Correio de Carajás

Comissão do Ministério da Saúde é contra canetas emagrecedoras no SUS

O custo elevado dos medicamentos foi uma das justificativas ao parecer contrário. Outro argumento foi a necessidade de acompanhamento especializado, como suporte psicológico e mudanças no estilo de vida, que dificulta a implantação em larga escala no SUS.

Foto: Fernando Frazão

A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) recomendou barrar a inclusão dos medicamentos Wegovy (semaglutida) e Saxenda (liraglutida) na rede pública de saúde para o tratamento da obesidade. Os remédios são conhecidos como canetas emagrecedoras.

A reunião do Conitec aconteceu no dia 8 de maio, mas o vídeo do encontro só foi publicado nesta terça-feira (13) no canal do órgão no Youtube.

Os membros da comissão fizeram a apreciação inicial do pedido de inclusão da semaglutida para o tratamento da obesidade graus dois e três em pacientes sem diabetes com idade a partir de 45 anos e com doença cardiovascular estabelecida. Eles recomendaram o encaminhamento à consulta pública, mas com parecer desfavorável.

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No caso da liraglutida, a apreciação inicial foi para a inclusão no tratamento da obesidade e diabetes mellitus tipo 2. A recomendação e o parecer foram iguais ao da semaglutida.

A partir de julho, por decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), será obrigatória a retenção de receita médica para venda de medicamentos como Ozempic, Wegovy, Saxenda e similares.

Custo elevado para o SUS

 

O custo elevado dos medicamentos foi uma das justificativas da comissão para dar parecer contrário. A análise de impacto financeiro apresentado na reunião mostrou que a inclusão da semaglutida representaria um gasto de, no mínimo, R$ 3,4 bilhões em cinco anos, podendo chegar até R$ 7 bilhões.

Outro argumento foi que, para a utilização eficaz desses medicamentos, é necessário um acompanhamento especializado como suporte psicológico e mudanças no estilo de vida, por exemplo. Isso, segundo a Conitec, poderia dificultar a implantação em larga escala no SUS.

Para Maria Edna de Melo, membro da Comissão de Relações Institucionais e Políticas Públicas da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, a decisão do Conitec preocupa porque os pacientes do SUS vão continuar sem acesso a tratamento por meio dos medicamentos. “O que se tem de tratamento estruturado para obesidade, hoje, é a cirurgia bariátrica, mas conseguir uma é muito difícil”, diz a especialista.

O que acontece agora

 

O parecer da Conitec não é definitivo. As contribuições recebidas durante a consulta pública serão incluídas em um relatório técnico. Esse documento é analisado pela comissão, que pode confirmar ou mudar o parecer contrário inicial.

A decisão, então, é encaminhada para a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação e do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (Sectics), responsável pela Política Nacional de Ciência e Tecnologia em Saúde.

Poderá haver novas audiências públicas e outra discussão na Conitec, mas a decisão final é da Sectics.

(Fonte:G1)