Ocorre na Primeira Igreja Batista, localizada na Avenida Antônio Maia, Nº 1325, na Marabá Pioneira, o velório de Dayse Dyana Lemos, de 35 anos, morta ontem, domingo (31), em Parauapebas. O sepultamento ocorre às 16 horas de hoje, segunda-feira (1º), no Cemitério da Saudade, na Folha 29, na Nova Marabá.
A Polícia Civil investiga se a mulher foi vítima de feminicídio. O companheiro dela, Diógenes dos Santos Samaritano, foi preso ainda ontem como suspeito de ter jogado a mulher do segundo andar da casa onde viviam, matando-a. O homem, que é agente de trânsito do Detran, foi autuado em flagrante e segue recolhido.
A Polícia Civil ouve hoje familiares de Dayse. A morte aconteceu na manhã de ontem (31) na Rua Canindé, bairro Parque dos Carajás. O agente de trânsito do Detran-PA, Diógenes dos Santos Samaritano, foi preso no início da tarde.
Leia mais:Posição do corpo e sumiço levantaram suspeitas
Em entrevista coletiva à imprensa, ainda ontem, o delegado Gabriel Henriques Alves Costa informou que a Polícia Civil começou a desconfiar que não se tratasse de suicídio ao checar as imagens do corpo da mulher caído e em decorrência do desaparecimento do companheiro e do filho do casal.
Ainda pela manhã, um dos advogados do homem entrou em contato com um investigador da Policia Civil informando que a mulher havia morrido. Uma equipe então ao endereço e o isolou. Do muro, foram retiradas fotografias compartilhadas com o delegado Gabriel Henrique, que estranhou a posição do cadáver.
“O corpo está muito próximo à parede onde está a janela e a pessoa que suicida se joga, cairia mais distante. A gente verifica onde o corpo foi encontrado que ela cairia mais distante. A altura também da janela para o chão é de 4 metros, ela poderia ter fraturas e hematomas, mas morrer é estranho nessa altura”, diz.
Conforme ele, a partir das fotografias foi constatado, a princípio, que suicídio estava duvidoso e a Polícia Civil solicitou a presença de uma equipe do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves, de Marabá, no local. “Constatamos que o marido tinha que dar esclarecimentos e ele tinha sumido. A partir da hora que ele sumiu constatamos que não era suicídio e a princípio deveria dar vários esclarecimentos”.
Polícia Civil sustenta que homem não se entregou espontaneamente
Para a Polícia Civil, Diógenes Samaritano não se entregou espontaneamente, como chegou a ser veiculado, apesar de estar acompanhado dos advogados no momento da prisão, realizada no escritório destes. “Começamos a realizar diligências para localizar o indivíduo, acionei a Polícia Militar e os investigadores que estavam de folga para fazermos diligencias pela cidade”.
Neste meio tempo as suspeitas aumentaram, vez que a equipe descobriu haver uma condenação dele recente por violência doméstica, ação em que a mulher morta aparecia como vítima, conforme já veiculado pelo Portal Correio. “Isso reforçou haver briga do casal e possivelmente o homicídio. Passei na frente do escritório dos advogados e verifiquei que eles estavam lá, no domingo, com a porta fechada. Parei meu carro particular e passei a fazer campana”, relata o delegado.
De acordo com ele, ao acompanhar a movimentação percebeu que o suspeito estava no local e, quando um dos advogados deixou o prédio, o delegado telefonou para ele informando que esperaria em campana o homem sair enquanto tentativa conseguir um mandado de busca e apreensão para entrar no local junto ao juiz que estivesse de plantão.
“O advogado retornou pedindo pra não algemar e nem colocar ele no bloco carcerário. Queria apresentar o rapaz no dia seguinte, mas eu disse que não sairia de lá. Ele retornou e o outro advogado me convidou para entrar no escritório. Entrei pensando que ele pudesse fugir pelos fundos e realizamos a prisão dele, levando ele no meu carro junto do advogado para a delegacia. Em momento algum o advogado apresentou ele espontaneamente”.
Outra preocupação era o desaparecimento do filho do casal. Ao ser preso, Diógenes informou que a criança estava com um parente dele e que estaria bem. A criança foi localizada apresentando vermelhidão no pescoço. Por isso foi encaminhada para a delegacia, ouvido por uma psicóloga e então encaminhado para realização de exame de corpo e delito.
Questionado sobre o que Diógenes teria dito após a prisão, o delegado afirmou que ele se manteve em silêncio, apenas balançando a cabeça.
OAB emite nota de pesar
Tanto a vítima, Dayse, quanto o suspeito, Diógenes, são bastante conhecidos em Marabá, de onde são naturais, quando em Parauapebas, onde viviam. A vítima é filha da advogada Wilma Lemos, que também atuou durante muitos anos como professora em Marabá. A Ordem dos Advogados do Brasil – Subseção Parauapebas emitiu nota de pesar na qual manifesta o mais profundo pesar pelo falecimento da filha da colega e sustenta a acusação de feminicídio.
“Dayse Dyana foi mais uma vítima de feminicídio, mais uma mulher que teve sua vida ceifada de forma brutal, repentina e injustificada. Todas as mulheres do mundo morrem um pouco neste cenário de violência que vem acontecendo contra as mulheres. A OAB Subseção Marabá reafirma seu compromisso na luta pelos direitos das mulheres e pelo fim da violência de gênero.
O presidente da OAB Subseção Marabá, Ismael Gaia, expressa a mais profunda solidariedade à nossa colega advogada Wilma Lemos, familiares e amigos. E pede à Deus que dê à Dayse Dyana Sousa e Silva o merecido repouso eterno em seu reino. Muito respeitosamente, prestamos as nossas condolências e deixamos os nossos mais sinceros pêsames”, diz o texto. (Luciana Marschall – com informações de Ronaldo Modesto)