Correio de Carajás

Corregedoria da PM vai investigar cabo por conduta violenta em São Domingos

O corregedor da Polícia Militar em Marabá, coronel Morais, confirmou, com exclusividade ao grupo CORREIO, ficou de enviar uma guarnição até a cidade de São Domingos do Araguaia, para identificar e ouvir as pessoas que denunciaram, por meio de vídeo, uma agressão cometida pelo cabo da PM, Wilderlan Rodrigues dos Santos Morais, contra um casal.

Segundo o coronel Morais, a ideia é que as vítimas compareçam à sede da Corregedoria da PM, em Marabá, para confeccionar um Boletim de Ocorrência, a partir do qual será iniciado um processo apuratório, identificando o policial militar e responsabilizando, se for o caso.

Nas imagens que viralizaram em grupos WhatsApp e outras redes sociais, o PM aparece aparentemente embriagado, armado de uma pistola apontando para um homem, enquanto a mulher do homem filma. Em dado momento da filmagem o rapaz mostra a boca cortada devido a um murro que levou do policial. Noutra parte da filmagem, o PM é filmado dando um chute na mulher que filma tudo, identificada como Rejane Pereira da Silva.

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Não é possível perceber com clareza qual o motivo de o policial ter ido à residência do casal; se existe alguma acusação. Um jovem que aparece nas filmagens é identificado por Rejane como irmão do policial; este jovem diz que eles querem prender o marido de Rejane, mas não fica claro sob qual acusação.

O corregedor coronel Morais disse que, inicialmente, pelo vídeo, é possível perceber indícios que pesam contra o PM. “Pelas imagens ele está de posse de uma arma de fogo, que possivelmente é da corporação, a gente vai instaurar um Inquérito Policial Militar e, conforme for, posteriormente um processo administrativo, se houver realmente indícios de transgressão da disciplina e crime por parte do policial militar”, relata o corregedor.

Coronel Morais, corregedor da PM, explica qual procedimento adotado para o caso/ Foto: Diego Costa/TV Correio

Inquérito

Por telefone, o delegado Luiz Otávio Barros, titular da Delegacia de Polícia São Domingos, confirmou que já existe um inquérito policial instaurado e que a Civil está ouvindo todos os envolvidos. Confirmou também que o policial militar está sendo acusado de alguns crimes, mas disse que não divulgaria mais detalhes sobre o caso.

Por outro lado, a reportagem apurou com outra fonte, não oficial, que o cabo Wilderlan Rodrigues dos Santos Morais poderá responder por abuso de autoridade, ameaça, lesão corporal, corrupção de menor e violação de domicílio.

Entenda o caso

Um pouco antes das 7h da manhã, a PM de São Domingos foi informada, via funcional, por pessoa do povo de que estava acontecendo uma briga em via pública entre dois homens, na Avenida Duque de Caxias, em frente a um depósito de gás, no Bairro Vila Braga.

Ao chegar no local, a guarnição se deparou com os dois homens trocando empurrões, que ao separar os dois e feito a busca pessoal em ambos foram identificados sendo o PM Wilderlan e o senhor Jucelino Pires de Oliveira, ambos com sinais de embriaguez e manchados de sangue.

Jucelino alegou ter sido agredido pelo policial, causando-lhe um corte na cabeça, feito pela arma do policial militar, enquanto o cabo Wilderlan afirmou que Jucelino sacou e empunhou uma arma de fogo tipo pistola e afirmou ter agido para tentar desarmá-lo, e que nesse momento houve luta corporal entre os dois, de modo que seu oponente se desfez da arma jogando no canteiro da rua.

Jucelino mostra corte na boca provocado pelo PM, mas admitiu que portava uma arma

O policial afirma ter encontrado no bolso de Jucelino um carregador compatível com pistola 635 sem munições que foi apresentado na Polícia Civil, e como tinha muitas pessoas no local não foi possível encontrar a arma, uma vez que a briga começou na Praça Ana Júlia Carepa e terminou em frente à casa de Jucelino, com a chegada da guarnição.

Para os policiais, Jucelino afirmou que realmente portava uma pistola calibre 635 e que na hora da briga jogou fora, e que essa arma é de fabricação caseira que ele mesmo fez, uma vez que ele tem a profissão de torneiro mecânico, sendo feito varreduras no local que Jucelino indicou ter jogado a arma, mas sem êxito na busca da arma.

Em frente à casa de Jucelino houve outra luta corporal entre os dois, foi quando a pistola do cabo caiu no chão e a esposa do Jucelino, Rejane Pereira da Silva, pegou a arma do policial e escondeu dentro de sua residência com medo de acontecer algo pior.

Rejane mostrou onde estava a arma do policial, pois ela tinha jogado debaixo da sua cama. Não foi informado para a guarnição se houve algum disparo de arma de fogo. Ambos foram conduzidos até a delegacia de Polícia Civil e Jucelino foi enquadrado por porte ilegal de arma de fogo de uso permitido. (Chagas Filho)