📅 Publicado em 11/11/2025 16h42
No primeiro dia de COP30, segunda-feira (10), discussões sobre tecnologia ganharam força na capital paraense. Nesse sentido, o “Green Digital Action Hub” e o “AI Climate Institute” despontam com uma visão única sobre uma transformação digital justa e equipando os países em desenvolvimento com dados, ferramentas e treinamento para projetar suas próprias soluções climáticas.
Já na “Agricultural Innovation Showcase”, o Brasil, os Emirados Árabes Unidos e a Fundação Gates anunciaram um investimento de 2,8 bilhões de dólares em novos compromissos. Também lançaram um modelo de IA de código aberto voltado para a agricultura, com o intuito de capacitar 100 milhões de agricultores até 2028.
Ainda sobre recursos financeiros, líderes globais impulsionaram o apoio monetário para ajudar países a se adaptarem e resistirem às mudanças climáticas. Nações de baixa e média renda agora contam com duas novas frentes de financiamento: o “Fundo de Resposta a Perdas e Danos”, ativado rapidamente e já pronto para financiar projetos, e um pacote de mais de 26 bilhões de dólares dos Bancos Multilaterais de Desenvolvimento (BMDs) para 2024.
Leia mais:Por sua vez, a “Declaração de Belém sobre Fome e Pobreza” foi outro avanço importante. Anunciada na semana passada com o apoio de 44 países, ela criou uma nova parceria focada em duas áreas: proteção social resiliente ao clima e financiamento para pequenos agricultores. O progresso visto no dia 1 gerou otimismo, sugerindo que a tecnologia de adaptação está ajudando a transformar vulnerabilidade em força e ambição em ação.
AÇÕES E RESULTADOS PRINCIPAIS
Negociações:
– A COP30 se inicia em um espírito de colaboração, com as partes unidas em torno da agenda:
A adoção da agenda negociada no primeiro dia da COP30 é uma poderosa afirmação de unidade global, sinalizando o compromisso coletivo da comunidade internacional com o multilateralismo e a ação climática conjunta. Em um momento de crescentes tensões geopolíticas e ambientais, esse consenso precoce demonstra a determinação mundial em cooperar além das diferenças e implementar soluções urgentes que protejam as pessoas, acelerem o Acordo de Paris e construam um futuro mais seguro e sustentável.
“Preciso agradecer a todas as delegações pelo fantástico acordo alcançado sobre a agenda na noite passada. Esse acordo não apenas nos permitirá começar a trabalhar intensamente já hoje, como também nos ajudará a explicar ao mundo por que as questões adicionais levantadas são realmente importantes”, celebra o embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30.
– Operacionalização rápida do Fundo de Resposta a Perdas e Danos:
O Fundo de Resposta a Perdas e Danos (FRLD) foi operacionalizado em tempo recorde e lançou seu primeiro edital de 250 milhões de dólares, passando do desenho à execução e abrindo um canal crucial de apoio para países em desenvolvimento na linha de frente da crise climática.
“Esta é uma COP da implementação. Hoje temos grandes novidades nesse sentido. O Fundo de Perdas e Danos, que foi criado recentemente na COP28, já começou a operar. Eles lançaram um edital de 250 milhões de dólares, mostrando a rapidez com que esse fundo, criado há menos de dois anos, já está se movendo para a implementação”, afirma Ana Toni, CEO da COP30.
– Embaixador André Corrêa do Lago é eleito Presidente da COP30:
O embaixador André Corrêa do Lago foi eleito presidente da 30ª Conferência das Partes da ONU sobre Mudanças Climáticas. Ele conduzirá os trabalhos e liderará a agenda ao longo do próximo ano, para acelerar a implementação climática.
AGENDA DE AÇÃO
– Liderança e ação por um futuro digital verde
As partes lançaram o Green Digital Action Hub, uma nova plataforma de cooperação online para aproveitar a inovação tecnológica contra as mudanças climáticas, sediada no Brasil como um legado da COP30. O GDA Hub fornecerá ferramentas, conhecimentos e dados para ajudar as nações a ampliar as tecnologias verdes, reduzir o impacto ambiental da tecnologia e garantir o acesso a soluções digitais sustentáveis para todos. Com base na Declaração da COP29 sobre Ação Digital Verde, apoiada por 82 países e mais de 1.800 partes interessadas.
