Correio de Carajás

Conselho das Guardas Municipais acusa militares de invadirem base em Parauapebas

O diretor do Conselho Nacional das Guardas Municipais (CNGM), Eliel Miranda, esteve em Parauapebas nessa quarta/ Foto: Ronaldo Modesto
Por: Theíza Cristhine com informações de Ronaldo Modesto

A Guarda Municipal de Parauapebas recebeu, na manhã desta quarta-feira (15), a visita do diretor do Conselho Nacional das Guardas Municipais (CNGM), Eliel Miranda, que saiu de São Paulo para acompanhar de perto os desdobramentos do conflito entre guardas municipais e policiais militares ocorrido na cidade.

Na noite de segunda-feira (13), após um acidente de trânsito, policiais militares foram até a sede da Guarda Municipal e conduziram sete agentes à Delegacia de Polícia Civil.

Durante a visita, Eliel Miranda afirmou que o Conselho Nacional acompanhará o caso até o final e classificou a ação da Polícia Militar como “uma invasão” à sede. “Não há nada mais caro para a gente do que a proteção da nossa casa. O que fizeram aqui foi invadir a casa da Guarda Municipal”, declarou.

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Miranda contextualizou que não trataria do episódio da ocorrência de trânsito que envolveu integrantes da GM e da PM porque ambos os órgãos possuem controles internos para apurar as condutas. A pauta que o levou a Parauapebas, disse, é a ação ostensiva dos militares contra as guardas municipais.

Segundo o diretor, a entidade pedirá que os policiais militares envolvidos no caso não atuem mais em Parauapebas. “O desafio agora é fazer com que os ânimos se acalmem. Isso não é sobre instituição, as instituições estão bem. Não podemos transformar isso em polícia contra guarda”, acrescentou.

A sede da Guarda Municipal em Parauapebas, de onde os PMs levaram sete agentes

COMANDANTE DA GM NEGA CRIME

Durante a reunião, o comandante da GM de Parauapebas, Carvalho, afirmou que não houve crime praticado pela guarnição que atendia à ocorrência de trânsito, e que isso será constatado com provas.

A instituição alega que foi sugerido aos militares que o próprio órgão transportasse os agentes até a delegacia, mas os policiais teriam recusado, insistindo que os agentes deveriam ser conduzidos na viatura da PM, o que de fato ocorreu. Os servidores municipais foram, inclusive, algemados.

TENSÃO ENTRE AS FORÇAS

Na segunda-feira, foi registrado um acidente de trânsito na Rodovia Faruk Salmen, no Bairro Vila Rica, envolvendo um Chevrolet Onix prata e uma moto Honda Fan preta.

Segundo informações colhidas pelo Correio de Carajás, o Chevrolet Onix teria invadido a via principal e colidido frontalmente com a motocicleta, que era conduzida por Isac dos Santos Oliveira, que seria irmão de um policial militar.

Outro policial militar, que prestava apoio à ocorrência, relatou que o condutor do carro fugiu sem ser identificado. Posteriormente, o guarda municipal identificado como Jhon se apresentou no local, como pai do motorista e acompanhado do filho, e justificou o acidente alegando que a via não possuía sinalização e que não havia preferência definida.

Em meio a isso, segundo registrado em boletim policial, o guarda teria chamado o militar de “queda de trânsito” e impedido a execução de procedimentos, como o teste do etilômetro no filho. O policial chegou a dar voz de prisão ao guarda, que teria colocado a mão na arma, mas não a sacou. A prisão, porém, não foi concluída porque outros quatro guardas, identificados como Ferreira, Matias, Monteiro e o inspetor Menezes, formaram uma barreira e impediram a ação.

Após o impasse, os guardas entraram na viatura do órgão municipal e deixaram o local, enquanto Jhon teria saído do local com o filho. Mais tarde, policiais militares foram até a sede da Guarda Municipal e conduzido os sete agentes à delegacia.

Um vídeo divulgado nas redes sociais mostra o momento da chegada das viaturas da PM à base da corporação, no Bairro Cidade Jardim. Nas imagens, o comandante da GM, Carvalho, tenta negociar com os militares: “Tenente, nós pedimos um tempo só para verificação”, diz. O policial responde: “Se o senhor impedir, o senhor também está em flagrante. Eu vou dar voz de prisão para o senhor.”

POSICIONAMENTOS

Procurada pela reportagem, a Polícia Militar ainda não se manifestou sobre o caso. A Polícia Civil também não informou qual foi o procedimento adotado no caso.

A Prefeitura de Parauapebas, por meio da Secretaria Municipal de Segurança Institucional e Defesa do Cidadão (Semsi), emitiu nota informando que acompanha com atenção o caso.

Conforme o órgão, todas as medidas cabíveis estão sendo tomadas para o esclarecimento dos fatos. Reforçou, também, o compromisso com o diálogo, o respeito institucional e a cooperação entre as forças de segurança pública que atuam no município.

Também em nota, a Associação dos Guardas Municipais de Parauapebas (AGUMP) repudiou a conduta dos servidores da Polícia Militar. De acordo com a entidade, mais de 15 viaturas invadiram a base da Guarda Municipal, algemando e conduzindo de forma arbitrária diversos guardas municipais.

Segundo a AGUMP, o impasse de trânsito já havia sido resolvido em comum acordo entre as partes na presença de agentes de trânsito. A associação classificou as ações dos policiais como ilegais e desproporcionais e afirmou que adotará medidas judiciais e administrativas cabíveis.

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