Correio de Carajás

Conselheira destaca aumento da violência contra menores em Parauapebas

Em 2020, em todo o Pará, casos de violência sexual contra crianças e adolescentes cresceram 21% em relação ao ano anterior

O caso da morte do menino Henry Borel, de quatro anos, tem chamado a atenção por ter sido possivelmente provocada por violência contra a criança por parte da mãe, Monique Medeiros, e do padrasto, o vereador Dr Jairinho, no Rio de Janeiro.

Infelizmente, no Pará a realidade não é muito diferente. Segundo dados da Fundação ParáPaz, houveram 2.643 casos de violência contra menores de idade em 2020, sendo 41% destes casos enquadrados como violência sexual.

Mãe e padrasto são suspeitos da morte do menino menino Henry Borel, de quatro anos/Foto: reprodução

Em entrevista ao Portal Correio de Carajás, Edileuza Aparecida Correa Gonçalves, titular do Conselho Tutelar 2 de Parauapebas, afirma que houve um acréscimo nos casos de violência contra crianças e adolescente também no município. Ela estima uma alta de até 90% desde o início da pandemia, citada muitas vezes como fator para o aumento dessa violência em escala nacional.

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No Pará, os casos de violência sexual contra crianças e adolescente subiram em 21% de 2019 para 2020, passando de 861 para 1.092. Nos três primeiros meses de 2021, já foram registrados 594 casos, sendo 67% destes relacionados a crimes de violência sexual.

“As famílias estão vulneráveis e afetadas pela falta de emprego” complementa Edileuza, acrescentando que, muitas vezes, já havia ali uma violência, “mas era de uma forma mais contida, que não era vista por muitos, porque o pai e a mãe iam trabalhar, os filhos iam para a escola e agora o isolamento social trouxe uma nova realidade”.

Outras consequências do isolamento social foram apontadas por Edileuza, como aumento de feminicídios e crimes contra a mulher e casos de automutilação gerados por distúrbios psicológicos (ansiedade e depressão). Segundo ela, “a vulnerabilidade aumentou em todos os sentidos e com isso as crianças e mulheres passaram a ser ‘saco de pancada’”.

Ela também reiterou que por conta das escolas estarem fechadas a identificação que poderia ser feita pelos educadores no ambiente escolar não acontece mais. “Ele [a criança] tem uma confiança maior e, aos poucos, o professor vai percebendo nas entrelinhas, vê ali uma violação, um abuso e aciona a rede de atendimento, chegando até nós [do Conselho Tutelar]”, falou a conselheira, também se dizendo educadora.

Edileuza finalizou clamando pela conscientização da população com os casos de violência: “18 de maio é o Dia Nacional do Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes; então a gente tem que fazer com que esse dia seja, de fato, um dia de conscientização e que esse combate vire realidade”.

Ela também apontou para os canais públicos de denúncia: Disque 100 (Denúncias por violação de direitos humanos, da mulher, da criança e do adolescente e do idoso) e Disque 190 (Polícia Militar). (Juliano Corrêa)