira cova. Os servidores da Prefeitura não conseguiram continuar a empreita e desistiram. Mais tarde, já no início da noite, os mesmos populares, usando pás e até instrumentos improvisados, começaram a fechar as covas sozinhos. Os vídeos do trabalho viralizaram nas redes sociais.
Leia mais:O CORREIO levantou que a empreita era a abertura coletiva de 50 covas no local, por ser o espaço público que mais tem disponibilidade de áreas. Na visão da Prefeitura, a reação furiosa dos moradores foi muito mais motivada por um áudio repassado entre eles, afirmando que a providência era para receber dezenas de corpos de pessoas mortas pelo novo coronavírus em Belém.
Segundo a Ascom da PMM, tal informação é falsa e apenas tumultua a situação. Reafirmou que as covas são para se antecipar à premente maior necessidade de enterros nos próximos dias na cidade, mas de pessoas que venham a falecer aqui mesmo no Município.
A obra só deverá ser retomada na segunda-feira, depois que uma equipe de vários profissionais da Prefeitura for enviada até Murumuru para uma reunião com as lideranças da comunidade, explicando detalhadamente o que está sendo feito e defendendo que isso não aumenta os riscos de contaminação naquela região. (Da Redação)
PREFEITURA SE POSICIONA
Após a repercussão, a Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Marabá se manifestou através de uma nota oficial. Confira na íntegra:
“Devido a repercussão nas redes sociais sobre a abertura de covas e limpeza de terrenos na área interna do Cemitério do Murumuru, a Prefeitura vem a público esclarecer:
1 – A autorização partiu da Secretaria de Saneamento Ambiental de Marabá (SSAM) para limpeza e abertura de 8 covas no cemitério da daquela localidade, para futuros óbitos que venham acontecer normalmente, independente da causa da morte em si, considerando que o momento é de excepcionalidade, onde o número de óbitos no período superará a normalidade e o município precisa estar preparado para cuidar daqueles que vierem a falecer.
2 – Esta é uma situação de rotina e em momento algum foi cogitado o enterro de óbitos por covid-19 exclusivamente;
3 – Houve um agravante na história: ao mesmo tempo em que a limpeza e a escavação ocorria, um áudio anônimo dizia que as supostas covas (que segundo este áudio seriam 50) iriam ser utilizados para óbitos ocorridos na cidade de Belém, que é uma informação falsa e alarmista e provocou a reação daquela localidade;
A Prefeitura informa que não há a intenção de provocar qualquer tipo de transtorno e acredita que o fato, agora já oficialmente esclarecido, seja de entendimento de todos”