Motivada pelo impacto ambiental, a cidade de Haarlem, na Holanda, proibiu anúncios de carne em espaço público. A proposta foi elaborada por GroenLinks, partido político ambientalista, e entrará em vigor em 2024.
Haarlem fica situada a 18 km da capital Amsterdã, possui 160 mil habitantes e será a primeira do mundo a banir propagandas com carne. De acordo com a Statistics Netherlands – Instituto de Estatística Neerlandês – cerca de 95% das pessoas na Holanda comem carne, mas mais da metade não come todos os dias.
Repercussão da decisão
A decisão de banir as propagandas públicas de carne foi extremamente criticada por políticos e por empresários da indústria de animais:
“Proibir anúncios por motivos políticos é quase ditatorial“, disse Joey Rademaker, conselheiro de Haarlem do partido de direita BVNL, em comunicado.
Um professor de direito da Universidade de Groningen, Herman Bröring, alerta que essa proibição pode afetar a liberdade de expressão e levar a ações judiciais por parte dos distribuidores.
No entanto, a medida é decisiva e fortemente defendida pelo partido ambientalista: “A carne é muito prejudicial ao meio ambiente. Não podemos dizer às pessoas que há uma crise climática e incentivá-las a comprar produtos que fazem parte dela”, disse Ziggy Klazes, vereadora do GroenLinks que escreveu a proposta, ao jornal Trouw.
No Brasil, o movimento pela causa animal comemora a medida. Em vídeo publicado no Youtube, o ativista vegano Fabio Chaves comenta: “Faz todo sentido, é um tipo de discussão que a gente tem que aumentar mesmo”.
Fábio compara a situação com a proibição da propaganda de cigarro no Brasil: “Se é sabido que a carne causa câncer e está no grupo 1 de risco, quando ultraprocessada, é sabido que é também o mesmo grupo de risco do cigarro”.
Na Constituição Brasileira, a Lei nº 12.546/2011 proíbe a propaganda comercial no país de cigarros, cigarrilhas, charutos, cachimbos ou qualquer outro produto fumígeno, derivado ou não do tabaco.
Impactos ambientais da indústria da carne
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a carne bovina produz a maior parte das emissões de gases de efeito estufa, incluindo o metano. O cordeiro, por exemplo, tem a segunda maior pegada ambiental, mas essas emissões são 50% menores do que a carne bovina.
Nos últimos 50 anos, o consumo de carne no mundo aumentou de forma acelerada. Hoje, a produção é quase cinco vezes maior do que no começo da década de 1960. O salto foi de 70 milhões de toneladas para mais de 330 milhões em 2017.
De acordo com a Mercy For Animals, para reverter cada R$1 milhão gastos com a agropecuária, seriam necessários gastar R$22 milhões para recuperar prejuízos ambientais.
Para produzir 1kg de carne, é gasto 15 mil litros de água potável e 10m² de floresta são devastados. Além disso, os gastos de energia seriam equivalente a 20 dias com uma lâmpada de 110v acesa. Os dados foram divulgados pela Sociedade Vegetariana Brasileira.
(Fonte: O POVO)