A Maçonaria é uma sociedade discreta, cujas ações são reservadas apenas aqueles que dela participam. A organização tem por princípios a liberdade, igualdade e fraternidade. O termo “maçonaria” é de origem francesa, e significa construção. O termo maçom é a versão em português do francês; maçonaria por extensão significa “associação de pedreiros”.
Em 20 de agosto se comemora o Dia do Maçom, e na noite desta quarta-feira, dia 23, uma sessão solene na Câmara Municipal de Marabá marcou a data, homenageando “pedreiros” que atuam na comunidade local ajudando pessoas carentes.
A seguir, acompanhe entrevista com veneráveis e representantes das cinco lojas existentes na cidade: Firmeza e Humanidade Marabaense; mas há também Aurora de Marabá, Trabalho e Silêncio, Pioneira da Transamazônica e a caçula Past Grão Mestre Wagner Spindola de Ataíde.
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“A Maçonaria nos ensina a sermos pessoas melhores, bons cidadãos”, expressa Fernando Silva Pacheco, advogado. Há 25 anos ele deu os primeiros passos em direção à Maçonaria. Agora, aos 34, relembra como foi o início do menino de 9 anos, que perambulava pelo salão da Loja Maçônica Pedro Ludovico Teixeira, em Goiânia.
Foi pelo exemplo paterno que a vontade de integrar na sociedade fervilhou no advogado. “Quando meu pai ia se reunir com os irmãos, eu, criança e meu irmão menor ainda, ficávamos lá pelo salão. As tias, as esposas dos maçons, se reuniam também. Havia as atividades, o Clube das Damas da Fraternidade e as crianças dos filhos ficavam lá brincando”, recorda.
E foi ali, em meio às diversas atividades que ele vivenciava, que ainda muito jovem, Fernando começou a participar da Maçonaria. Agora, revela que toda a sua história como maçom foi pautada na estrada percorrida pelo pai. “Foi pelo exemplo do meu pai, me porto como ele, no amor à causa, à ordem. Ele é muito responsável, sério em tudo que faz, aplicado em demasia”, elogia.
DE DEMOLAY A VENERÁVEL
Um pouco mais velho, aos 13, Fernando Pacheco iniciou na Ordem DeMolay, já em terras paraenses. Sua participação aconteceu quando morava em Tucuruí, onde permaneceu até os 18 anos. De lá, veio para Marabá cursar a faculdade de direito na Universidade Federal do Pará (UFPA).
A Ordem DeMolay é uma instituição regida e patrocinada por maçons, com o intuito de ajudar jovens de 12 a 21 anos a se tornarem bons cidadãos e líderes melhores. Os valores e virtudes dos membros são trabalhados alicerçados pelo espírito de fidelidade, liderança e responsabilidade.
Na jornada de Fernando, ao ter idade suficiente, o passo natural seria ingressar na Maçonaria, mas não foi o que aconteceu. O anseio por terminar a faculdade, alcançar a independência financeira e ter mais maturidade falou mais alto. “Eu acabei iniciando somente com uns 27 anos, quando senti que estava maduro e pronto. Quando senti que realmente estava preparado para ser um maçom”.
Indo além de ser apenas um membro, quando ainda estava na Ordem DeMolay, ele alcançou o cargo de mestre conselheiro. “Já como maçom, eu pude liderar a instituição a nível estadual. Ano passado fui eleito venerável e fui reconduzido esse ano para mais um mandato, talvez como o venerável mais jovem da história da loja”.
Para a Reportagem, ele revela que liderar um grupo de cerca de 50 maçons – alguns com mais tempo de Maçonaria do que ele tem de vida – é também um desafio, mas ao mesmo tempo um aprendizado. Ele frisa que na Loja Maçônica Firmeza e Humanidade Marabaense nº 6, onde é o atual venerável, o alicerce é a harmonia e sua escalada até o cargo aconteceu de maneira natural, com apoio de todos os membros.
“Enquanto venerável, tento manter esse equilíbrio. Ouvir a todos, fazer o que é melhor para a nossa loja. Tento ser sempre democrático nas decisões e com isso percebi que tenho a confiança e apoio dos meus irmãos, sejam eles os mais jovens ou os mais antigos”.
POLÍTICA E O PAPEL DA MULHER
Fernando Pacheco rememora que por muito tempo a Maçonaria enveredou pelo protagonismo político. Em Marabá, a história da cidade se confunde com a da sociedade em questão, uma vez que diversos maçons ocuparam cargos públicos no município, seja como prefeitos, vereadores, ou ainda estando presente nos nomes de ruas e escolas.
O advogado acredita que no atual cenário de intolerância política, onde alguns membros estão inseridos, o primeiro grande desafio é se revestir verdadeiramente do ‘ser maçom’. “Para que a gente possa defender nossos ideais, a democracia, a liberdade de expressão, os preceitos republicanos. Para isso, precisamos fazer da forma correta, ajudando e não de uma forma intolerante”.