– Lançamento do AI Climate Institute:
O AI Climate Institute (AICI) – uma nova iniciativa global lançada na COP30 – visa capacitar pessoas e instituições em países em desenvolvimento para utilizar a inteligência artificial (IA) em ações climáticas. Com base na equidade e na sustentabilidade, a AICI se empenhará em promover a IA como uma ferramenta de empoderamento, permitindo que os países hemisfério sul projetem, adaptem e implementem suas próprias soluções climáticas baseadas em IA, incluindo modelos leves e de baixo consumo de energia adequados aos contextos locais. O instituto oferecerá programas de treinamento (oficinas para formuladores de políticas sobre conceitos de IA, dados climáticos e exploração de casos de uso; laboratórios avançados para profissionais técnicos; experiência prática na construção de aplicações de IA eficientes em termos de recursos e do mundo real) e um “Repositório de Aprendizagem Digital” com cursos e estudos de caso sobre aplicações climáticas em diferentes setores.
– Lançamento do Nature’s Intelligence Studio:
▪ Apresentando a Amazônia e outras regiões biodiversas como polos de modernização, o Studio impulsionará a inovação inspirada na natureza para o desenvolvimento sustentável local. Liderado pela Universidade de Oxford (TIDE Centre) em parceria com o INPA e o Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), o estúdio terá sede na América Latina e no Caribe, inicialmente em Belém.
▪ Promoverá a pesquisa, o envolvimento político e modelos legislativos para proteger inovações inspiradas na biologia e garantir a partilha de benefícios para os inovadores locais e as comunidades que salvaguardam o banco de ideias da biodiversidade.
▪ Em 14 de novembro, o Studio lançará um “ideathon” com o CAF para apoiar inovadores que desenvolvem soluções inspiradas na natureza, além de apresentar o Atlas de Energia das Inovações da Natureza, uma ferramenta aberta de IA que conecta desafios energéticos da indústria a soluções biomiméticas.
– Acelerando a Infraestrutura Pública Digital (DPI) e os Bens Públicos Digitais (DPG) para o Clima:
O Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos do Brasil, a Aliança de Bens Públicos Digitais (DPGA) e a ITS Rio publicaram um Plano para Acelerar Soluções (PAS) que inclui o lançamento da Coleção DPG Clima. Ele é um repositório global de Infraestrutura Pública Digital (DPI) e Bens Públicos Digitais (DPG), oferecendo mais de 20 ferramentas de código aberto para pelo menos 30 países, que podem aplicar essas inovações em questões como resposta a desastres, energia, água e agricultura.
– Desafio de Inovação DPI para Pessoas e Planeta:
Lançado em conjunto com a JICA, Co-Develop, Fundação Gates, Centro de Infraestrutura Pública Digital (CDPI) e Boston Consulting Group (BCG), e em parceria oficial com a presidência da COP30, este desafio selecionou cinco inovadores que desenvolvem soluções transformadoras baseadas em Infraestrutura Pública Digital (DPI) para resiliência climática e social, concedendo a cada um deles 100 mil dólares em financiamento para apoiar o desenvolvimento e os testes de campo de suas soluções. Os vencedores incluem Trust Carbon, Kazam, Akvo, Rahat e Circularise.
– Declaração conjunta dos bancos multilaterais de desenvolvimento para a COP30:
▪ Em Belém, os Bancos Multilaterais de Desenvolvimento (BMDs) anunciaram que, desde 2019, duplicaram o apoio a investimentos em adaptação, destinando mais de 26 bilhões de dólares para economias de baixa e média renda em 2024.
▪ Para impulsionar ainda mais esse esforço coletivo em direção ao investimento em adaptação, os MDBs lançaram uma nova estrutura para o financiamento da natureza, incluindo: (i) Princípios Comuns para Acompanhar o Financiamento da Natureza e (ii) Guia Prático para a Seleção de Métricas de Resultados. Essas ferramentas foram projetadas para auxiliar no desenvolvimento de produtos financeiros de alta qualidade e atrair mais capital privado para a natureza.
– Campanha Corrida pela Resiliência:
▪ Liderada por mais de 40 iniciativas parceiras e 1.700 membros em 164 países, a campanha anunciou que 437 milhões de pessoas (cerca de uma em cada 18 pessoas) agora vivem com maior resiliência climática, apoiadas por 4,18 bilhões de dólares em financiamento para adaptação e melhor proteção de 18 milhões de hectares de ecossistemas.
