Correio de Carajás

Coluna Carlos Mendes

Fonte e crime

O sigilo da fonte na atividade jornalística sempre foi e será – menos nas ditaduras de esquerda e direita – o pilar de qualquer regime democrático. Ele é a garantia de que um trabalho voltado ao interesse público se faça com liberdade e respeito ao direito à informação. Não é o caso, porém, da denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra o jornalista e editor do The Intercept Brazil, Gleen Greenwald. O norte-americano foi apanhado acobertando crimes.

Ajuda a corruptos

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O que Gleen fez, durante conversa – contida na denúncia do MPF – com o hacker Luiz Molição, não tem nada de proteção ao sigilo da fonte. Sabia que um crime – o da violação de sigilo de conversas por meio do aplicativo Telegram – estava sendo praticado e até interferiu a favor dos bandidos que lhe repassavam as conversas, aconselhando Molição a apagar as mensagens, pois havia feito um backup de tudo. Ou seja, agiu como alguém que não estava nem aí. Os fins justificavam os meios, que era a soltura de corruptos presos e condenados pela Lava Jato.

Imunidade especial

O mais intrigante é que o americano tinha a certeza de que sequer seria investigado, apesar das notórias evidências de que agia em conluio com os interceptadores ilegais das conversas privadas. Afinal, tinha a seu favor uma esdrúxula decisão em habeas-corpus do ministro Gilmar Mendes, que proibia qualquer investigação contra ele. Ou seja, uma espécie de imunidade especial. Se tinha ciência dos crimes e manteve conversas com os hackers durante a prática delituosa para se beneficiar dela com informações obtidas, é cúmplice. Nesse caso, não praticou jornalismo. E se beneficiou desses crimes

E se fosse nos States?

O que aconteceria com um jornalista brasileiro que fizesse, nos Estados Unidos, o mesmo que Gleen Greenwald fez no Brasil? Resposta: estaria preso, quem sabe até mesmo incomunicável, e acusado de conspirar contra aquele país. Lá, que é autoproclamada a guardiã da democracia e da livre manifestação de pensamento, isso não aconteceria. Gleen fez isso no Brasil, como militante de esquerda que nunca escondeu ser, porque aposta na impunidade. Aprendeu mal um de nossos vícios. E deve pagar por isso.

A questão é criminal

O engraçado e ver, ler e ouvir a defesa que simpatizantes de Gleen fazem dele, poucos interessados nas graves imputações e provas obtidas pelo MPF para denunciá-lo à justiça. Alguns fazem isso por cegueira ideológica e seus argumentos nada têm a ver com liberdade de imprensa ou algo semelhante. Outros, o fazem por absoluta ignorância, procurando transformar em política uma questão puramente criminal. Obviamente, assim agem por não terem nenhum compromisso com a verdade dos fatos. Gleen é apenas uma bandeira desfraldada aos ventos da conveniência.

Contas rejeitadas e condenação

A tão temida lista de servidores públicos inelegíveis para o pleito deste ano deve vir revigorada por novas condenações nos tribunais de contas dos Municípios e do Estado. Com a lei da ficha limpa em vigor, não há o que questionar. Contas reprovadas e condenação por colegiado automaticamente excluem da eleição prefeito, vereador ou quem queira se aventurar a abiscoitar um cargo eletivo.

_____________________BASTIDORES______________

* O sufoco de quem usava a Alça Viária para chegar a Belém, ou dela sair pela antiga PA-150, está chegando ao fim.

* A ponte sobre o rio Moju, que desabou no começo do ano passado, será reinaugurada no próximo dia 30 pelo governador Helder Barbalho.

* A obra foi integralmente paga pela empresa Biopalma – do grupo Vale -, responsável pela queda, porque contratou a balsa que derrubou a ponte.

* Mal o processo havia começado na justiça, a empresa desembolsou R$ 105 milhões, o que permitiu a construção da nova ponte agora já concluída.

* O fundo eleitoral de R$ 2 bilhões, sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro, terá boa parte aplicado pelos partidos nas eleições deste ano.

* Tem candidato a prefeito e vereador louco para botar a mão nessa grana e começar a campanha.