Cerca de 80% da população paraense se identifica como negra e os indicadores de saúde revelam profundas desigualdades raciais que comprometem o acesso e a qualidade do cuidado. Segundo dados do IBGE a taxa de desnutrição entre crianças negras no estado é significativamente mais alta, especialmente entre meninos pardos, com índices que saltaram de 6% para 8,5% nos últimos anos.
Além disso, a percepção da própria saúde entre adultos pretos e pardos é alarmante: mais de 62% avaliam sua saúde como ruim ou regular, refletindo não apenas condições clínicas, mas também o impacto do racismo institucional. A população negra do Pará também enfrenta maior prevalência de doenças crônicas não transmissíveis, como hipertensão e diabetes, agravadas pela dificuldade de acesso a serviços de prevenção e tratamento. Esses dados escancaram a urgência de políticas públicas que enfrentem o racismo na saúde com ações estruturantes e reparadoras.
Para a médica generalista, docente e preceptora em Atenção Primária à Saúde da Afya Marabá, Dra. Hannah de Castro Santis, o significado da data está diretamente ligado aos princípios que regem o Sistema Único de Saúde (SUS). “Quando falamos de equidade, estamos reforçando a necessidade de ações afirmativas em saúde. O racismo estrutural é reconhecido como um determinante social da saúde pela Política Nacional de Saúde Integral da População Negra”, afirma.
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Segundo a médica, embora o SUS seja universal, nem todos têm o mesmo acesso. “A integralidade exige que o paciente seja visto como um todo — sua história, seu contexto social, cultural e racial. Isso impacta diretamente no diagnóstico, no tratamento e no acolhimento”, explica.
A desigualdade racial na saúde se revela também nos números. A população negra apresenta maior incidência de doenças como hipertensão e diabetes, além de enfrentar taxas mais altas de mortalidade materna. Dra. Hannah destaca ainda os dados alarmantes sobre violência contra mulheres negras no Pará, tema de seu trabalho de conclusão de curso. “Em todas as variáveis: sexual, religiosa, moral, psicológica, financeira, as mulheres negras sofrem mais”, relata.
A médica também aponta o abandono escolar como um fator que afeta diretamente o histórico de saúde de crianças negras, associando-o à negligência, desnutrição e doenças do neurodesenvolvimento. “Tudo isso precisa ser considerado na prática clínica”, reforça.
Na Afya Marabá, ações concretas têm sido realizadas para enfrentar essas desigualdades desde a formação médica. “Vejo os alunos indo a locais de difícil acesso, levando saúde às populações vulneráveis e aprendendo a importância da escuta ativa e do acolhimento. O paciente que não é bem recebido na porta de entrada do SUS não volta mais. E isso afeta diretamente sua saúde”, alerta.
Dra. Hannah acredita que a mudança começa na atitude de cada profissional. “O médico não tem mais desculpa para dizer que não sabia. A ética, a humanização e as políticas públicas são ensinadas desde o início da formação. Cabe a nós romper barreiras, combater o preconceito e garantir dignidade no cuidado”, afirma.
Ela destaca ainda o papel transformador das ações de extensão como o PIEPI, que levam estudantes às escolas e comunidades, promovendo educação em saúde desde a infância. “É emocionante ver os resultados dessas ações. Elas mostram que é possível formar profissionais comprometidos com a equidade e com o respeito à diversidade.”
No Dia da Consciência Negra, mais do que nunca, o que todos devem entender é que cuidar da saúde da população negra exige mais do que técnica, é necessário empatia, escuta, compromisso e coragem para transformar a atual realidade. Como conclui Dra. Hannah, “o paciente pode chegar carregando uma história de dor e preconceito. É nosso papel acolher, entender e garantir que ele receba não só tratamento, mas respeito e humanidade.”
Sobre a Afya
A Afya, maior ecossistema de educação e tecnologia em medicina no Brasil, reúne 38 Instituições de Ensino Superior, 33 delas com cursos de Medicina e 25 unidades promovendo pós-graduação e educação continuada em áreas médicas e de saúde em todas as regiões do país. São 3.653 vagas de Medicina aprovadas e 3.543 vagas de medicina em operação, com mais de 24 mil alunos formados nos últimos 25 anos. Pioneira em práticas digitais para aprendizagem contínua e suporte ao exercício da Medicina, 1 a cada 3 médicos e estudantes de Medicina no país utiliza ao menos uma solução digital do portfólio, como Afya Whitebook, Afya iClinic e Afya Papers.
Primeira empresa de educação médica a abrir capital na Nasdaq em 2019, a Afya recebeu prêmios do jornal Valor Econômico, incluindo “Valor Inovação” (2023) como a mais inovadora do Brasil e “Valor 1000” (2021, 2023, 2024 e 2025) como a melhor empresa de educação. Virgílio Gibbon, CEO da Afya, foi reconhecido como o melhor CEO na área de Educação pelo prêmio “Executivo de Valor” (2023). Em 2024, a empresa passou a integrar o programa “Liderança com ImPacto”, do Pacto Global da ONU no Brasil, como porta-voz da ODS 3 – Saúde e Bem-Estar. Mais informações em: www.afya.com.br e ir.afya.com.br
