Luciana Marschall e Rayane Pontes compartilham histórias impactantes de suas carreiras e visões sobre o jornalismo atual
Theíza Cristhine
No Dia do Repórter, celebrado em 16 de fevereiro, o portal Correio de Carajás homenageia os profissionais que dedicam coragem e profissionalismo a uma função que mais parece um sacerdócio. A reportagem entrevistou as repórteres Luciana Marschall e Rayane Pontes, que compartilham as vitórias e os desafios do jornalismo.
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Luciana Marschall sempre teve uma paixão pela leitura, escrita e aprendizado, o que a levou, de forma natural, a escolher o jornalismo como profissão. Durante sua trajetória acadêmica, esse gosto se transformou em paixão, e foi nesse ambiente que ela se sentiu, de fato, realizada, como se tivesse nascido para essa profissão. Ainda enquanto cursava Comunicação Social, começou a estagiar na área e, desde então, o jornalismo foi a única atuação profissional. Para Luciana, não há outra vocação, a não ser a de ser repórter, contando histórias e informando a sociedade.
Ao longo da carreira, algumas reportagens marcaram profundamente sua trajetória, mas uma série delas, iniciada em 2011, se destacou. Naquele ano, ela era recém-formada e havia começado a atuar no Pará, quando o assassinato de José Claudio e Maria do Espírito Santo, um casal de extrativistas, chocou a região e o país. O crime, que envolvia a disputa de terras e foi cometido contra dois ambientalistas, rapidamente ganhou repercussão internacional.
Luciana, ainda jovem e sem a experiência de coberturas tão intensas, se viu diante de uma situação complexa, com desdobramentos que exigiram dela muita dedicação e sensibilidade.
A pressão popular por justiça e por uma investigação rápida e isenta fizeram com que o caso fosse acompanhado por jornalistas e entidades de todo o mundo, e Luciana, com sua visão ética e apurada, foi uma das profissionais responsáveis por acompanhar e divulgar os desdobramentos dessa história.
Durante a cobertura, Luciana vivenciou momentos de grande impacto emocional, como o dia em que acompanhou os familiares das vítimas no Instituto Médico Legal (IML). A dor dos entes queridos, o velório e o sepultamento das vítimas, bem como o julgamento posterior, foram situações que a marcaram profundamente. Não foram apenas momentos de reportagem, mas também de reflexão pessoal sobre o sofrimento humano e sobre o contexto em que vivia.
Entre todas as matérias que cobriu, o caso dos extrativistas se destaca não só pela repercussão, mas pelo impacto social que gerou, levando a uma reflexão sobre os direitos humanos, a luta por justiça e o papel da imprensa na exposição de temas tão sensíveis.
Luciana sabe que o jornalismo investigativo tem um papel fundamental nesse cenário, ajudando a trazer à tona questões que muitas vezes são ignoradas ou encobertas. Ela destaca que, para realizar uma reportagem investigativa, é preciso tempo, paciência e dedicação. Embora a motivação para uma matéria investigativa seja a mesma de qualquer outra reportagem — o desejo de contar uma história e trazer à tona informações relevantes —, o processo é mais complexo. Exige-se uma apuração mais cuidadosa e um caminho mais longo, especialmente quando se trata de casos que envolvem corrupção, injustiças ou crimes ocultos.
Em tempos de fake news e desinformação, Luciana vê o papel do jornalista como ainda mais crucial. Ela acredita que, no cenário atual, o trabalho de um profissional de jornalismo não é apenas relatar fatos, mas garantir que as informações sejam checadas com rigor. Além disso, destaca a importância do jornalista colaborar com a educação midiática, ajudando a sociedade a discernir entre o que é verdadeiro e o que é falso.
O que mais orgulha Luciana em sua carreira é o fato de ter conseguido realizar seu sonho. Quando entrou na faculdade de jornalismo, ela disse a uma professora que queria ser repórter, escrever textos. Hoje, ela faz isso em um dos maiores veículos de comunicação do país. Olhar para sua trajetória e perceber que a história foi escrita conforme ela sonhou é, para Luciana, motivo de imenso orgulho.
