Correio de Carajás

Conviver com o diabetes: a história de Carlos e os desafios além da glicemia

No Dia Mundial de Combate ao Diabetes, celebrado em 14 de novembro, conhecer histórias reais é uma forma poderosa de ampliar a conscientização sobre a doença

Carlos convive com o diabetes desde 2020 e enumera os desafios físicos e sociais
✏️ Atualizado em 14/11/2025 08h47

Carlos Alberto da Silva Pereira, 32 anos, descobriu que era diabético em junho de 2020, em plena pandemia de COVID-19, um período em que o mundo parou, mas sua saúde exigiu atenção redobrada.

“Minha rotina mudou completamente. Tive crises graves de insônia e isso afetou o funcionamento do meu pâncreas. Muita gente não sabe, mas a perda de sono também pode desencadear o diabetes”, conta. A predisposição genética pesou: “Por parte de mãe, quase todos os meus parentes são diabéticos. Fui o primeiro da geração de primos.”

Carlos recebeu o diagnóstico de diabetes tipo LADA, uma forma autoimune que começa com características do tipo 2, mas evolui para o tipo 1. “É como se fosse uma transição silenciosa: no início parece mais leve, mas, com o tempo, exige cuidados intensivos”, explica.

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Segundo a endocrinologista e metabologista Dra. Alana Ferreira de Oliveira, preceptora do internato médico na disciplina de clínica médica/endocrinologia da Afya Marabá, o diabetes tipo 1 representa cerca de 5 a 10 % dos casos no mundo e está associado à destruição das células produtoras de insulina. Já o tipo 2, mais prevalente, está fortemente ligado à obesidade e ao estilo de vida. “A obesidade visceral é o principal fator de risco. Mulheres com circunferência abdominal acima de 88 cm e homens acima de 102 cm devem ficar atentos”, alerta.

Desde o diagnóstico, a vida de Carlos mudou. “Tenho que cuidar do que como e das minhas emoções, porque qualquer ‘coisinha’ altera a glicemia. Uso insulina, faço perfurações nos dedos com lancetas, conto carboidratos, tudo para manter o controle.” Ele reconhece que conviver com o diabetes exige disciplina, mas também traz aprendizados: “Hoje, com os avanços da ciência, podemos ter uma vida normal. Mas é preciso consciência, autocuidado, exercícios físicos e atenção constante.”

Dra. Alana reforça que o controle glicêmico é o pilar central do tratamento. “Quanto mais jovem o paciente, mais rigorosa deve ser a meta, para evitar complicações futuras. Alimentação equilibrada e prática regular de atividade física são fundamentais”, afirma.

A endocrinologista Alana Ferreira reforça que o controle glicêmico é o pilar central do tratamento

Além dos desafios físicos, há os sociais. “Muita gente acha que diabetes é culpa de quem abusou do doce. Sempre fui ativo – academia, jiu-jitsu, corrida – e ainda escuto perguntas como ‘você pode comer isso?’, como se fosse uma sentença”, relata Carlos.

A endocrinologista destaca que o acompanhamento multidisciplinar é essencial: “O paciente precisa de médico, nutricionista, educador físico e, muitas vezes, psicólogo. O sofrimento emocional pode comprometer a adesão ao tratamento.” Ela lembra ainda os riscos do não tratamento: “As complicações vão desde perda de visão, necessidade de diálise e amputações até infarto e derrame. É uma doença silenciosa, mas que pode matar.”

Afya: educação médica e compromisso social

Além do atendimento ambulatorial, a Afya Marabá se destaca como polo de formação médica na região. A instituição integra a rede nacional Afya Educacional, que alia excelência acadêmica a responsabilidade social.

“Hoje, no município, o único ambulatório com endocrinologista é o da Afya Marabá. Isso demonstra nosso compromisso com a saúde da população”, afirma Dra. Alana. Maior ecossistema de educação e tecnologia em medicina no Brasil, a Afya reúne 38 instituições de ensino superior em todas as regiões do país, oferecendo vivências práticas desde os primeiros anos do curso e contato direto com pacientes na atenção básica e especializada.

A atuação da Afya vai além da sala de aula: promove campanhas de rastreio, ações educativas e acolhimento à comunidade. “A conscientização é fundamental. Estudos mostram que 50 % das pessoas com diabetes não sabem que têm a doença. Quando rastreamos, damos a chance de alguém descobrir e começar a cuidar”, reforça Dra. Alana.

Carlos segue sua jornada com coragem e consciência. Sua história lembra que o diabetes não define uma pessoa – mas exige respeito, cuidado e informação. Com o apoio de instituições como a Afya, o caminho torna-se mais acessível, humano e transformador.