Pesquisadores da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, conseguiram fazer minicérebros criados sem componentes animais. Estes órgãos de menos de 5 milímetros de diâmetro, o tamanho da ponta de um canudo, comprovaram funcionar como o cérebro humano mesmo sem estarem vinculados a um corpo.
Os órgãos artificiais, chamados de organoides, poderão ser usados em pesquisas científicas sobre o funcionamento do cérebro evitando, assim, a investigação em animais.
Os minicérebros foram criados a partir de células totalmente artificiais. Antes eles eram feitos de células modificadas de ratos, que sofriam uma debilitação rápida e não chegavam a ser funcionais. O novo método usa outra origem de inspiração celular.
Leia mais:“Os cientistas há muito lutam para evitar a pesquisa com animais e adotar órgãos clínicos, e esse novo método tornará mais fácil evitar os testes com bichos”, diz o diretor da Universidade de Michigan, Joerg Lahann, um dos autores do estudo, em comunicado à imprensa.
Os cientistas publicaram um artigo na revista científica Annals of Clinical and Translational Neurology sobre a descoberta em junho. As células artificiais que deram origem aos minicérebros foram baseadas em uma proteína humana, a fibronectina. Este é o composto base das células-tronco em embriões.
Os pesquisadores descobriram que seus organoides cerebrais desenvolveram, depois de um tempo de amadurecimento, o líquido cefalorraquidiano, uma substância clara que flui ao redor do cérebro saudável e da medula espinhal. A análise deste líquido mostrou um parentesco grande com o produzido no cérebro humano saudável, acima de qualquer organoide artificial anteriormente criado.
Como os minicérebros poderão ser usados?
Os pesquisadores têm esperança de que os organoides em breve sejam usados para pesquisas de doenças neurológicas.
“Existe a possibilidade de retirar as células-tronco de um paciente com uma condição como a esclerose lateral amiotrófica ou o Alzheimer e, essencialmente, construir um minicérebro avatar desse paciente para investigar possíveis tratamentos ou modelar como sua doença progredirá”, afirma a neurologista Eva Feldman, coautora do estudo.
“Esses modelos criariam outro caminho para prever doenças e estudar o tratamento em nível personalizado para condições que geralmente variam muito de pessoa para pessoa”, conclui ela.
(Fonte: Metrópoles)