Correio de Carajás

Com os brincantes na arena, a diversidade entra em cena

Em um ano em que o debate sobre a tradicionalidade das quadrilhas juninas está em alta, a fuga aos padrões de gênero vem tendo destaque nos grupos culturais

O casal diversidade (de rosa) foi destaque na junina Balão Dourado/ Fotos: Evangelista Rocha

Conforme o dicionário Michaelis, diversidade pode ser definida como: “Conjunto que apresenta características variadas; multiplicidade”. E aqueles que estiveram presentes na terceira noite do 36º Festejo Junino de Marabá, no domingo, 25, puderam presenciar esse significado na prática. Seja nas juninas ou nos grupos de boi-bumbá, estereótipos foram quebrados e a pluralidade dos brincantes foi abraçada pela força da cultura regional.

O boi-bumbá Brilho da Noite teve uma presença masculina entre suas indígenas

Já no primeiro boi que adentrou a arena, o Brilho da Noite, a lâmpada da diversidade foi acesa. Em meio às dezenas de mulheres caracterizadas de indígenas, uma presença masculina chamou a atenção do CORREIO. Caracterizado com o mesmo figurino de suas colegas, o brincante chamou a atenção pela presença de palco marcante, além do gingado e da simpatia.

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Mas ele não foi a única presença masculina a ocupar um espaço tradicionalmente feminino. Duas, das três juninas adultas do grupo B, levaram à arena pelo menos um casal composto por pessoas do mesmo sexo. A Rei do Sertão levou quatro casais com essa configuração, sendo que um deles é formado pela Rainha da Diversidade da própria junina, assim como a Balão Dourado, que também apresentou um casal de destaque formado por dois homens.

Os mais conservadores talvez torçam o nariz para este fato, mas não se pode negar que essa inclusão vem acontecendo com força, e os pares formados por dois homens, em alguns casos, tem uma performance superior à dos tradicionais.

Do outro lado da moeda, as mulheres também estão ocupando espaços marcados pela presença masculina, mas de maneira um pouco mais tímida. O boi Brilho da Noite levou a diversidade para o meio dos tocadores de tambor, colocando uma presença feminina para figurar entre os homens. Entoar o instrumento por cerca de meia hora não é tarefa fácil, e ter uma integrante feminina com essa função é uma emblemática representação da força e resistência desse gênero.

Entre os tocadores de tambor, uma mulher marcou presença

SHOW DE FOFURA

Grupos culturais à parte, a presença infantil na arena causou uma explosão de fofura no público que acompanhou as apresentações. Nas juninas mirins a participação dos pequenos é uma certeza, mas não diminuiu os suspiros e sorrisos diante das performances.

O trio fofura da Splendor mirim tirou suspiros do público

Na Splendor mirim que explorou o tema contos de fadas, um trio roubou a cena. Com vestidos coloridos e saias que não pararam de balançar, as três menininhas deram um show à parte. Enquanto os casais da junina dançavam conforme a coreografia, as pequenas brilharam à frente da apresentação e depois em um mini palco, preparado especialmente para elas.

Os pequenos da Gigantes do Norte homenagearam o festejo do Divino Espírito Santo

Entre os brincantes de boi-bumbá, as crianças também foram inseridas. Algumas delas incorporaram os bois pequenos, outras estavam caracterizadas de indígenas, e ainda teve aqueles que integraram o grupo de percussão.

Um segundo trio fofura integrou o boi Brilho da Noite

E um detalhe: seja nas apresentações de 20 minutos, ou nas de 30, os pequenos brincantes mantiveram o ritmo e a empolgação no mesmo nível que os adultos. (Luciana Araújo)