▪ Esse esforço de acompanhamento, o primeiro do tipo liderado por atores não estatais, mostra o progresso coletivo em direção à meta de alcançar 4 bilhões de pessoas até 2030, demonstrando que a adaptação inclusiva, liderada localmente e viabilizada por financiamento não apenas protege vidas, mas também gera oportunidades, equidade e desenvolvimento sustentável em todo o mundo.
– O papel fundamental do combate à fome e à pobreza pela justiça climática:
Uma nova Parceria para a proteção social resiliente às alterações climáticas e o financiamento da agricultura familiar foi lançada na segunda-feira, no âmbito da agenda de ação da COP30. A parceria promove o Plano para Acelerar Soluções (PAS) com objetivos claros e mensuráveis para impulsionar ações e acompanhar o progresso, incluindo o apoio a planos nacionais de implementação liderados pelos países para a proteção social adaptativa, a agricultura familiar e o acesso a soluções hídricas no Benim, Etiópia, Quênia, Zâmbia e República Dominicana.
▪ Até 2028, o plano estabelece um grupo de coordenação conjunta de doadores de financiamento climático para alinhar carteiras em apoio aos esforços de combate à fome e à pobreza.
▪ O lançamento se baseia na adoção, em 7 de novembro, da Declaração de Belém, assinada por 44 países. Este é um compromisso histórico desenvolvido com a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza.
– Agricultura Inteligente para o Clima em Escala:
▪ Duas ferramentas digitais inovadoras foram lançadas para apoiar a agricultura inteligente para o clima em escala. O Brasil e os Emirados Árabes Unidos, em parceria com a Fundação Gates, o Google e instituições agrícolas globais de destaque, anunciaram o primeiro Modelo de Linguagem de Grande Escala (LLM) de código aberto do mundo voltado à agricultura, um avanço em direção a um sistema alimentar global mais resiliente e equitativo.
▪ A ferramenta de previsão “AIM for Scale”, centrada nos agricultores, pode empoderar mais de 100 milhões de produtores até 2028 com informações em tempo real, fortalecendo a tomada de decisões climáticas inteligentes, a preparação para riscos e a inovação inclusiva em sistemas agrícolas em todo o mundo.
– Mostra de Inovação Agrícola, 2,8 bilhões de dólares para adaptação e resiliência de agricultores e fortalecimento dos sistemas alimentares globais:
▪ Doadores internacionais (Fundação Gates, Community Jameel, Escritório de Desenvolvimento, Commonwealth e Relações Exteriores do Reino Unido, Global Methane Hub, Ministério das Relações Exteriores da Dinamarca, Fundação Novo Nordisk) anunciaram mais de 2,8 bilhões de dólares para adaptação e resiliência de agricultores, para fortalecer os sistemas alimentares globais.
▪ Em apoio ao chamado da presidência brasileira da COP30 para fazer desta a “COP da implementação”, os compromissos visam ampliar o apoio a pequenos agricultores em regiões mais pobres que enfrentam os impactos mais severos dos eventos climáticos extremos. Os fundos serão investidos em tecnologias e ferramentas para ajudar agricultores a se adaptarem, construírem resiliência e fortalecerem sistemas alimentares locais que alimentam e empregam bilhões de pessoas.
MOBILIZAÇÃO GLOBAL
– A segunda-feira foi marcada pela abertura oficial da zona verde da COP30, o espaço dedicado da Cúpula onde sociedade civil, instituições públicas e privadas e líderes globais se conectam para promover soluções climáticas concretas, ampliar o diálogo público e fortalecer novas redes e alianças.
▪ Em um painel sobre “O Papel da Mobilização Popular no Enfrentamento da Crise Climática”, Mikaelle Farias, jovem ativista da equipe de Campeões Climáticos Jovens da Presidência da COP30, falou sobre as ações voltadas à inclusão de crianças e jovens no centro desses espaços de negociação oficial, as iniciativas em andamento, como o Acampamento Cidade das Juventudes, e os esforços para garantir que jovens e crianças sejam mencionados nos textos finais das negociações da COP30.
“Esta é a COP com a maior participação de crianças e jovens dos últimos três anos. Estamos vivendo um momento simbólico aqui em Belém, que mostra nossa capacidade de unir forças, construir esforços coletivos e nos mobilizar para enfrentar a mudança do clima”, diz Mikaelle. (Com informações da equipe de Comunicação da COP30)

