Correio de Carajás

Conselho Tutelar de Marabá é renovado em 60%

Conselho Tutelar de Marabá é renovado em 60%

Mais de 16 mil eleitores compareceram para votação neste domingo, dia 6 de outubro, e o campeão de votos é o servidor municipal Reginaldo dos Santos Carvalho, o Regis, coordenador do CRAS (Centro de Referência da Assistência Social) da Folha 13, Nova Marabá. Ele obteve 771 votos, enquanto o segundo colocado alcançou menos de 100 votos (Paulo César, com 651 votos).

Carismático com a clientela do CRAS e também muito querido pela maioria dos colegas de trabalho, Regis será conselheiro tutelar pela primeira vez. Ele é formado em assistência social e atua, também, como tutor em uma faculdade da cidade.

No total, houve comparecimento de 16.253 eleitores (10,09% do total do município), bem mais do que os 9.400 da última eleição. A votação não era obrigatória para esse cargo, mas é curioso como ainda houve 148 eleitores que votaram nulo e 52 em branco. A eleição foi relativamente tranquila, mas muita gente reclamava da demora na fila, causada pelo fato de que a votação estava ocorrendo em urna de lona e não eletrônica.

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A demora para o encerramento da apuração, que só terminou às 3h30 da madrugada desta segunda-feira, se deu pelo tempo de transporte das urnas que estavam na zona rural. As que vieram da região do Rio Preto chegaram, juntas, às 23 horas.

Houve denúncias em redes sociais sobre bolas que estariam sendo distribuídas no núcleo São Félix por um candidato. Outro candidato teria sido flagrado (filmado) fazendo boca de urna em frente à Escola Silvino Santis, na Folha 33, o que não era permitido. Também foram encontrados santinhos de candidatos espalhados em frente a três outras escolas.

Uma urna foi impugnada na Escola Judith Gomes Leitão, na Marabá Pioneira. Ela chegou violada ao local de apuração e a suspeita é de que isso tenha ocorrido durante o processo  de votação. As cédulas não estavam dobradas, como deveriam, e assim os membros da comissão de escolha avaliaram que o voto fora depositado daquela forma porque a urna estava com a tampa aberta.

Cada um dos dez conselheiros tutelares eleitos no último domingo receberá salário no valor de R$ 2.800,00 durante quatro anos, mais diárias para viagens a serviço.

RENOVAÇÃO EXPRESSIVA

A renovação dos conselheiros tutelares em Marabá foi de 60% e apenas quatro permanecerão no cargo a partir de janeiro de 2020. São eles: Pastor Lourival, Pastora Francy, Andreza Lobato e Antônio José. Edivaldo Santos, que já foi vereador, também garantiu uma cadeira de conselheiro tutelar, com 492 votos.

A FORÇA DOS CRENTES

O Conselho Tutelar tem, historicamente, membros ligados a alguma igreja evangélica. E desta vez, nada menos que 50% deles fazem parte de uma igreja protestante. Há aqueles declarados até no nome que foi para as urnas, como é o caso dos pastores Pastor Lourival, dois dos mais votados, com expressivos 639 votos para ele e 560 para ela. Mas Jonas Lima, Andreza Lobato e Edivaldo Santos também fazem parte do “Conselho do Senhor”.

Abaixo, veja a imagem e quantidade de votos dos candidatos eleitos, que assumirão o cargo em 10 de janeiro de 2020.

Presidente do CMDCA avalia eleição e comenta denúncias

Secretário municipal de Planejamento, Karam El Hajjar é também presidente do CMDCA (Conselho Municipal de Direitos da Criança e do Adolescente) e acabou por presidir a Comissão de Processo de Escolha dos novos conselheiros tutelares para o quadriênio 2020-2023.

No início da tarde desta segunda-feira, ainda cansado do trabalho de domingo, ele conversou com a Reportagem do CORREIO e avaliou a eleição, respondendo também a alguns questionamentos feitos por internautas e enviados à Redação. Acompanhe a, seguir, a entrevista com ele:

CORREI0 – Que avaliação você faz da campanha, eleição e apuração de votos para o cargo de conselheiro tutelar?

Karam El Hajjar – De forma geral, a avaliação é extremamente positiva, a partir do que foi planejado dentro dos 90 dias, com lisura e transparência. A campanha dos candidatos foi tranquila, sem incidentes que viessem a comprometer o pleito.

Ontem, o comparecimento dos eleitores atendeu as expectativas, porque aguardávamos 15 mil pessoas e mais de 16 mil foram ás urnas. O resultado saiu dentro do horário esperado. Agora, reconhecemos que houve demora na hora do voto, mas isso se deve porque o TRE (Tribunal Regional Eleitoral) só disponibilizou urnas de lona e o voto passou a ser manual.

Em várias ocasiões tivemos de fazer checagem na lista do TRE e faltavam informações que precisávamos comparar para que ninguém votasse duas vezes. Então, como não temos a estrutura do TRE, a gente já esperava essa lentidão. Mas, para compensar, funcionou muito bem o sistema de acompanhamento da apuração em tempo real na internet, via site da Prefeitura de Marabá.

CORREIO – Analisando o campeão de votos (771), que trabalha no CRAS, diretamente no atendimento de pessoas em situação de vulnerabilidade, você não acha que seria justo o servidor público sair de licença do cargo durante o período eleitoral?

Karam – O Edital para esse processo foi elaborado pela comissão, com acompanhamento pelo Ministério Público. Ele não previa isso. Acho interessante e deve ficar como sugestão para o próximo pleito.

CORREIO – Houve denúncias em redes sociais sobre bolas que estariam sendo distribuídas no núcleo São Félix por um candidato. Vocês apuraram?

Karam – Na verdade, recebemos várias denúncias, e orientamos que há necessidade de provas. Orientamos que a pessoa fizesse filmagem ou procurasse o representante do CMDCA que estava na escola para tomar providências.

CORREIO – Uma dessas denúncias informa que enviou para o CMDCA um vídeo com imagens de um candidato distribuindo santinhos em frente à escola Silvino Santis, na Folha 33. Isso aconteceu?

Karam – Se esse vídeo foi encaminhado, as imagens serão analisadas e a situação apurada. Se houver comprovação de ilegalidade, o acusado será responsabilidade.

CORREIO – Uma urna foi impugnada na Escola Judith Gomes Leitão, na Marabá Pioneira. O que aconteceu de irregular para que essa atitude fosse tomada?

Karam – De fato, a urna de número 4 foi impugnada. Ela chegou violada ao local da apuração, entre outras irregularidades verificadas. A representante do Ministério Público Estadual e outras autoridades presentes entenderam que deveria ser impugnada para lisura do processo de escolha. Havia mais de 300 votos ali dentro. (Ulisses Pompeu)

Matéria atualizada às 20h22