Em uma associação onde política e família se confundem no mesmo ambiente, o papel da mulher não poderia ficar de fora. Além de ser o eixo dos membros, a figura feminina colabora com a Maçonaria ao integrar suas instituições, como Clube das Damas da Fraternidade, ou o Clube das Acácias, ou Fraternidade Feminina.
“Na maioria das lojas ela é responsável por organizar atividades filantrópicas e recreativas. Além disso, é uma incentivadora para que o irmão continue participando das atividades, das reuniões. Então, para que você venha para cá discutir, filosofar, crescer como pessoa, você precisa saber que a sua família também faz parte disso, que ela (mulher) te apoia”, reflete o advogado.
QUASE CENTENÁRIA
Em 2028, a Loja Firmeza da Humanidade Marabaense nº 6 irá complementar 100 anos. “A gente tem que preparar algo grandioso, como essa loja merece. Ela tem uma importância, não só para Marabá, mas dentro da nossa Grande Loja Maçônica do Estado Pará”, prevê Fernando Pacheco.
Mas ele é sucinto ao comentar sobre as comemorações dessa data tão expressiva, se contentando em revelar apenas que discussões estão sendo feitas sobre o assunto, além de destacar que devido sua larga e importante história, a loja merece essa celebração.
LEGADO DA PIONEIRA DA TRANSAMAZÔNICA
João Luiz Magnabosco, empresário, relembra que o primeiro convite para integrar a Maçonaria aconteceu quando ainda estava na faculdade, mas naquele primeiro momento ele optou por recusar a oferta. Ele conta que foi através do sogro que surgiu a vontade de se tornar maçom.
Pouco depois, ele conheceu a esposa (naquela época namorada) e como o sogro era maçom, João começou a participar dos jantares realizados após as sessões. Com isso, a aproximação com os demais membros da loja maçônica foi inevitável. “Aí houve o convite dos irmãos para adentrar na maçonaria”.
O sogro, infelizmente, não pode presenciar o momento em que João passou a fazer parte da sociedade, pois faleceu semanas antes. Naquela época ele já imaginava que em algum momento do futuro se tornaria um líder entre os maçons. Atualmente, é venerável desde janeiro de 2023 da Loja Maçônica Pioneira da Transamazônica nº 44, localizada no Bairro Novo Horizonte.
“A responsabilidade (como liderança) é primordial. Com a loja, com sua administração e com os demais irmãos. Manter a união, a concórdia e isso é muito gratificante”, compartilha o empresário.
MILENAR E SILENCIOSA
Sendo uma sociedade tida como milenar, a Maçonaria passa por uma constante renovação e reinvenção, conforme a sociedade muda, afirma João Luiz. Apesar do olhar para o presente (e futuro), ele frisa que o passado também é consultado, para que os erros e acertos sejam revistos. “Mudam os desafios, mas a gente está sempre tentando vencê-los com sabedoria”.
As ações da sociedade acabam sendo muitas vezes silenciosas, considerando que boa parte de seus serviços estão relacionados à filantropia. “A Maçonaria não divulga suas ações, não fazemos marketing e não queremos crescer em cima dos desafortunados”, compartilha.
Ele dá o exemplo de algo que ocorreu no pico da pandemia de covid-19, quando houve falta de oxigênio em alguns lugares, e sua loja maçônica cedeu dois cilindros para aqueles que necessitavam. “A gente ia, entregava e ajudava as pessoas”, finaliza.
É PRECISO QUEBRAR TABUS SOCIAIS
Fundada no dia 20 de agosto de 1982, a Loja Simbólica Trabalho e Silêncio nº 2219, ao longo de seus 40 anos de existência, tem prestado bons trabalhos para a sociedade marabaense. É o que afirma Anderson Huhn Bastos, médico e atual venerável desta entidade.
“A nossa loja tem o privilégio de ter os nomes e fotos de seus fundadores numa galeria. Os senhores Jamiro, Bispo, Pedro Pires, Antônio Joaquim, Daniel Lira Mourão e o Zé Vovô, que é muito conhecido aqui na cidade”, destaca.
Para ele, sua loja maçônica tem relevância pela filantropia que pratica, ato este que é intrínseco aos maçons. Huhn explica que as ações realizadas pelos membros da loja são organizadas e patrocinadas por eles mesmos, sem nenhum pedido de doação externa.
Esses atos solidários vão na contramão da mística criada em torno da Maçonaria, onde muitos acreditam que essa sociedade realiza rituais satânicos. Sobre isso, Anderson comenta que é uma ideia milenar, perpetuada por algumas entidades religiosas. “Eles têm essa dificuldade de aceitar o maçom. Dizem que nós temos mistérios, reuniões macabras, que existe aqui um bode preto, do qual a gente tem que fazer rituais com ele”, lamenta.
