Correio de Carajás

Comerciantes e comerciários protestam contra lockdown em Parauapebas

Comerciantes e funcionários fecharam a entrada da Rua do Comércio, no Bairro Rio Verde, em Parauapebas, na manhã desta quarta-feira (24), em protesto contra o lockdown decretado pelo prefeito, Darci Lermen, e em vigência desde o último domingo (21), tendo prazo inicial de sete dias.

Segurando faixas que defendem comércio como essencial para a sobrevivência das famílias, os manifestantes se posicionaram no semáforo entre a Rua do Comércio, a Avenida Liberdade e a Rodovia PA-275. Muitos motoristas que passavam pelo local buzinavam em apoio às pessoas que participavam do protesto.

Para Aglison Paz, que possui uma loja de colchões e emprega dois funcionários, a semana parada soma prejuízo de aproximadamente R$ 20 mil. “Nós temos alugueis, nós temos os impostos para pagar e tá difícil, já estamos há três dias parados e estão chegando os boletos. Precisamos trabalhar. É trabalhar o que queremos”, declarou.

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Ele defende que os comerciantes têm noção da crise da saúde no município, que registrou 100% de ocupação dos leitos privados e do Sistema Único de Saúde (SUS) nesta terça-feira (23), mas alega que enquanto os comércios estão fechados há muita gente transitando sem necessidade, mesmo com lockdown decretado. 

Aglison Paz critica decisão de fechar o comércio

“A saúde está nessa situação não é por causa do comércio, que está fechado enquanto o trânsito segue normal. As pessoas estão saindo de casa pra ir pra outros lugares. No comércio, pelo contrário, entra um, dois, faz compra seguindo os protocolos de segurança e vai pra casa”, defende.

Ele criticou, também, a atual medida de confinamento da população enquanto no segundo semestre do ano passado políticos realizavam comícios, causando aglomeração na cidade. “Em novembro o prefeito (Darci Lermen) colocou inúmeras pessoas na Rua do Comércio. Nós tivemos que fechar as nossas lojas porque as pessoas estavam entrando, então ele estava defendendo o pão de cada dia dele e da sua família. Ele ganhou a eleição, está gerindo a cidade, mas não pode tolher o direito de cada um trabalhar”, afirma.

Charles da Silva emprega 12 funcionários em uma loja de tecidos e também protesta contra o fechamento. “Dia 5 já tenho que fazer pagamento e para os nossos colaboradores que ganham comissão está sendo muito ruim, porque diminuiu o faturamento e todo mundo tem compromisso”, comenta.

Charles Silva prevê prejuízo de R$ 50 mil nesta semana

O comerciante acrescenta que os estabelecimentos fechados são considerados pequenos e poderiam atender seguindo regras sanitárias. “Não tem esse tanto de aglomeração que o pessoal fala. A maioria é pequeno comerciante. Hoje eu tenho doze funcionários e são doze famílias, independente de funcionar eu tenho que pagar”, diz, calculando sofrer prejuízo de R$ 50 mil ao passar uma semana parado.

George acredita que o lockdown não irá resolver a crise de saúde

O funcionário dele, George Richard, também participou da mobilização defendendo a abertura do comércio. O vendedor acredita que o lockdown não irá frear a propagação do vírus e ainda aumentará a crise vivida por muitas famílias. “Disso sai o sustento da nossa família. Com o fechamento de todas as lojas, além da propagação desse vírus, as pessoas ainda ficam sem alimento e a fome também mata”, encerrou. (Luciana Marschall)