Com o objetivo de salvar do pecado e guiar no serviço, o Clube de Desbravadores da Igreja Adventista do 7º Dia, reúne jovens de 10 a 15 anos, em 57 clubes espalhados por Marabá. Apesar de ser uma iniciativa religiosa, as atividades do clube ultrapassam os muros físicos da igreja e chegam até as comunidades mais carentes da cidade. Como o evento programado para o domingo, 13, Dia dos Pais, que servirá um café da manhã especial para 500 pais que vivem na periferia do Bairro Novo Horizonte, Núcleo Cidade Nova.
“No dia, de manhã, vai ter uma pequena ambientação, de cinco a dez minutos, feito pelo pastor Cleber e depois será servido o café da manhã”, detalha Elzione Bento da Silva, professor de matemática e física, integrante dos Desbravadores há 35 anos. Ele frisa que ações sociais, como essa, são um dos pilares do clube.
Doação de cestas básicas para pessoas necessitadas e até mesmo construção de casas, são alguns dos atos de serviço executados pelos jovens. Elzione conta que alguns clubes da cidade possuem metas de arrecadação mensal de alimentos, que pode ser de uma, duas, ou mais, cestas básicas. No natal esse número pode chegar a 200, 300. E para conseguir cumprir esse objetivo, as crianças saem pelas casas marabaenses pedindo doação (sempre identificadas pelo característico lenço amarelo e pela camiseta do clube), um ato que representa uma das principais virtudes bíblicas, a caridade.
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Na bíblia, em João 13:34, Jesus Cristo dá a seus discípulos um novo mandamento: “Amem-se uns aos outros. Como eu os amei, vocês devem amar-se uns aos outros”. Seguindo esses mesmos passos, o Clube Desbravadores recebe e abraça todos os jovens, independente de frequentarem a Igreja Adventista ou não.
“Nós recebemos todas as crianças, sem separação de cor, raça, gênero. Já tivemos crianças católicas, filhas de judeus, então não temos essa distinção”, declara Elzione Bento da Silva. Ele assevera que o evangelho é pregado e o manual deve ser seguido, mas ninguém é obrigado a realizar a conversão para a religião berço dos Desbravadores.
Um outro cuidado do clube é em relação à frequência de seus integrantes. Quando a liderança percebe que uma criança tem muitas faltas, um conselheiro e o capitão da unidade realizam visitas à sua casa, buscando entender o motivo da ausência e também revertê-la. “Uma, duas, três, até dizer que não quer mais mesmo. Mas enquanto houver esperança desse jovem retornar ao clube, será incentivado, ele e a família”, frisa o professor.
ATIVIDADES
“Nós temos uma prática que consiste em três finais de semana destinados ao clube e um para a família”, explica Elzione Bento. As reuniões dos Desbravadores costumam ocorrer aos domingos de manhã (alguns clubes realizam no período da tarde). Além disso, durante dois sábados por mês, são realizados encontros para o estudo da parte bíblica do manual.
Entre os aprendizados conquistados pelas crianças, estão as “especialidades”. Elas são habilidades e conhecimentos que o desbravador adquire sobre um determinado assunto. No total, são 475 especialidades, divididas em 10 categorias e mais 15 mestrados.
“Aqui eles aprendem a arrumar suas coisas, guardar, cuidar do seu quarto, organizar os sapatos, não jogar a roupa fora do cesto, por exemplo. O clube trabalha o lado físico, mental, social e espiritual. Nós temos o privilégio de ajudar essa meninada a se encaminhar”.
Elzione conta que a escolha profissional de muitos jovens é baseada na experiência que eles tiveram em determinadas especialidades do clube. Ele cita que muitos engenheiros ambientais, que fizeram a de ciências da natureza, estão formados na área porque gostaram muito da vivência que tiveram no clube.
ESTUDO CONTÍNUO
Há 35 anos a serviço do Clube Desbravadores, Elzione Bento conta que precisou estudar a bíblia por onze anos. Livros da igreja, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), psicologia da aprendizagem, são alguns dos conteúdos que um líder precisa dominar.
“Temos muitos líderes formados, o Clube de Desbravadores não aceita qualquer um para ser líder, a pessoa tem que fazer um curso onde envolve de um a três anos, esse curso é praticamente uma faculdade”, informa. Para além dos estudos, tem que ser uma pessoa muito bem informada e muito bem relacionada.
HISTÓRIA
Em Marabá o clube dos Desbravadores surgiu em 1979, pela iniciativa do pastor Lira e de Délcio Josias, sendo uma ideia importada dos Estados Unidos. Nas terras norte-americanas, a concepção do projeto começou a florescer em 1930, mas apenas em 1950 que ela foi registrada pela Igreja Adventista.
No Brasil, atualmente, o clube conta com mais de 200 mil integrantes. Somando este ao número de crianças que integram os Aventureiros (programa da Igreja Adventista para menores de 10 anos), a quantidade ultrapassa os 400 mil. São meninos e meninas impactados pelas ações e atividades promovidas pela Igreja Adventista. (Luciana Araújo)