Correio de Carajás

Consumidor aproveita Black Friday para comprar alimentos e itens de limpeza

Foto: Freepik

Para a maior parte dos consumidores, a Black Friday é tradicionalmente uma oportunidade para comprar produtos de valor elevado, como equipamentos para a casa e telefones celulares. Mas o medo do efeito da inflação sobre o orçamento do dia a dia tem feito os brasileiros aproveitarem as promoções da data também para reforçar a despensa com alimentos e material de limpeza, segundo varejistas e especialistas.

O que mostram os números?

O GPA (Grupo Pão de Açúcar, dono dos supermercados Pão de Açúcar e Extra) registrou na pré-Black Friday deste ano (desde 1º de novembro) uma alta de 20% nos pedidos on-line de produtos alimentícios e de limpeza ante igual período de 2024. Para a própria Black Friday, hoje, a projeção do grupo é de uma elevação anual de 30% nas vendas.

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Esses aumentos chamam atenção, considerando que os produtos de valor alto e longa durabilidade são os mais desejados na Black Friday. De acordo com uma pesquisa do Instituto Datafolha para a Abecs — associação das empresas de meios eletrônicos de pagamento —, eletrodomésticos e eletrônicos lideram as intenções de compra neste período promocional, sendo citados por 33% e 28% dos consumidores entrevistados, respectivamente. A sondagem apontou que 6% das compras terão como alvo geladeiras e refrigeradores, enquanto 4% vão mirar em máquinas de lavar roupa. Entre os eletrônicos, o celular lidera as intenções de compra, citado por 9% dos entrevistados.

No GPA, a procura por itens de nutrição infantil já cresceu mais de 60% neste mês, enquanto a busca por bebidas alcoólicas subiu 40% e a demanda por óleos e azeites, 30%. Desde o início de novembro, o grupo vem fazendo promoções dessas mercadorias de consumo imediato.

Conhecemos nosso cliente pelas compras efetuadas online e trabalhamos a customização das ofertas. Conseguimos entender qual item de uma categoria ele compra e quando. Houve desconto de 70% em vinhos, de até 60% em materiais de limpeza, e faremos ações igualmente em carnes, entre outros produtos.

Victor Escarmin Maglio, diretor de comércio eletrônico do GPA

O perfil dos consumidores que preferem comprar itens de consumo imediato não é mais o do jovem que mora sozinho. Esse público agora é formado por pessoas com mais de 35 anos, que adquire cesta completas de produtos para a família toda, segundo Maglio.

Alimentos e material de limpeza na Black Friday

O medo da inflação é apontado pelos especialistas como a principal explicação para o crescimento das compras de produtos do dia a dia na Black Friday. Embora venha desacelerando neste segundo semestre, a inflação acumulada em 12 meses pelos alimentos e bebidas está em 5,5%, acima da inflação geral, que é de 4,68%, de acordo com o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), medido pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A inflação dos artigos de limpeza está em 3,69% em 12 meses.

Com a sensibilidade crescente ao custo de vida, a probabilidade de avanço desse padrão de compra é elevada. Projeções de consultorias do setor indicam que a compra antecipada de alimentos em períodos como a Black Friday pode crescer entre 12% e 20% ao ano até 2027, especialmente entre famílias com orçamento mais restrito e usuários frequentes de aplicativos de supermercado.
Felix Leon, professor de marketing corresponsável pelo Laboratório de Varejo da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Percebendo o avanço dessa tendência ao longo dos anos, os varejistas vêm reforçando a sua estratégia para a data. Além dos ganhos com o volume comercializado, as vendas de alimentos e material de limpeza nessa época do ano ajudam os supermercados online a fidelizar o consumidor. Na edição de 2024 da Black Friday, o setor foi o segundo que mais cresceu, com uma alta de 26,2%, segundo a empresa de maquininhas de cartão Cielo.

“Tudo indica que o abastecimento doméstico na Black Friday continuará crescendo. A digitalização do varejo alimentar, a expansão dos aplicativos de entrega rápida, a maior transparência de preços e a sensibilidade econômica das famílias brasileiras sugerem que o ciclo de antecipação de compras se consolidará”, diz Luciano Toledo, professor de marketing corresponsável pelo Laboratório de Varejo da Universidade Presbiteriana Mackenzie.