Ele é veemente ao afirmar que tudo não passa de crendice popular e detalha que a Maçonaria é regida pela Bíblia Sagrada. Inclusive, todos os trabalhos da loja são iniciados com a abertura deste livro. “Nós falamos de Deus, a quem intitulamos de Grande Arquiteto do Universo. Então, esses rituais satânicos, isso não existe, nunca existiu na realidade”, garante.
Parte desta mística vem da crença de que as reuniões maçônicas são secretas, mas ele revela que não é bem assim. O médico reflete que assim como uma empresa privada, que não faz todas reuniões abertas com funcionários, na sua associação acontece da mesma forma. Alguns encontros são realizados entre os irmãos, outros somente com a diretoria, mas não existe nada oculto por trás desses atos.
“Agora, para que você participe das reuniões, basta você ter o acesso. Se você deseja ser um maçom, receberá o convite e passará todo aquele trâmite necessário para que ingresse na Maçonaria”.
CRESCIMENTO
Atualmente, Marabá conta com cinco lojas maçônicas. Um número que reflete não só a grandeza da cidade, mas o crescimento da própria ordem dentro do município. “Isso é importantíssimo, porque, assim como todas as instituições, a Maçonaria é um crescente”, assegura Anderson Huhn.
Ao frisar que na Maçonaria nada é obrigatório, mas que tudo é voluntário, ele destaca que quanto maior o crescimento da loja, mais as ações filantrópicas irão evoluir. “Isso é importantíssimo para o mundo em que vivemos hoje”.
O FOCO DA “AURORA DE MARABÁ” SÃO AS CRIANÇAS
Com o intuito de melhorar a qualidade de vida de parte dos cidadãos marabaenses, foi fundada em 2012 a Loja Maçônica Aurora de Marabá nº 4188. Quem conta essa história é Pedro Crisóstomo, venerável-mestre desta loja, que funciona provisoriamente no prédio da Loja Trabalho e Silêncio, na Folha 16, Nova Marabá.
Chamados de obreiros, os membros da Aurora de Marabá pertencem a diversas classes sociais, moram em diferentes bairros e até municípios. Atualmente, o trabalho desenvolvido por eles é focado nas localidades mais carentes da cidade, tendo como carro chefe os serviços realizados com crianças.
“Nós temos o objetivo de trabalhar com jovens com relação à qualificação, mas ainda estamos nos organizando”, conta ele. Sobre as ações realizadas com os mais novos, Pedro detalha que são feitas a partir de atividades lúdicas, conversas e palestras.
Com uma loja formada por aproximadamente 30 irmãos, a Aurora de Marabá tem a importante missão de pregar o amor ao próximo e levar a união para seus obreiros. Atualmente na função de venerável, Pedro conta que há 15 anos envereda pelos caminhos da Maçonaria. O convite veio de um amigo, mas o chamado sempre esteve em seu coração.
“Eu passei por todo o processo que é desenvolvido para adentrar à Ordem. E hoje estou como venerável-mestre”, comemora.
OS DESAFIOS DA CAÇULA LOJA PAST GRÃO MESTE
Foi por volta dos 18 anos que Ulisses Viana da Silva, 39, advogado, começou a se interessar pela maçonaria. Naquela época, ele pouco sabia, mas já tinha a certeza que um dia se tornaria maçom.
Natural de Araguatins, ele conta que viveu cerca de três dias na cidade, pois logo sua família mudou-se para Palestina do Pará. Por lá ele morou até os 14 anos, idade em que veio para Marabá cursar o ensino médio e onde também estudou Matemática e Direito, na então Universidade Federal do Pará (UFPA).
“Em 2015, eu morava lá na Folha 30, então um amigo me falou que eu tinha um certo perfil. Ele tinha vários amigos que eram maçons e me apresentou para o meu padrinho, nosso irmão Bosco Jadão, que foi prefeito de Marabá”, relembra Ulisses. Foi graças a esse vínculo que em 2016, o advogado ingressou na Loja Firmeza e Humanidade Marabaense nº 6.
Esta organização também é responsável por patrocinar um dos capítulos da Ordem DeMolay, o Pedro Marinho de Oliveira nº 220. Ainda que não tenha feito parte desta sociedade (que recebe jovens de 12 a 21 anos), quando era mais novo, Ulisses, enquanto maçom, se tornou parte de seu conselho consultivo, sendo inclusive presidente dele até 2022. “Agora eu estou como o primeiro vigilante, como se fosse um vice-presidente”.
Sendo alguém que durante muitos anos almejou ser membro da maçonaria, Ulisses demonstra todo esse entusiasmo ao integrar não apenas uma, mas duas lojas maçônicas. Ele faz parte da Past Grão Mestre Wagner Spindola de Ataíde nº 94, da qual foi venerável-mestre em 2022.
