As operações de duplicação da ponte rodoferroviária sobre o Rio Tocantins devem iniciar até o final deste mês de agosto. De acordo com Plínio Tocchetto, gerente executivo de projetos da mineradora Vale, responsável pela construção, a previsão é de que a obra seja concluída em cinco anos. Inicialmente as atividades acontecerão do lado do núcleo São Félix e, posteriormente, na Nova Marabá.
Nesse primeiro momento será feita a limpeza das áreas adjacentes, remoção de interferências – a chamada etapa de supressão – e iniciado o serviço de terraplanagem, para montagem do material de apoio e canteiros de obras. A construção efetiva da ponte é planejada para o próximo ano, 2023.
A nova ponte, ou melhor, as duas novas pontes (uma rodoviária e a outra ferroviária) serão construídas, de forma independente, ao lado da já existente, que é rodoferroviária. Toccheto explicou à Reportagem do CORREIO, em entrevista concedida na manhã de quarta-feira, 10, que a ponte rodoviária será responsável por receber o tráfego de veículos pesados, caminhões e carretas.
Leia mais:O intuito é desafogar a sua vizinha, que há 37 anos é a via responsável pelo trânsito de automóveis de passeio, veículos pesados e o trem de carga e passageiros. Os carros comuns poderão trafegar na nova ponte, mas o fluxo de caminhões e semelhantes será remanejado exclusivamente para ela.
“As duas novas pontes serão construídas uma ao lado da outra, para quem sai da Nova Marabá para o São Félix, elas ficarão do lado direito, aproximadamente 300 metros de distância da ponte rodoferroviária”, detalha Plínio Tocchetto.
Entre as tecnologias usadas para a construção das pontes, estão os pré-moldados para os pilares. O uso é motivado pela segurança além de, segundo o executivo, esse material propiciar uma melhor qualidade na execução das etapas de construção no solo. “Com isso, evitamos que se tenha muitas pessoas trabalhando dentro do rio, em uma atividade mais perigosa”.
IMPACTOS
De acordo com o mapeamento do projeto, 30 famílias serão diretamente afetas pela obra e removidas do local em que ela acontecerá. “Dependendo das características (desses moradores) está sendo dado um tipo de tratamento, levando em conta questões como vulnerabilidade”, explica Tocchetto.
Essas famílias serão diretamente impactadas pelos sete quilômetros de extensão das novas pontes e dos acessos. As pontes, por si só, possuem 2,3 quilômetros. Descontando as pontes, são cinco quilômetros onde serão construídos os acessos dos dois lados”. O lado do São Félix será um pouco mais extenso que o da Nova Marabá”, detalha o gerente executivo.
Um outro efeito, dessa vez positivo, da construção é a geração de novos postos de trabalho. “Nós teremos uma boa geração de empregos durante a construção. Para esse ano devemos ter um pico de 400 pessoas. Já iniciaram as contratações, mas em um ritmo lento, ele vai de acordo com o andamento da obra”, observa.
Para o próximo ano, a previsão é de que mais pessoas sejam contratadas, levando em consideração que cada etapa do empreendimento exige profissionais de diferentes especializações. Estima-se que até 1.600 postos de trabalho serão gerados ao final do segundo ano de empreendimento.
O recrutamento está acontecendo em parceria com o Sistema Nacional de Emprego (Sine) de Marabá, que gradativamente realiza a chamada de empregados, de acordo com o andamento da obra. “Nesse momento, mais pessoas ligadas à limpeza, supressão e a parte de construção civil estão sendo contratadas. Depois, na segunda parte, também teremos a construção civil e outros profissionais especializados, como soldadores”, detalha.
Questionado pela Reportagem sobre de que maneiras os impactos ambientais serão minimizados ou recuperados, Tocchetto explica que a ponte está projetada para ter o aterro na parte seca, reduzindo o impacto no rio”, além disso, existe uma série de atividades de engenharia e de planejamento para minimizar as consequências.
Entre eles estão os programas de monitoramento da qualidade do ar e água, que já foram iniciados, para que se tenha a manutenção dos indicadores e caso haja diferenças, sejam rapidamente recuperadas e minimizadas.
“Essa não é uma obra feita longe das comunidades, da cidade. É uma obra feita dentro da cidade e junto à ponte nós temos muita gente. Sabemos disso e temos essa preocupação”, sintetiza.
SIMBIOSE COM A DUPLICAÇÃO DA BR-222
De acordo com Tocchetto, o projeto de construção das novas pontes é um antigo desejo da mineradora, que visualiza a necessidade da região. “Identificamos que é a hora de dar esse passo e implantar o projeto, que é estratégico para a companhia. Nós temos uma boa parte da nossa produção aqui no Pará e entendemos como estratégia ter essa obra duplicada”.
Apesar de a construção das novas pontes coincidir com a duplicação da BR-222, a construção da mineradora independe da obra do Estado. “Ele é um acesso que está desenhado hoje, está sendo conversado junto com o governo do Estado para adaptação da duplicação (da rodovia) e fazendo a conexão entre as duas (obras)”.
Ele explica que o objetivo é ter os acessos conectados às vias principais, evitando passar pelas comunidades tanto quanto seja possível. “Nós temos um desenho do trafego e das vias que serão usadas para a obra. Temos estudado esses acessos e feito um trabalho de minimização de uso dentro das comunidades para reduzir os impactos”.
Outro dialogo está acontecendo entre a companhia e os órgãos de trânsito, para que esteja alinhado com as expectativas do município e de quem regula o uso das vias. “Uma obra desse porte irá mobilizar diversos tipos de veículos, materiais, equipamentos e recursos que estarão em circulação pela cidade, principalmente na região onde ela estará localizada”. (Luciana Araújo)