Por fim, Luciana acredita que o papel do jornalista na sociedade continua essencial. A profissão ainda tem o mesmo impacto e a mesma importância de antes, especialmente em tempos de propagação desenfreada de desinformação. O jornalista segue sendo fundamental para filtrar a notícia e apurar a informação com ética e rigor, desempenhando um papel decisivo na construção de uma sociedade mais bem informada. Para Luciana, o jornalismo, mais do que nunca, é um farol de verdade e compromisso com a realidade, essencial para a saúde da democracia.
A paranaense de Foz do Iguaçu, Luciana Marschall é radicada no Pará, mais precisamente no município de Marabá. A dona dos mais lindos olhos azuis é especialista em jornalismo investigativo, com reportagens premiadas ao longo da carreira. Luciana já foi repórter no portal Correio de Carajás e atualmente atua no Estadão, atuando no núcleo de checagem de fatos.
Rayane Pontes

A trajetória da cinegrafista e repórter tem início em 2008, quando Rayane Pontes se encantou pela profissão ao observar o trabalho dos profissionais em shows e eventos. A paixão por filmar e operar câmeras surgiu com o tempo, e ela começou a carreira como assistente em uma produtora, onde aprendeu a operar câmeras, mesmo enfrentando resistência. Sua perseverança chamou a atenção de sua chefe à época, que lhe deu a oportunidade de aprimorar suas habilidades.
Em 2009, Rayane, ingressou no SBT como repórter cinematográfica, desafiando um preconceito comum na região, onde não havia mulheres atuando como cinegrafistas. Ela provou seu potencial ao longo do tempo e se destacou pela coragem e dedicação ao fazer reportagens, enfrentando situações difíceis, como a cobertura de acidentes e cenas trágicas.
Ao longo da carreira, alguns casos marcaram a profissão de Rayane, como o acidente fatal de uma criança de cinco anos, onde a situação a fez refletir sobre a vida e a perda, além de uma cobertura de um atropelamento em que a repórter acompanhou, emocionada, os apelos da família da vítima.
Outro caso que a afetou profundamente foi o de Vitória, uma jovem morta de forma brutal, que a fez refletir sobre o impacto de um crime premeditado. Ela também ficou sensibilizada com o caso de Celma Mota, uma mulher em busca de justiça pelo assassinato da única filha e do enteado, que gerou uma grande repercussão e levantou questões não resolvidas até hoje. Esses momentos emocionais a levaram a se questionar sobre seu papel enquanto jornalista e a importância de dar voz a quem precisa de justiça.
Em relação à cobertura de temas e à apuração de matérias, Rayane destaca a responsabilidade de um jornalista em verificar fontes e dar uma visão equilibrada e ética das informações, sem apontar dedos, mas mostrando os fatos para que o público tire as próprias conclusões.
Durante a carreira, ela também enfrentou desafios inesperados, como quando teve que cobrir um caso em uma área de conflito no acampamento Liberdade, onde a tensão e os ânimos exaltados exigiram mais do que ela imaginava inicialmente.
Para Rayane, o papel do jornalista nunca foi tão importante como nos tempos de fake news, sendo fundamental combater a desinformação e proporcionar à sociedade informações verificadas e verídicas. Ela reconhece que o jornalismo pode ajudar pessoas, como o caso de um pai que agradeceu pela sua ajuda na obtenção de uma cirurgia urgente para o filho, e vê a profissão como uma ferramenta para promover mudanças e justiça.
Em tempos de redes sociais e informações rápidas, a profissional acredita que o impacto do jornalismo é ainda maior. Hoje, com a pressão da população e a visibilidade que uma boa reportagem pode gerar, ela reconhece que a profissão tem o poder de alcançar resultados e pressionar as autoridades para mudanças, como foi o caso da visibilidade dada a uma situação de violência em um abrigo de crianças, que finalmente gerou ações para resolver o problema. Ao olhar para sua trajetória, ela percebe que o jornalismo tem um papel ainda mais forte na sociedade atual, proporcionando respostas rápidas e impactando a vida das pessoas de maneira significativa. A parauapebense Rayane Pontes atua como repórter policial na TV Correio de Parauapebas. A paixão pela profissão, aos poucos, a levou para a frente das câmeras, tornando-se, para muitos telespectadores, uma porta-voz dos problemas e das injustiças vividos no dia a dia.