RITOS
Uma característica da maçonaria são seus ritos. Eles são compostos por metodologias ritualísticas e diretrizes usadas para transmitir os ensinamentos e organizar as cerimônias maçônicas. Nesse contexto, cada loja opta por um protocolo específico. “A Firmeza e Humanidade Marabaense nº 6, que é a minha loja-mãe, adota o Rito Escocês Antigo e Aceito. A Past Grão Mestre Wagner Spindola de Ataíde nº 94, adota o Rito de York”, conta Ulisses Viana da Silva.
No mundo, mais de 85 ritos são praticados. A nível de Brasil, oito ou nove são exercidos e no Pará, esse número chega a quatro. Além dos já citados, existem também o ‘Rito Schröder’ e o ‘Ritual de Emulação (Rito Inglês Moderno)’. Indo mais afundo na cultura maçom, o advogado detalha que em cada rito, um determinado número de ‘graus’ é praticado.
Esta é uma hierarquia escalonada de evolução dentro dos ritos existentes dentro da Maçonaria e Ulisses explica que é semelhante a uma escola. “Você tem o básico, que são as lojas maçônicas. Nelas são apenas três graus, aprendiz, companheiro e mestre. Então, grau um, grau dois e grau três, quando você chega neste último, é mestre maçom”.
Para continuar galgando degraus mais altos, o membro da Maçonaria precisa continuar os estudos, podendo ingressar nos chamados altos graus, superiores ou filosóficos. No Rito Escocês Antigo e Aceito, os altos graus vão do 4 ao 33. Já no Rito de York, são quatro graus no ‘Capítulo do Real Arco’; três no ‘Conselho Críptico’ e três no ‘Comanderia de Cavaleiros Templários’.
APERFEIÇOAMENTO E FILANTROPIA
“A Maçonaria é uma escola de aprimoramento moral, do homem. Costumamos falar que nós não pegamos uma pessoa que seja ruim para transformar ela em uma boa pessoa”, afirma Ulisses Viana.
Ele expõe que nesta sociedade pessoas boas tornam-se melhores ainda. Os ensinamentos são transmitidos através da repetição. Ele conta que em toda sessão as mesmas coisas acontecem, o que muda, entretanto, é que cada experiência vivida se torna única. “Você ouve um irmão que faz um comentário e aquilo vai te tocando de alguma maneira. Então, a Maçonaria é isso, uma instituição muito rica e bonita”.
Indo além do aperfeiçoamento intelectual de seus membros, a maçonaria também atua com ações filantrópicas. “Temos um princípio que diz o seguinte: que o que sua mão direita dá, que a sua mão esquerda não veja”.
Ulisses lista alguns atos solidários realizados pela associação, entre eles a doação de cestas básicas, recursos para consultas médicas, exames e até mesmo cadeiras de rodas. Ele afirma que na Maçonaria, as ajudas não buscam envaidecer seus integrantes, pois esse não é o objetivo. O que importante, para os maçons, são as ações realizadas.
FUNCIONAMENTO
A Loja Firmeza da Humanidade Marabaense nº 6 foi a primeira da Grande Loja Maçônica do Estado do Pará.
Esta última foi fundada em 1927, reunindo cinco lojas que deram origem a ela, tornando a Firmeza da Humanidade Marabaense a número 6 e, ao mesmo tempo, primogênita da maior.
No final de junho, a loja completou 95 anos e ao longo dessa jornada, foi responsável por fundar outras tantas, na região sul e sudeste do Pará, e até mesmo em outros estados, como Maranhão e Tocantins.
Já a Past Grão Mestre Wagner Spindola de Ataíde nº 94 foi fundada em setembro de 2019. Pouco tempo depois, por conta da pandemia de covid-19, suas atividades ficaram paradas, sem reuniões presenciais. Sua fundação aconteceu em Parauapebas e, em 2020, o irmão Ênio Machado pediu ao grão-mestre que a loja mudasse de endereço e fosse transferida para solo marabaense. Somente em 2021 suas atividades voltaram à ativa.
“É uma loja ainda que tem muita coisa ainda para conquistar, muita coisa boa ainda por vir. Atualmente, temos 14 membros, mas a gente está gradativamente avançando nesse número de irmãos”.
Tanto a Past Grão Mestre, quanto a Firmeza da Humanidade Marabaense funcionam no mesmo prédio, com reuniões em dias alternados. Na primeira, elas acontecem às segundas e quartas-feiras. Já as da segunda, são realizadas às quintas-feiras.
E olhando para o futuro, ele almeja que em Marabá seja instalada a Comandaria Templária. “Se Deus quiser, no próximo ano, em 2024”. (Ulisses Pompeu e Luciana Araújo)