A quarta noite na arena do 37º Festejo Junino de Marabá, realizado no Largo da Santa Rosa na terça-feira (25), brilhou com a alegria e animação dos grupos juninos, mas deixou a desejar no horário. Nem mesmo o encanto do Boi Senador e da junina Fogo no Rabo Mirim, foi suficiente para conter o descontentamento do público.
Haja fôlego para acompanhar a programação que começou às 21 horas de terça-feira e encerrou às 3 da madrugada de quarta-feira, 26.
No entanto, a população fez bonito e encheu as arquibancadas, celebrando uma noite cultural repleta de cores vibrantes, com coreografias que contaram as histórias que refletem sobre o contexto social da comunidade marabaense.
Como é de praxe, a abertura da noite ficou por conta das juninas mirins. A Águia de Fogo foi a primeira da noite, seguida pela Fogo no Rabo. A fofura dos “mini queridos” invadiu a arena e arrancou sorrisos de quem acompanhou.
Leia mais:Em especial a apresentação das crianças da Fogo no Rabo, levou encantamento para o público com a temática do seriado “Chaves: o menor abandonado”. A sincronia dos pequenos dançarinos e as cores chamativas das vestimentas capturaram a atenção dos espectadores, trazendo à tona memórias nostálgicas da infância.
“O tema faz alusão ao que acontece não só no Brasil, mas no mundo, por isso achamos válido trazer no formato do seriado”, exalta Antoni, marcador da junina e intérprete do Chaves. O público aplaudiu calorosamente, reconhecendo a tradição de uma das juninas mais antigas de Marabá, representada na arena pelo seu “time de base”.
TRADIÇÃO REPAGINADA
O primeiro grupo de boi-bumbá que entrou na arena, tirou o fôlego da plateia. O Senador, vice-campeão de 2023, trouxe a mensagem “Viva a cultura popular”. Com diversos modelos de indumentárias, coloridas de amarelo, laranja, azul, vermelho e verde, os brincantes apresentaram uma coreografia dinâmica e diferente do tradicional, revelando que é possível manter o núcleo da tradição e, ainda assim, inovar na maneira de contar a história de Pai Francisco e Catirina.
Na sequência, o Boi Treme Terra arrastou o público com sua marujada forte, fazendo a poeira da arena subir. As dançarinas indígenas e os tambores em verde anunciaram a chegada do personagem principal no final da apresentação, acompanhado da personificação de Nossa Senhora Aparecida. O grupo, composto por 120 pessoas, se destacou pela apresentação monocromática e vibrante, encerrando as apresentações dos bois naquela noite.
EMPOLGAÇÃO: NOTA DEZ!
Na quarta noite de festejo, duas quadrilhas do grupo B mostraram que no quesito empolgação, elas disputam de igual para igual com as do grupo A.
A veterana Sedução Junina abriu as apresentações do grupo B com o tema “Chita: uma disputa de cores do São João”. As roupas em chita xadrez e florida se destacaram, arrancando aplausos do público. Yohana e Matheus, casal de majestade da junina, falaram da dedicação e ensaios intensivos que começaram cinco meses antes do evento. “Estamos felizes em entregar esse espetáculo”, diz a rainha Yohana.
Já a estreante Arrastão do Araguaia é o que chamamos de “quadrilha de igreja”, mas nem mesmo a quietude da casa de oração foi capaz de conter a energia vibrante que os novatos levaram para a arena. O figurino estava simples, vermelho e amarelo, mas o “A pureza das chamas da fogueira de São João”, com trajes em amarelo, laranja e vermelho, simbolizando a foi apresentado com passos sincronizados, que refletiram o esforço e preparação dos jovens dançarinos. Comprometimento destacado pelo marcador João Carlos: “Nos dedicamos há quatro meses, durante seis horas. Esperamos ficar entre as melhores”.
COM DIREITO A TROCA DE FIGURINOS
Uma coisa as juninas do grupo A tiveram em comum em suas apresentações: as trocas de figurino. O momento performático marca uma das características das apresentações, as encenações teatrais.
Responsáveis pela contextualização dos temas abordados, os momentos de teatro geram controvérsias entre o público. Há quem goste, mas há também aqueles que se sentem um tanto sonolentos quando as quadrilhas apresentam este momento.
Mas quando à dança, a junina Levada Louca apresentou o tema “O universo se formou e uma festa começou, uma dança de elementos e de amores”. A coreografia personificou o nascimento do universo e a representação dos elementos clássicos: terra, água, ar e fogo, que encantaram o público.
A troca de figurinos do grupo fez referência aos primatas que descobriram o fogo, destacando a peculiaridade e exotismo da temática.
Já a Splendor Junino abriu sua apresentação ostentando um figurino marcado pela cor branca, para na sequência colocar fogo na arena com indumentárias que representam, com perfeição, as chamas de uma fogueira.
Com 26 anos de história, a junina levou o espetáculo “Encantarias” para o Largo da Santa Rosa e foi ali que o público acompanhou a transformação da Rainha da Diversidade em uma onça mística do Marajó. É inegável que a Splendor distribuiu leveza e encantamento aos espectadores.
“Só em pisar nesta arena, é emocionante. Apesar de sermos os últimos, a gente sempre busca entregar o melhor”, afirmou Ramily, a noiva da junina.
(Milla Andrade)