Os problemas da saúde, que são históricos em Marabá, se acentuaram neste início de ano, com o desligamento de pelo menos 16 médicos lotados na Secretaria Municipal de Saúde (SMS). A saída dos profissionais deixa o atendimento ainda mais precário. Diante disso, o Conselho Municipal de Saúde (CMS) oficiou a SMS, cobrando uma explicação e, principalmente, uma solução para o problema. Mas até agora não houve resposta.
“Se até o final da semana a Secretaria não se posicionar, a gente vai entrar com ação via Ministério Público Estadual e Federal, até porque essa é uma incumbência do Conselho, haja vista que não está tendo diálogo”, afirma Monalisa Miranda, presidente da Comissão Técnica do CMS.

SALÁRIOS DEFASADOS
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Também ouvido pela reportagem deste CORREIO, o médico Daniel Cardoso de Azevedo, diretor local do Sindicato dos Médicos do Pará (Sindmepa), observa que o salário dos médicos está defasado desde 2011 e, agora, a prefeitura está impedindo que as escalas de atendimento deem aos médicos a oportunidade de trabalhar em outros locais para complementar a renda. Isso fez com que muitos profissionais preferissem deixar o vínculo com a prefeitura.

Na avaliação do médico, esse tipo de medida tomada pelo atual gestor deveria ter sido discutido com o Conselho Municipal de Saúde para encontrar uma forma de impedir essa saída em massa de profissionais, prejudicando a população. “Isso aí em pouco tempo vai causar um caos na saúde, porque têm situações que não tem como esperar”, alerta.
Como exemplo ele cita o caso de pacientes com diabetes e o que pode acontecer caso fiquem sem tratamento por muito tempo. “No início ele não tem sintomatologia, mas depois ele descompensa e, mesmo que passe a ser tratado, já vai ter sequelas irreversíveis, como renais e cardíacas”, explica.
SEM DIÁLOGO
Ana Lúcia Farias, que representa os profissionais de Saúde no CMS, também critica a falta de diálogo da prefeitura com o Conselho, que tem sido ignorado pela atual gestão. Ela alerta que quem perde com isso é o paciente que precisa do atendimento.

“Temos pacientes que esperam dois, três anos por uma cirurgia e atualmente a gente está sem resposta”, reafirma, ao advertir que, se já era difícil antes, agora a tendência é piorar. Sem a gestão sentar para discutir com as categorias, vai ficar complicado, mais do que já está”, acrescenta.
RESPOSTA PELA METADE
O CORREIO entrou em contato com a prefeitura e questionou o que o município está fazendo para repor o quadro de médicos e como pretende agilizar a fila para cirurgias eletivas.
Sobre a contratação de médicos, a Secretaria Municipal de Comunicação (Secom) informou que o processo seletivo da saúde está em andamento, cujo edital deve ser publicado nos próximos dias.
Mas quando questionada sobre como agilizar a situação dos pacientes que aguardam por cirurgias eletivas, a Secom pediu um tempo maior para responder, mas não deu retorno até o início da noite desta segunda-feira (24). (Chagas Filho)