Uma das sessões mais ligth do Outubro Rosa na Câmara Municipal de Marabá, a desta quarta-feira, 9, foi marcada por um clamor quase uníssono: implantação de tratamento oncológico com urgência, iniciando pela quimioterapia. Mas as mulheres também pediram casa de apoio ou de abrigo nas cidades de Belém, Tucuruí e Barretos-SP, aonde pacientes daqui vão para tratamento contra o câncer.
Uma das últimas a falar, mas usando um tom de voz que causou comoção e sensibilidade aos presentes, Karlas Vital pediu casa de apoio em Belém e Tucuruí. Disse que quando uma paciente sai de Marabá à meia noite, com destino a esta última cidade, fica na calçada da Unacom das 4 horas até a clínica abrir, às 8 da manhã. “Precisamos de ônibus para retornar de Tucuruí, porque as pessoas esperam muito para ir realizar quimioterapia e padecem, com a saúde já fragilizada”.
Por fim, informou que está há dez anos realizando sessões de quimioterapia e radioterapia, indo e voltando entre Marabá e Belém, e garante que o tratamento na Capital não é humanizado, quanto em Tucuruí.
Leia mais:A Sessão Especial da campanha Outubro Rosa foi presidida pela vereadora Irismar Melo, vice-presidente da Casa. Após a abertura, foi apresentada uma palestra pela enfermeira Joelma Fernandes, que falou sobre o “Autocuidado”, discorrendo sobre a importância da conscientização das mulheres em realizar autoexame e procurar profissionais qualificados para diagnóstico.
Ela mostrou dados de câncer no Brasil e no Pará, diferenciando ainda câncer de mama e de útero. “Muitos acham que câncer é apenas hereditário, mas 80% dos casos não tiveram casos na família”, advertiu.
Geraldo Barroso, da Secretaria Municipal de Saúde, destacou os dados preocupantes com alta incidência de câncer de colo do útero e de mama. “A mensagem da Secretaria Municipal de Saúde é a importância da prevenção periódica. Embora a campanha seja relacionada à prevenção do câncer de mama, nosso foco é também do colo de útero, porque a incidência em nosso município é grande. Em todas as unidades de saúde temos exame de PCCU e garantimos a primeira consulta em todos os postos. Precisamos sensibilizar todas as mulheres, da cidade e do campo”.
Os casos que apresentarem alteração são encaminhados para o CRISMU (Centro de Referência Integrada à Saúde da Mulher), onde há profissionais especializados. “Hoje temos três mamógrafos em nossa rede e o mais recente está no Centro de Especialidades Integradas, que tem tecnologia mais avançada”.
Informou que há um ginecologista no Hospital Municipal de Marabá, que faz atendimentos e até mesmo cirurgias, quando necessárias. “Estamos concluindo convênio com dois hospitais para diminuir a demanda reprimida de cirurgias eletivas que ainda temos”.
A vereadora Irismar Melo reconheceu que a Secretaria Municipal de Saúde já avançou em muitos aspectos, mas é preciso resolver as demandas que ainda estão sem solução para atendimento às mulheres.
Presidente da Subseção da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) em Marabá, Josiane Colinetti disse que desconhecia os números sobre o câncer em mulheres em Marabá e não sabia que o município tinha a estrutura apresentada aqui. “Sou mulher, faço uso do sistema, mas me chamou atenção o fato de que o município recebeu mamógrafo digital. Ouvi, esta semana ainda, de um médico, que este mamógrafo veio acoplado com aparelho que transmite maior segurança no diagnóstico. Se Marabá recebeu este aparelho, parabenizo os gestores, porque eu estava indo fazer exames em minha cidade, Barretos”.
Cláudia Cilene, a Claudinha, representando o Conselho da Mulher, destacou os avanços, mas avalia que Marabá precisa de um hospital oncológico para evitar que mulheres sofram no translado entre Marabá, Belém e Tucuruí. “A equipe do Crismu faz um trabalho de referência no tratamento às mulheres, assim como a Coordenadoria da Mulher e agradecemos por isso”, destacou.
Coordenadora do Fórum Permanente da Mulher, Gilmara Neves, lembrou parte de seu discurso de março de 2016, e disse que, quatro anos depois, é grande a satisfação de ver os avanços, mas disse que é preciso continuar lutando por aqui que não foi alcançado. “Hoje, temos 16 especialidades no CEI. O câncer está contemplado. Temos histórico de cura e precisamos cuidar de tudo a nossa volta para que essa doença não vitime mais mulheres por falta de atendimento na hora certa”.
Gilmara Pediu casa-abrigo em Barretos, para que as mulheres marabaenses não passem necessidades em casas de terceiros, naquela cidade paulista. “A única coisa que queremos, enquanto mulheres, é vida abundante e integral. A ausência disso é violência”, afirmou Gilmara.
Rosalina Isoton, do Grupo Arco-íris da Justiça, disse que o foco da campanha deste ano do Outubro Rosa e ainda precisa de mais equipes de saúde da mulher para agilizar exames de mamografia para mulheres, principalmente o resultado. “Se demora muito, agrava a saúde das mulheres”.
O vereador Ilker Moraes disse que é possível Marabá instalar casas de apoio em Marabá, Belém e até mesmo Tucuruí e avalia que a arrecadação do município só tem aumentado mês a mês e que o custeio dessas casas não é alto para a Prefeitura Municipal.
O presidente da Câmara, Pedro Corrêa, disse que mesmo se recuperando de cirurgia, fez questão de estar presente na sessão especial do Outubro Rosa e disse que o Poder Legislativo sente-se orgulhoso da forma como as mulheres de Marabá têm se dedicado ao movimento, como o Grupo Esperança, Arco-íris da Justiça, Condim, Fórum de Mulheres, Margaridas, entre outras. “Precisamos continuar lutando por casa de apoio, mas principalmente para trazer o tratamento oncológico para nossa cidade, que é mais importante”. (Ulisses Pompeu)