Correio de Carajás

Confusão começou após guarda abraçar mulher, diz envolvido

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O homem que se envolveu em um bate-boca com o agente da Guarda Municipal de Parauapebas Genialdo Araújo Teixeira, preso sob suspeita de balear e matar Walyson Leite da Silva, de 14 anos, no sábado (23), no Bairro Cidade Nova, durante comemoração da final da Libertadores, relatou ao Correio de Carajás que tudo começou porque a esposa foi abraçada pelo guarda.

Ele prestou depoimento à Polícia Civil e concordou em conversar com a Reportagem desde que o nome não fosse divulgado e diz estar com medo após o desfecho da discussão entre ele e o agente municipal. Conforme o homem, ele estava tomando cerveja e se divertindo quando decidiu se afastar da esposa para comunicar ao irmão que o casal já estava indo embora.

Ao retornar, viu o agente abraçando a esposa dele e se incomodou com a forma como o outro estava cumprimentando a mulher. “Eu lembro de ter tocado no ombro e falado que ela era minha esposa, era a forma como ele chegou nela, ele abraçou e não se afastou como uma pessoa amiga, eu achei muito íntimo o abraço que deu nela, então eu toquei no ombro e dei um sinal de polegar pra cima, de ‘legal’, que significava ‘hey, ela é minha esposa’”, conta.

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Em seguida, afirma, deu um passo para trás e o homem que ele reconhece como sendo o agente se aproximou e perguntou o que a testemunha queria. “Eu falei que ela era minha esposa e achei o abraço muito íntimo, mas beleza, como quem dá o assunto como encerrado. Ele disse ‘beleza, mas eu conheço ela há muito mais tempo que você’. Eu disse que isso era irrelevante porque ela é minha esposa e disse ‘mas beleza’, encerrando o assunto. Eu achando que o assunto estava encerrado, mas em seguida ele surtou”, afirma.

Conforme a testemunha, recebeu um soco no peito desferido por Genialdo que, em seguida, sacou a arma. “Dei um salto pra trás com o murro que ele me deu e permaneci no local, em pé, por que vou fazer o que com uma pessoa armada? Ele sacou a arma e foi dando passos pra trás falando pra eu ir pra cima. Ele se afastou uns quatro ou cinco metros e nisso alguém arremessou cerveja nele e na multidão. Acredito que pela irritação de ter caído cerveja nele efetuou um disparo, não pra cima e nem em direção a uma pessoa, mas meio inclinado, próximo da cabeça das pessoas. Acredito eu que não foi esse que atingiu a criança, houve um segundo disparo, porém esse segundo disparo eu não ouvi”.

De acordo com ele, assim que disparou a primeira vez o homem armado correu em direção ao Banco do Brasil, mas foi perseguido por várias pessoas. “Alguém gritou que ele estava voltando e eu, com medo, peguei minha moto e fui embora imediatamente e não vi o suposto segundo tiro”. Questionado se reconhece nas fotos do guarda que circularam em redes sociais o homem armado, a testemunha diz não haver dúvidas que se trata da mesma pessoa. “Com certeza foi ele, com certeza”.

A testemunha conta que sequer sabia que alguém havia sido alvejado antes de chegar em casa, “Cerca de meia hora depois entrei nas redes sociais e vi que alguém havia sido baleado, áudios e vídeos no Whatsapp. Sinto medo porque o sistema nem sempre é a favor da população, tenho meus motivos para ter medo”, acrescenta, informando que nunca havia visto o guarda anteriormente. (Luciana Marschall e Ronaldo Modesto)