Correio de Carajás

Colisão entre balsas escancara risco de ponte inacabada em São Geraldo

A colisão ocorreu na quinta-feira (31) e assustou dezenas de passageiros
Por: Milla Andrade
✏️ Atualizado em 01/08/2025 17h27

Um vídeo registrado por passageiros de uma balsa no município de São Geraldo do Araguaia gerou desespero entre as pessoas embarcadas e revolta nas redes sociais. A gravação foi feita na tarde de ontem, quinta-feira (31), durante a travessia entre São Geraldo do Araguaia e Xambioá, sob a ponte que liga o estado do Pará ao Tocantins. A responsabilidade pelas balsas é da empresa Pipes.

Nas imagens que viralizaram, é possível ver os passageiros preocupados com a forte ventania e a chuva que caía no momento do acidente. Em um dos registros, é possível ver nitidamente a colisão entre duas balsas e choque com a ponte existente e que ainda não está sendo usada. Enquanto filma, um homem narra o acontecimento da margem do rio: “Olha lá, está rasgando a outra”, diz ele. Na imagem, uma das balsas aparece colidindo com força contra a outra, que estava carregada com caminhões.

MOMENTOS DE TENSÃO

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Em outro vídeo, registrado de um ângulo diferente, é perceptível o momento em que uma das balsas se aproxima perigosamente da ponte. O rio está agitado e o vento empurra o transporte em direção à estrutura da ponte. Quem assistia à cena de longe temia o pior. Um clima de tensão tomou conta do local diante do ocorrido.

Outro homem que fazia a filmagem expressa sua preocupação: “Vai bater no pilar da ponte, Jesus tende piedade. Vai bater, vai bater…”, diz aflito.

De outro ângulo, já de dentro de uma das balsas, outro passageiro desabafa. “A ponte prontinha para atravessar e nós aqui nesse sofrimento”, reclama.

REVOLTA NAS REDES SOCIAIS

Nas redes sociais, onde os vídeos foram vinculados, é possível perceber a insatisfação e críticas ao governo federal, já que a ponte, em fase de conclusão, poderia estar em uso. A demora na entrega faz com que a travessia pelo Rio Araguaia continue sendo a única opção para alcançar o outro lado. “Era pra ter sido entregue em setembro 2024”, escreveu um internauta.

Outro comentário chama atenção como um questionamento. “É muita coincidência quase todo mês uma balsa dessa vai parar nos pilares da ponte que está faltando pouco para ser utilizada. Parece que o dono dessas balsas quer é derrubar a ponte”, disse outro usuário do Instagram.

Na mesma postagem, outro internauta criticou a quantidade de carga transportada. “Mas também, olha a quantidade de caminhões e ônibus”.

Nos vídeos, é possível ver caminhões e ônibus com passageiros, inclusive crianças. O acidente acende um alerta para um problema que poderia ter se tornado uma grande tragédia.

Em outro perfil, onde o vídeo circulou, uma internauta criticou o condutor da balsa. “Falta de habilidade do piloto da barca, misericórdia meu Deus”.

DANOS NA EMBARCAÇÃO

Após a colisão, parte das ferragens da lateral da balsa ficou retorcida e os bancos de madeira, feitos para acomodar os passageiros, também ficaram parcialmente destruídos. Apesar do grande susto, não houve registro de feridos.

Os passageiros que estavam na balsa presa ao pilar da ponte foram resgatados por voadeiras, como mostrado em um dos vídeos.

RESPOSTA DA EMPRESA

A reportagem entrou em contato com o gerente da PIPES em São Geraldo do Araguaia. Em resposta, ele explicou que as condições climáticas pegaram a equipe de surpresa. “Foi um vento com muita chuva. A gente não tava esperando, a natureza sempre nos surpreende”, justifica.

Segundo o gerente, o acidente ocorreu quando as balsas tentavam avançar em meio à ventania. “Já tínhamos saído quando deu um vento”, completa, ressaltando que não esperavam a ação da natureza por ser época de verão.

Ele informou ainda que não houve colisão frontal. “Ela só encostou, rodou e depois encostou na outra”. O gerente também garantiu que havia coletes para todos os passageiros. Ainda de acordo com ele, a providência tomada no momento foi utilizar um barco reserva durante a tempestade para tentar amenizar o impacto na ponte. “Estava ventando demais, era inevitável”, finaliza.