Os chefes de Estado e de governo que participam da Cúpula dos Líderes da COP30, em Belém, retomam nesta sexta-feira (7) os discursos na plenária geral sobre clima e meio ambiente.
Ao longo do dia, os líderes também devem discutir transição energética e os dez anos do Acordo de Paris, em sessões temáticas paralelas (entenda mais abaixo sobre esses temas).
O primeiro dia da cúpula, na última quinta (6), foi marcado pelo lançamento oficial do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), uma das principais iniciativas diplomáticas do Brasil para a COP30.
Leia mais:O fundo foi anunciado pelo presidente Lula e conta com a adesão de 53 países que assinaram sua Declaração de Lançamento.
A iniciativa é vista como um marco no financiamento da conservação das florestas tropicais e recebeu apoio de ambientalistas.
Durante o lançamento, Lula afirmou que o TFFF representa “uma iniciativa inédita” que recoloca os países do Sul Global no centro das soluções para o clima.
Segundo ele, o fundo nasce para “transformar florestas tropicais em infraestrutura viva” da estabilidade climática global.
🌳 💵 O QUE É O TFFF: O fundo é um mecanismo financeiro proposto pelo Brasil que usa um modelo de investimento de renda fixa para gerar recursos destinados à conservação de florestas tropicais. Não se tratam de doações. O lucro das aplicações será usado para remunerar países que mantêm suas florestas em pé, com prioridade para nações como Brasil, Indonésia e Congo.
Nesta sexta-feira, a programação oficial da cúpula tem início às 8h, com a chegada das delegações e a tradicional foto de família marcada para as 10h.
Na sequência, chefes de Estado e representantes de 57 países voltam ao Salão Plenário do evento para dar continuidade à plenária geral.
“Para este segundo dia de Cúpula dos Líderes esperamos ambição e caminhos. Caminhos para a transição energética, como falado pelo Presidente Lula – na abertura, e ambição nas NDCs e no financiamento climático”, diz Alexandre Prado, Líder de Mudanças Climáticas do WWF-Brasil.
🎯ENTENDA: As NDCs (sigla para Nationally Determined Contributions, ou Contribuições Nacionalmente Determinadas) são o instrumento central do Acordo de Paris. Elas funcionam como uma espécie de plano de ação de cada país para conter o aquecimento global.
Em outras palavras, representam o que cada governo promete fazer para reduzir emissões de gases de efeito estufa e adaptar-se aos impactos do clima.
Já a transição energética é um dos grandes temas da COP30. O tema sintetiza um dos maiores desafios das próximas décadas: transformar a forma como o mundo produz e consome energia, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis e ampliando o uso de fontes renováveis.
Na prática, a transição significa trocar petróleo, carvão e gás natural – responsáveis pela maior parte das emissões de gases de efeito estufa – por alternativas mais limpas e sustentáveis, como a energia solar, eólica e hidrelétrica.
Mas essa mudança vai muito além de uma simples substituição de fontes: implica repensar toda a estrutura econômica global, ainda movida por combustíveis fósseis.
“Nós vamos ter um dia temático que vai discutir transição energética e os dez anos do Acordo de Paris, nada mais propício do que ter a discussão sobre o tema central que o Acordo de Paris precisa entregar, que é como é que a gente vai abandonando o uso dos combustíveis fósseis, que é exatamente se fazer a transição energética”, afirma Marcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima.
🌎 ENTENDA: O Acordo de Paris é um tratado global firmado em 2015, durante a COP21, que une quase todos os países na luta contra a crise climática. O objetivo é manter o aquecimento do planeta bem abaixo de 2°C e buscar esforços para limitar o aumento a 1,5°C até o fim do século.
Abaixo, saiba mais sobre o que é a Cúpula dos Líderes e entenda como ela vai influenciar as discussões da COP30.
O que é e como está funcionando?
A Cúpula foi convocada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e organizada pela Presidência brasileira da COP30.
Até o final dessa sexta, haverá pronunciamentos na plenária e mais mesas de alto nível.
Na primeira sessão, dedicada a florestas e oceanos, Lula apresentou oficialmente o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF):
- 💼 Estrutura: O TFFF adota um modelo de fundo de investimento com gestão de carteira de renda fixa voltado ao financiamento climático.
- 💰 Captação: Pretende mobilizar cerca de R$ 625 bilhões (US$ 125 bilhões) em recursos, combinando aportes de países e fundações com emissões de títulos no mercado financeiro.
- 📈 Alavancagem: A operação utiliza uma lógica de alavancagem financeira, multiplicando o capital inicial por meio da emissão de dívida de baixo risco.
- 🏦 Aplicação: O dinheiro será aplicado em ativos globais de renda fixa, com foco em investimentos seguros e sustentáveis que gerem retorno acima do custo do fundo.
- 🔄 Distribuição: A diferença entre o rendimento obtido e o valor pago aos investidores (spread) será usada para remunerar países que preservam florestas tropicais, proporcionalmente à área conservada.
- 🌱 Critérios: Pagamento anual por hectare de floresta preservado; destinação mínima de 20% dos recursos a povos indígenas e comunidades locais; proibição de investimentos em combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás).
- 🌳 Prioridade: Foco em países com grandes áreas tropicais, como Brasil, Indonésia e República Democrática do Congo, além de outras nações em desenvolvimento com florestas úmidas.
Já a segunda sessão, dedicada à transição energética, está marcada para às 11h desta sexta e deve concentrar as discussões sobre metas de curto e médio prazo.
Entre os compromissos em debate estão triplicar a capacidade global de energias renováveis até 2030, duplicar a eficiência energética e consolidar o Compromisso de Belém pelos Combustíveis Sustentáveis (Belém 4x), uma coalizão liderada por Brasil, Itália e Japão que pretende quadruplicar a produção e o uso de combustíveis sustentáveis até 2035.
O grupo abrange tecnologias como hidrogênio verde, biogás, biocombustíveis e combustíveis sintéticos.
Por fim, a terceira mesa, às 16h, fará um balanço dos dez anos do Acordo de Paris (2015–2025), avaliando o cumprimento das metas nacionais e o que deve ser incorporado nas novas NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas) para 2035.
O debate também abordará o financiamento climático, com destaque para o Roteiro Baku–Belém, plano apresentado pelas presidências do Azerbaijão (COP29) e do Brasil (COP30).
O documento prevê mobilizar US$ 1,3 trilhão por ano até 2035, com base em cinco pilares: reforçar, reequilibrar, redirecionar, reestruturar e reconfigurar o sistema financeiro climático global.
(Fonte:G1)
