O alfabeto surgiu há mais de 5000 anos na Mesopotâmia, desde então a arte da escrita foi se desenvolvendo, passando a ser utilizada não apenas para registrar os acontecimentos, mas também para transportar o leitor para outro mundo. Os livros têm o poder de emocionar o leitor, ao fazê-lo se identificar com o tema tratado. Mas para que esses escritos cheguem até os leitores, eles devem ser publicados. E é precisamente ao tentar achar uma editora que acredite em suas ideias, que os escritores enfrentam uma grande dificuldade.
O desenvolvimento das mídias digitais forneceu uma plataforma alternativa para que os escritores não precisem ficar anos esperando a resposta de uma editora. Atualmente, através de sites, blogs, páginas e mesmo perfis de redes sociais, os escritores podem divulgar seus trabalhos de forma gratuita. Nesse contexto, diversos escritores vêm se destacando e fortalecendo seu nome com a ajuda do universo virtual. Nesta Reportagem, apresentamos ao leitor do Correio quatro escritores paraenses que já fazem sucesso em ambiente digital.
Apaixonada por Machado de Assis desde os 14 anos, Gisele Sousa Rocha (mais conhecida entre seus leitores como Gisa SR) começou a escrever suas próprias histórias após ficar decepcionada com o final de um livro.
Leia mais:“Hoje como autora eu percebo que os personagens decidem seu próprio final”, diz ela entre sorrisos.
Aos 28 anos, Gisa já acumula mais de 200 mil páginas lidas na plataforma de publicação de ebooks (livros digitais), Kindle. Dos 11 livros publicados digitalmente, um deles já ganhou sua versão impressa e um segundo está em vias de se tornar físico.
“Sempre tive a mente bem fértil, com pensamentos a 200 por hora”, compartilha animada. Sua criatividade para a escrita fluiu enquanto ela assistia ao filme “Uma Linda Mulher”. Naquele momento nasceu a inspiração para o primeiro livro de Gisa.
Foi durante a recuperação de um pé quebrado que a jovem produziu sua primeira obra. A princípio, Gisa difundiu sua história na plataforma Wattpad e por lá ela conquistou milhares de leitores, que a acompanham até hoje.
Com foco no público feminino, seus livros se dividem entre enredos românticos de época e também contemporâneos. Gisa escreve sobre vivências reais, carregando em suas palavras dramas e problemas que são compartilhados por pessoas do mundo real, mas no contexto da ficção. Ela sente que ao gerar esse tipo de identificação no leitor, o interesse pela história aumenta.
Nascida em Rondon, atualmente ela divide sua morada entre as cidades de Marabá e Bom Jesus do Tocantins. Para a reportagem do CORREIO, a jovem explica que escrever personagens ambientados fora da região amazônica torna o trabalho mais complicado, sendo preciso, por exemplo, lapidar gírias e o modo de falar dessas figuras.
Inclusive, a escritora adianta: um de seus projetos futuros incluirá um personagem marabaense.
Gisa ressalta que publicar de maneira independente em plataformas digitais tem, dentre as partes boas, a liberdade de não precisar da aprovação de uma editora e nem de ser condicionada ao cronograma de publicação desta.
Além disso, a facilidade do contato com o público é outro ponto positivo. “Essa proximidade com o leitor facilita o seu tempo de lançar, o seu tempo de escrever e seu próprio planejamento. Você consegue fazer um lançamento no seu tempo, sem pressão”.
Essa aproximação a surpreendeu no início da carreira e a jovem sente que esse sentimento nunca vai passar, independente de quanto tempo transcorra. E, para manter essa relação de contato com suas leitoras, usa e abusa de grupos do Whatsapp, conversas pelo Instagram, e demais artifícios que possibilitam esse aconchego entre o público e a escritora. Para ela esses detalhes são benéficos para o desenvolvimento do seu trabalho.
Fora isso, a estratégia de marketing é outro fator que ocupa espaço na mente da jovem escritora. Através de suas redes sociais, Gisa cria o buzz em torno de suas obras, gerando expectativa em suas leitoras e aumentando o interesse em torno de suas produções. Pelo Instagram, ela compartilha recortes do seu dia a dia e do processo de escrita. Além de repostar reações que as leitoras têm, conforme avançam nas leituras de suas obras.
Apesar de estar cercada de pessoas que a ajudam em todas as etapas do processo de criação, divulgação e pós-produção, as dúvidas quanto à recepção das obras permeiam a mente da escritora diariamente.
“Será que esse livro vai alcançar o público? Será que elas vão gostar? Será que estou no caminho certo? Essa incerteza é bem complicada”, analisa.
Mesmo com as dúvidas e receios, a autora não desanima de seu trabalho, que já vem rendendo frutos. O mundo dos livros elevou o nome de Gisa a nível nacional. No início deste mês de julho ela participou da Bienal do Livro, em São Paulo, uma das mais importantes feiras literárias do país. Além disso, sua segunda obra impressa está em processo de publicação.
O próximo livro da autora está, inclusive, quase saindo do forno. Em breve ela publicará o quarto volume da série Amores Reconstruídos.
E para aqueles que desejam trilhar o mesmo caminho que ela, Gisa aconselha: “Tenha medo, mas que ele seja dosado. Persista, não tente uma receita de bolo. Escute os seus personagens e, jamais, independente das adversidades, se amedronte, não deixe para depois ou espere a perfeição. Ela não existe, sempre existirão pessoas que não gostaram dos seus livros”.
SINOPSE DO LIVRO “CAPITU”
Uma mente confusa, no corpo de uma jovem mulher de feições gentis e sorriso doce, que esconde em seu íntimo uma dor profunda. Romântica, Capitu procura um amor igual ao das páginas dos romances que devora, mas falha em sua busca.
Abandonada em um momento difícil e infeliz, ela não vê mais solução para sua vida e toma uma atitude drástica que mudará seu destino para sempre.
Tiberius é um homem de várias facetas, um leitor de romances inveterado, que tem a vida bem arquitetada e minuciosamente planejada. Médico dedicado, vai precisar pôr todo o seu conhecimento à prova para ajudar Capitu, a mulher que serpenteava seus sonhos, morava em seus pensamentos.
Dois caminhos diferentes, que se cruzam por acaso. Duas almas quebradas, mas que juntas encontram um no outro a sua redenção…
(Luciana Araújo)