Professora doutora Ana Cristina, do curso de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifessapa), que atua nas áreas de Epidemiologia e Estatística, participou de live na página do Sindicato dos Docentes da Unifesspa (SindUnifesspa), falando sobre o coronavírus no Pará e mais especificamente em Marabá.
Entre outras informações ela explicou que, por ser Marabá uma cidade polo no sudeste do Pará, até por causa da Rodovia Transamazônica que corta o perímetro urbano, é possível que haverá notícias piores daqui pra frente, caso medidas mais cautelosas não forem colocadas em prática.
O link com a entrevista completa está aqui:
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A entrevista foi dada ao professor Rigler Aragão, coordenador do SindUnifesspa. Durante o bate-papo de 40 minutos, a pesquisadora explica que o município – assim como outros – tem dificuldade de realizar testes para saber quantas pessoas exatamente estão doentes. Segundo ela, os números divulgados pelos boletins diários da prefeitura são referentes a pessoas que fizeram testes 15 dias antes.
Ela também se mostrou surpresa com o avanço da doença. Segundo Ana Cristina, desde o dia 18 de março, quando foi registrado o primeiro caso no Pará, ela começou a fazer um acompanhamento da doença.
O modelo estatístico que ela propôs previa que até 15 de abril o Pará estivesse com 360 casos confirmados, em 15 de abril, já havia quase 500 casos (487 para ser mais exato).
“A partir daí podemos observar que o aumento do número de casos no Pará foi muito acelerado, mais do que os modelos estatísticos estavam prevendo e infelizmente isso tende a continuar”, alerta.
“O que me preocupa é que as pessoas não estão sabendo interpretar os números”, continua a professora, explicando que muita gente simplesmente não respeita o isolamento social
A pesquisadora chamou atenção para outro dado interessante: “Esta é uma doença para nos lembrar que o que está matando no Brasil são as pessoas que vivem em vulnerabilidade e desigualdade social, porque metabolicamente falando a gente não espera que uma criança ou adolescente morram de uma infecção respiratória desse nível”.
Com isso, ela explica que a formação imunológica das pessoas mais carentes não é boa. Em Marabá, por exemplo, 98% da cidade tem fossa e a maioria é fossa rudimentar. Ela questiona como as pessoas vão manter hábitos de higiene, se nem mesmo têm acesso a rede de esgoto. “É esse tipo de vulnerabilidade que está matando e vai matar mais ainda”. (Chagas Filho)