A luz se apagou, um sussurro percorreu a sala, e os olhos atentos dos alunos esperavam… Era mais do que teatro: era literatura viva. Inspirados na obra de Suellen Cordovil, estudantes do ensino médio da Escola Estadual de Ensino Integral Dr. “Gabriel Sales Pimenta”, que fica em Morada Nova, mergulharam no universo das lendas e dos contos de terror brasileiros.
O objetivo principal do projeto era aproximar os alunos da literatura contemporânea e do gênero fantástico. Através da leitura da obra “Narrativas e sussurros em prosa”, da autora paraense Suellen Cordovil, professora da Unifesspa, foram escolhidos contos de terror para adaptação e encenação com alunos do 2º ano do Ensino Médio. A ideia partiu do professor de Língua Portuguesa, Iarles Macedo.
A ideia principal da atividade é aproximar os estudantes da prática da leitura. “Sabemos que a dificuldade leitora — ou até mesmo a ausência desse hábito — ainda é comum nas escolas, infelizmente. A proposta oferece a eles a oportunidade de conhecer outros lados da literatura, explorando novas interfaces, como o fantástico e o gótico”, explica o professor Iarles Macedo.
Leia mais:Para isso, foi trabalhado com os alunos, alguns contos da obra Contos de Terror de Marabá, como “O espelho e os bobes”, “Corpo-seco no cemitério da Folha 29”, “A moça de branco”, “O padre sem cabeça”, entre outros.
O diretor da Escola, Fabrício Lima, afirmou que projetos que envolvem o “terror literário” despertam nos alunos o gosto pela leitura de forma viva e envolvente. “Quando eles interpretam, sentem e recriam o que leram, o aprendizado vai além da sala de aula. É uma forma de valorizar a cultura, estimular a criatividade e formar leitores críticos. A escola tem muito orgulho de apoiar iniciativas assim”, afirma o gestor.

A estudante Kaila de Sousa Lima, de 16 anos, interpretou uma personagem curiosa que desobedeceu seus pais e entrou em um porão proibido. Lá, encontrou um espírito que tentou transformá-la em outro ser. Seu pai a salvou, expulsando o espírito. Kaila achou a experiência de atuação difícil no início, mas depois “muito legal” e aprovou o projeto liderado pelo professor Iarles.
A autora Suellen Cordovil destacou que os contos de terror são pra ganhar vida nas escolas e espaços públicos. “Eles estão aí nesse espetáculo realizado na escola Dr. Gabriel Sales Pimenta, com a belíssima interpretação dos discentes, que explode marcas ocultas e sombrias em Marabá. Estou muito orgulhosa dessa aventura teatral. Eu desejo que as escolas utilizem os textos mesmo com essa força, essa intensidade para a memória da narrativa local, para trazer essa memória dos nossos antepassados”, contou a autora.
Entre sustos e aplausos, os alunos descobriram que a literatura também arrepia – não só pela emoção, mas pela força das palavras. (Texto: Emilly Coelho)


