O corregedor da Polícia Militar em Marabá, coronel Morais, confirmou, com exclusividade ao grupo CORREIO, ficou de enviar uma guarnição até a cidade de São Domingos do Araguaia, para identificar e ouvir as pessoas que denunciaram, por meio de vídeo, uma agressão cometida pelo cabo da PM, Wilderlan Rodrigues dos Santos Morais, contra um casal.
Segundo o coronel Morais, a ideia é que as vítimas compareçam à sede da Corregedoria da PM, em Marabá, para confeccionar um Boletim de Ocorrência, a partir do qual será iniciado um processo apuratório, identificando o policial militar e responsabilizando, se for o caso.
Nas imagens que viralizaram em grupos WhatsApp e outras redes sociais, o PM aparece aparentemente embriagado, armado de uma pistola apontando para um homem, enquanto a mulher do homem filma. Em dado momento da filmagem o rapaz mostra a boca cortada devido a um murro que levou do policial. Noutra parte da filmagem, o PM é filmado dando um chute na mulher que filma tudo, identificada como Rejane Pereira da Silva.
Leia mais:Não é possível perceber com clareza qual o motivo de o policial ter ido à residência do casal; se existe alguma acusação. Um jovem que aparece nas filmagens é identificado por Rejane como irmão do policial; este jovem diz que eles querem prender o marido de Rejane, mas não fica claro sob qual acusação.
O corregedor coronel Morais disse que, inicialmente, pelo vídeo, é possível perceber indícios que pesam contra o PM. “Pelas imagens ele está de posse de uma arma de fogo, que possivelmente é da corporação, a gente vai instaurar um Inquérito Policial Militar e, conforme for, posteriormente um processo administrativo, se houver realmente indícios de transgressão da disciplina e crime por parte do policial militar”, relata o corregedor.
Inquérito
Por telefone, o delegado Luiz Otávio Barros, titular da Delegacia de Polícia São Domingos, confirmou que já existe um inquérito policial instaurado e que a Civil está ouvindo todos os envolvidos. Confirmou também que o policial militar está sendo acusado de alguns crimes, mas disse que não divulgaria mais detalhes sobre o caso.
Por outro lado, a reportagem apurou com outra fonte, não oficial, que o cabo Wilderlan Rodrigues dos Santos Morais poderá responder por abuso de autoridade, ameaça, lesão corporal, corrupção de menor e violação de domicílio.
Entenda o caso
Um pouco antes das 7h da manhã, a PM de São Domingos foi informada, via funcional, por pessoa do povo de que estava acontecendo uma briga em via pública entre dois homens, na Avenida Duque de Caxias, em frente a um depósito de gás, no Bairro Vila Braga.
Ao chegar no local, a guarnição se deparou com os dois homens trocando empurrões, que ao separar os dois e feito a busca pessoal em ambos foram identificados sendo o PM Wilderlan e o senhor Jucelino Pires de Oliveira, ambos com sinais de embriaguez e manchados de sangue.
Jucelino alegou ter sido agredido pelo policial, causando-lhe um corte na cabeça, feito pela arma do policial militar, enquanto o cabo Wilderlan afirmou que Jucelino sacou e empunhou uma arma de fogo tipo pistola e afirmou ter agido para tentar desarmá-lo, e que nesse momento houve luta corporal entre os dois, de modo que seu oponente se desfez da arma jogando no canteiro da rua.
O policial afirma ter encontrado no bolso de Jucelino um carregador compatível com pistola 635 sem munições que foi apresentado na Polícia Civil, e como tinha muitas pessoas no local não foi possível encontrar a arma, uma vez que a briga começou na Praça Ana Júlia Carepa e terminou em frente à casa de Jucelino, com a chegada da guarnição.
Para os policiais, Jucelino afirmou que realmente portava uma pistola calibre 635 e que na hora da briga jogou fora, e que essa arma é de fabricação caseira que ele mesmo fez, uma vez que ele tem a profissão de torneiro mecânico, sendo feito varreduras no local que Jucelino indicou ter jogado a arma, mas sem êxito na busca da arma.
Em frente à casa de Jucelino houve outra luta corporal entre os dois, foi quando a pistola do cabo caiu no chão e a esposa do Jucelino, Rejane Pereira da Silva, pegou a arma do policial e escondeu dentro de sua residência com medo de acontecer algo pior.
Rejane mostrou onde estava a arma do policial, pois ela tinha jogado debaixo da sua cama. Não foi informado para a guarnição se houve algum disparo de arma de fogo. Ambos foram conduzidos até a delegacia de Polícia Civil e Jucelino foi enquadrado por porte ilegal de arma de fogo de uso permitido. (Chagas Filho)