Um grupo de consumidores realizou na manhã de hoje, terça-feira, 27, uma manifestação contra Celpa em Parauapebas. A manifestação, convocada pelas redes sociais, começou por volta de 9 horas, em frente ao escritório da concessionária de energia elétrica, no Bairro Beira Rio.
Os manifestantes usaram faixas e alguns exibiram as contas de energia, com o intuito de mostrar os valores que consideram abusivos e vêm sendo cobrados pela empresa por um consumo que, segundo eles, não tiveram.
Usando os slogans: “Vamos, a união faz a força”; “A pressão popular é capaz de derrubar qualquer império”; e “Não podemos pagar a energia mais cara do Brasil, se ela é produzida no nosso Estado”, o movimento de Parauapebas segue a mesma diretriz de outros movimentos criados contra a empresa no Pará.
Leia mais:De acordo com um dos organizadores na cidade, Márcio Popety, Parauapebas também é uma das cidades onde é grande a reclamação dos consumidores contra empresa. “Há casos de contas que praticamente triplicaram de uma hora para outra e a Celpa não justifica o motivo para o cliente que, em muitos casos, está sem condições de pagar o valor cobrado”, ressalta.
Ele detalha que esse movimento, criado em todo o Estado contra a empresa, vai se organizar em uma comissão, com representante de cada município, para ir a Belém tentar se reunir com a Assembleia Legislativa, para cobrar uma ação dos parlamentares em relação à Celpa. “A gente precisa ter uma resposta porque o consumidor está completamente desemparado e sendo explorado pela empresa, que cobra os valores que bem entende de pessoas, quem em muitos casos, jamais terá condições de pagar a taxa cobrada”, afirma.
Muitos consumidores reclamam e acusam a empresa de está superfaturado as contas de energia. Alguns dizem não ter condições de continuar pagando valores altíssimos, que não estariam condizentes com o que consomem. Esse é ocaso da dona de casa Josi Gomes de Araújo, que mora na Vila Palmares Sul, área rural de Parauapebas.
Ela conta que a filha dela, que mora em uma casa simples, de madeira, levou um susto este mês quando chegou à conta de energia, no valor de R$ 11 mil. “Ela está desesperada. Onde ela vai consegui esse valor para pagar a Celpa. Não existe isso. O marido dela já veio na empresa e disseram para ele que a única coisas que podem fazer é parcelar esse valor”, conta a dona de casa, frisando que na sua casa, que só tem uma geladeira e uma televisão e três bicos de luz, a conta chega a quase R$ 200,00.
Outra que estava na manifestação exibindo seu talão de energia era Itamar do Nascimento Lima. Ela relata que para tirar seu filho do aluguel, decidiu dividir a residência dela ao meio, ficando seu filho com dois cômodos e ela também o mesmo número de cômodos.
Para não misturar o consumo de energia, colocaram outro padrão, na parte ocupada pelo filho. Já na primeira fatura, tomaram um susto com o aumento três vezes mais do ela costumava pagar, tanto na conta dela, como do filho. “Meu filho está desempregado, para não ficar sem energia, vendeu o carro dele e comprou uma moto, e o restante do valor pagou a conta de energia. No outro mês, veio outra conta de quase R$ 1.300,00. Ela vendeu a moto dele, e pagou. Agora veio outro talão de R$ 3.453,68. Nem ele e nem eu temos como pagar. Não temos mais nada para vender para pagar a Celpa”, lamenta, dizendo que já solicitou que a Celpa faça a revisão do seu padrão, mas a empresa diz que o valor cobrado está correto.
Também com talão de energia nas mãos, Alessandra Oliveira mostrou que este mês a sua conta veio no valor de R$ 7.370,00. Ela conta que foi na Celpa e informaram a ela que o valor estava somado a tarifa do mês de agosto, porque o padrão dela não estava funcionando corretamente, e que a única coisa que poderiam fazer era parcelar em 36 vezes esse valor.
“Eu disse que não ia ter condições de pagar, porque pago, mensalmente, uma média de R$ 230,00. Somado com o valor da parcela, esse valor sobre mais de R$ 500,00 e eu não tenho como pagar”, garante a mulher.
Alessandra diz que a pessoa que a atendeu na Celpa falou que não adiantaria ir ao Procon porque a Celpa ‘nunca perde essas questões’. “Se meu padrão não estava funcionando corretamente, não é culpa minha, porque não sei mexer com isso. Quem instala são eles, da Celpa”, argumenta, dizendo não ter como pagar o valor cobrado.
A manifestação em frente à Celpa foi pacífica, mas a empresa fechou as portas durante o protesto, que durou até por volta de 10 horas. De lá, os manifestantes seguiram para a Câmara Municipal, onde receberam o apoio dos vereadores durante a sessão.
Em nota, a Celpa informou que a disposição dos clientes para prestar todos os esclarecimentos necessários a respeito dos valores cobrados.
Veja a íntegra da nota:
“A Celpa informa que está à disposição dos clientes para prestar todos os esclarecimentos necessários a respeito dos valores cobrados na conta de energia elétrica.
Os representantes da empresa no município dialogaram para realizar uma reunião com as pessoas que participaram do movimento e tomar as providências necessárias de acordo com as solicitações que surgirem.
A empresa também esclarece que de uma conta de energia de R$ 100, R$ 39,21 são para tributos como ICMS, PIS, COFINS, e encargos setoriais. Já R$ 38,37 são para transporte e compra de energia. E apenas R$ 22, 42 é o valor que fica com a Celpa para operar, manter e expandir a rede de distribuição, e atender o cliente” (Tina Santos)