O Festival Internacional Amazônida de Cinema de Fronteira (FIA CineFront) lançou nesta terça-feira (23) o cartaz de sua 9ª edição, que acontece entre os dias 14 e 26 de abril, com sessões em Marabá e outros locais do Pará. A seleção de filmes e os debates programados pretendem provocar reflexões sobre a crise climática na Amazônia, no Brasil e no mundo.
Os efeitos da disrupção ecológica são mais nefastos para aqueles que vivem às margens, nas periferias e fronteiras de expansão dos grandes empreendimentos industriais, minerários e agrícolas. Se compreendida criticamente, revela conexões com a extrema desigualdade social, violação de direitos humanos e injustiças de todas as ordens, marca do capitalismo global.
Como veias abertas, as entranhas dos rios expostas na imagem trazida pelo cartaz do festival mostram a seca na Amazônia, uma cena perturbadora que ilustra como a tragédia climática atinge principalmente os que se encontram em maior vulnerabilidade social: trabalhadores pobres, comunidades faveladas, camponeses, quilombolas, indígenas, ribeirinhos etc.
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Todavia, o festival não pretende apenas apresentar obras que provoquem o debate sobre a tragédia. Reivindica-se, pelo cinema, o apoio às lutas populares, fazendo ver, pela película, como camponeses, indígenas, povos e comunidades tradicionais, trabalhadores pobres e populações periféricas r-existem no enfrentamento à opressão e destruição da vida, produzidas pelo sistema capitalista na Amazônia e no mundo, e como avançam na conquista de direitos, na afirmação de suas culturas, na defesa de seus territórios e na produção de projetos societários pautados pela sustentabilidade ecológica.
Caminhando rumo a uma década de sessões e debates do Cinema de Fronteira na Amazônia, certamente um momento histórico, o FIA Cinefront, em sua concepção e execução, tem demonstrado que o cinema é uma poderosa arte a serviço da denúncia do que deve ser superado e do anúncio de histórias e feitos de diversos povos em luta para assegurar futuros possíveis ao mundo em que vivemos. O cinema da fronteira e do front: um recurso político pedagógico, uma ferramenta de luta, o cinema como arma dos que r-existem na afirmação de um mundo onde caibam vários mundos.
Com essa tônica, o 9° FIA CineFront acontecerá no período de 14 a 26 de abril, com sessões presencias no Acampamento Pedagógico da Juventude Sem Terra, em Eldorado dos Carajás; escolas públicas, praças, comunidades e auditórios da Unifesspa e CRM-IFPA em Marabá; no Assentamento Mártires de Abril, em Mosqueiro; em Comunidades do Carimbó, no nordeste paraense e em Aldeias Indígenas.
Desde sua criação, o festival é uma construção colaborativa que envolve universidades, movimentos sociais, organizações não-governamentais e produtores culturais, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Brigadas Populares, Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Pará (FETAGRI), Movimento pela Soberania Popular da Mineração no Brasil (MAM), Grupo de Mulheres Extrativistas (GETAE), Instituto Zé Claudio e Maria (IZM), Campus Rural do IFPA-Marabá, Faculdade de Educação do Campo da Unifesspa, Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) e TramaTeia Produções.
Com entrada gratuita e aberto ao público em geral, o 9º FIA Cinefront é viabilizado por meio de Edital da Lei Paulo Gustavo, promovido pela Fundação Cultural do Pará (FCP), Secretaria do Estado de Cultura do Pará (Secult), Ministério da Cultura (Minc) e Governo Federal. A organização do festival fica a cargo da TramaTeia Produções e Instituto Zé Claudio e Maria. (Divulgação/Jairon Gomes – FIA Cinefront)