“Seis anos de espera, cansamos das promessas”. Esse é o grito de manifesto cantado por dezenas de alunos, pais e professores do Colégio Gaspar Vianna, na manhã desta sexta-feira (23), em frente à obra, na Folha 16, Nova Marabá. O canto ecoa como forma de reinvindicação à demorada reconstrução da escola Gaspar Viana, que já dura seis anos.
Com cartazes e faixas, os alunos cobram a finalização da obra que está paralisada. O professor de matemática, Henoc Gomes, pede com urgência que as obras sejam retomadas, e relembra que já foram feitas outras manifestações pedindo a recolocação desses alunos em sala de aula. “Há seis anos reivindicamos uma estrutura nova para essa escola, foi quando começou a obra e nossos alunos foram deslocados para um prédio alugado” argumenta.
Com o início da construção da escola, cerca de 400 alunos que estudam no período de 7h30 às 16h30, tiveram que ser deslocados para um prédio alugado pela rede estadual. Mas, o que parecia ser provisório se tornou um pesadelo.
Leia mais:O professor conta que o prédio alugado, que fica na Folha 30, na Nova Marabá, está em condições precárias, as salas estão com infiltração, a instalação está comprometida, não possui ventilação adequada, além dos banheiros que não satisfazem a quantidade de alunos. “Uma escola de tempo integral tem que ter um ambiente saudável para uma educação de qualidade, por isso, partiu deles essa vontade de lutar por seus direitos” finaliza.
Sara Lima, de 17 anos, é estudante do terceiro ano do ensino médio e lamenta a precariedade em que ela e os demais colegas estudam: “Queremos a nossa escola, nós não temos água gelada, falta refrigeração nas salas, e portas nos banheiros”, relata. Segundo a estudante, ela e os demais colegas já chegaram a assistir aula com professores lecionando com guarda-chuva dentro da sala por causa de goteiras e falta de infraestrutura.
Assim como Sara, Ademar Franco, estudante do primeiro ano, reclama da precariedade de uma forma geral, bem como a maneira direta que são afetados no aprendizado, decorrente de todos os dilemas que vivem ao longo do ensino médio: “As salas ficam alagadas, e as luzes não funcionam. É complicado estudar assim”, reclama ele.
Lindair Assunção é dona de casa e foi à manifestação acompanhada da filha, que é aluna do primeiro ano. Ela diz que se entristece em ver as condições de estudo em que os adolescentes chegaram: “Minha filha é PcD, autista, então é necessária uma escola em boas condições”, adverte.
Além do atraso da obra, ainda há outro impasse, motivo pelo qual os alunos reivindicam o quanto antes a entrega da escola Gaspar Viana. A possibilidade de o prédio alugado não estar mais disponível, e ser pedido pelo proprietário para a desocupação. Segundo o professor Henoc, se isso acontecer, não haverá outro lugar na Folha 30 que suporte a quantidade de alunos para a continuação das atividades escolares.
A manifestação em Marabá faz parte de uma paralisação convocada pelo Sintepp (Sindicato dos Trabalhadores na Educação Pública do Pará), em todo o Estado, como indicativo para greve. Na pauta, a redução da quantidade de aulas em algumas disciplinas, que agora têm apenas uma aula por semana. Também está sob crítica a inclusão do chamado Itinerários de percurso formativo e projeto de vida.
Em Belém, houve uma grande mobilização em frente ao Ginásio do curso de Educação Física da UEPA.
Procurado pela Reportagem do CORREIO, Magno Barros, coordenador da Diretoria Regional de Educação, com sede em Marabá, garantiu que o contrato com a proprietária do prédio onde as aulas da Escola Gaspar Viana estão sendo realizadas está em vigor, e que os pagamentos do aluguel estão em dia.
Em relação o atraso nas obras, João Chamon Neto, secretário Regional de Governo, disse esta semana na Câmara Municipal que houve judicialização do processo, mas garantiu que nas próximas semanas o governo do Estado vai retomar as obras para sua conclusão o mais breve possível. (Milla Andrade)