A Cooperativa Mulheres de Barro é uma das doze associações de artesãos do estado do Pará selecionadas para integrar o projeto Rede Artesol. Nos dias 1 e 2 de novembro, o grupo participou de capacitação promovida pela ONG Artesol, focada em comunicação e tecnologia para que as ceramistas possam divulgar seu trabalho para o mundo e potencializar a comercialização dos seus produtos nacional e internacionalmente. As atividades foram realizadas no Centro Mulheres de Barro, em Parauapebas.
A iniciativa é executada pela ONG fundada há 20 anos pela antropóloga Ruth Cardoso com foco em promover o artesanato tradicional, que é patrimônio cultural do país. Depois de eleitos para integrar uma espécie de “mapa do artesanato brasileiro”, os grupos receberão a capacitação. Entre as ações de fomento está a produção de uma página no portal da Rede (artesol.org.br), um canal efetivo de interlocução e negociações entre associações de artesãos, designers, lojistas, pesquisadores, decoradores, espaços culturais e o próprio consumidor final.
De acordo com a gerente de Patrocínios da Vale, Christiana Saldanha, o Rede Artesol tem contribuído para a sustentabilidade dos inúmeros grupos, mestres e artesões do nosso país, além de valorizar o patrimônio cultural brasileiro. “O projeto vem promovendo conexões entre esses profissionais e o mercado, ainda oferece ferramentas para o desenvolvimento das suas atividades. É com muito orgulho que a Cooperativa Mulheres de Barros e seus projetos, patrocinados pela Vale há três anos, tem a oportunidade de fazer parte desta rede que, com certeza, promoverá a cultura da região de Carajás e do Estado do Pará”.
Leia mais:Para a coordenadora do Centro Mulheres de Barro, Sandra Santos, todo trabalho que venha contribuir com o trabalho que as Mulheres de Barro desenvolvem em Parauapebas, é muito importante. “Estar neste momento sendo convidada para fazer parte de uma rede internacional de divulgação e comercialização de produtos artesanais pra gente é de grande valia. E também por fazer parte da rede, com todos os artesãos e grupos que estão envolvidos nesse processo, a gente também tem os parceiros como a Vale, que é nossa patrocinadora, sem esse apoio, nós não teríamos esse alcance, principalmente o trabalho que fazemos dentro do município”, destaca.
Josiane Masson, coordenadora do projeto, explica que a principal forma de valorizar esses conhecimentos populares é criar conexões entre o artesão e o mercado dos grandes centros urbanos. “O importante é ver essas conexões online se transformarem em contatos reais, geração de renda e valorização das identidades culturais locais. Estamos muito felizes de testemunhar a Rede se materializar em inúmeras parcerias, pesquisas e negócios que devem se intensificar a partir de 2020, quando vamos relançar o portal com estes novos grupos mapeados em 2019”, afirma.
Após a capacitação em campo, os artesãos também vão ter acesso a um ambiente de aprendizagem à distância para continuarem recebendo conteúdo de capacitação na área de comunicação, design, formalização, entre outros temas.
Mapeamento da cadeia artesanal
Os artesãos que fazem parte da Rede foram selecionados a partir de um criterioso mapeamento que levou em consideração os aspectos culturais como identidade local, utilização de técnicas ancestrais, o manejo sustentável de matérias-primas, a qualidade das peças e a capacidade produtiva dos grupos. Através de uma pesquisa realizada junto aos atuais membros da Rede inseridos em 2018 no projeto, 89% relataram aumento de contatos via plataforma, sendo 60% desses contatos de lojistas. Os artesãos também afirmaram ter recebido contatos de consumidores finais, jornalistas, turistas, estudantes e pesquisadores através do portal.
Em 2019, o mapeamento da Artesol inclui ainda outros núcleos paraenses como o Grupo AARTA, que atua com trançados de tucumã em Santarém, e a Associação de Artesanato Flor de Marajó, dedicada aos trançados de palmeira ubuçu, na Ilha do Marajó. Segundo a presidente da Artesol, Sonia Quintella, “mais do que inventariar saberes tradicionais que correm o risco de desaparecerem por falta de acesso ao mercado, a ideia é manter viva essa diversidade de técnicas artesanais única do Brasil, promovendo inclusão social através da cultura popular”.
Sobre as Mulheres de Barro
O grupo Mulheres de Barro nasceu no período entre 2005 e 2011, fruto das oficinas do Programa de Educação Patrimonial, uma das atividades ambientais realizadas pela Vale e pela Fundação Vale, na época da implantação do projeto Salobo. Desde então, o grupo vem desenvolvendo ações para valorização da história e cultura da região de Carajás. A partir de 2013, com a criação da Cooperativa Mulheres de Barro, a entidade vem fortalecendo a atividade artesanal, com a produção, venda e divulgação de produtos cerâmicos inspirados em artefatos encontrados, por meio de pesquisas arqueológicas.
Em 2016, a Cooperativa deu um grande passo, inaugurou o Centro Mulheres de Barro de Exposição e Educação Patrimonial da Serra dos Carajás com a abertura da exposição “Mulheres de Barro: identidade e memória”. Há três anos a cooperativa conta com o patrocínio da Vale por meio da Lei de Incentivo à Cultura.
(Divulgação)