Correio de Carajás

China lança vacina via oral contra a Covid-19

O imunizante foi desenvolvido pela biofarmacêutica chinesa CanSino Biologics e está sendo oferecido gratuitamente como dose de reforço para pessoas previamente vacinadas.

Uma profissional de saúde administra o imunizante inalável contra a Covid desenvolvido pela biofarmacêutica chinesa CanSino Biologics. — Foto: Associated Press

Uma vacina via oral inalável contra a Covid-19 foi administrada possivelmente pela primeira vez no mundo nesta quarta-feira (26) em Xangai, na China.

A vacina, uma espécie de fumaça que é aspirada pela boca, está sendo oferecida gratuitamente como dose de reforço para pessoas previamente vacinadas, de acordo com um anúncio em uma conta oficial em uma rede social da cidade.

Os cientistas esperam que essas vacinas “sem agulhas” tornem a vacinação mais acessível em países com sistemas de saúde frágeis por elas serem mais fáceis de administrar. Com isso, eles também podem persuadir pessoas que não se sentem confortáveis com uma injeção no braço.

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A China quer que mais pessoas recebam doses de reforço antes de relaxar as duras restrições à pandemia que estão travando a economia e, cada vez mais, fora de sincronia com o resto do mundo. Em meados de outubro, 90% dos chineses estavam totalmente vacinados e 57% receberam uma dose de reforço.

Um vídeo postado por uma mídia estatal chinesa mostrou pessoas em um centro de saúde comunitário colocando o bico de um copo branco translúcido na boca. O texto que acompanhava dizia que, depois de inalar lentamente o conteúdo, as pessoas prendem a respiração por cinco segundos, e o procedimento todo é concluído em menos de 20.

“Foi como beber uma xícara de chá com leite”, disse um morador de Xangai no vídeo.

Eficácia ainda em estudo
A eficácia da vacina sem agulha ainda não foi totalmente explorada. A vacina inalável foi aprovada pelos reguladores chineses em setembro, mas apenas como uma dose de reforço depois que estudos mostraram que ela desencadeou uma resposta imune naquelas pessoas que haviam recebido anteriormente duas doses de outra vacina chinesa.

Uma vacina tomada por via oral pode afastar o vírus antes que ele atinja o resto do sistema respiratório, embora isso dependa em parte do tamanho das gotículas, disse um especialista à agência de notícias Associated Press.

A eficácia de uma vacina via oral depende do tamanho dessas gotículas, afirmou Vineeta Bal, uma médica imunologista da Índia.

A vacina inalável foi desenvolvida pela empresa biofarmacêutica chinesa CanSino Biologics Inc. como uma versão em aerossol da vacina contra adenovírus da empresa, que usa um vírus do resfriado relativamente inofensivo.

A vacina tradicional de dose única foi aprovada para uso em mais de 10 mercados, incluindo a China, Hungria, Paquistão, Malásia, Argentina e México. A versão inalável recebeu aprovação para testes clínicos na Malásia, disse uma reportagem da mídia malaia no mês passado.

Vacinas nasais
Reguladores na Índia também aprovaram uma vacina nasal, uma outra abordagem sem agulha, mas essa ainda não foi lançada. A vacina, desenvolvida nos EUA e licenciada para a fabricante indiana de vacinas Bharat Biotech, é esguichada no nariz.

Cerca de uma dúzia de vacinas nasais estão sendo testadas globalmente, de acordo com a Organização Mundial da Saúde.

Para impedir a propagação da Covid, a China conta principalmente com duas vacinas de vírus inativado desenvolvidas internamente que se mostraram eficazes na prevenção de mortes e doenças graves, mas menos que as vacinas da Pfizer e da Moderna.

As autoridades chinesas também não obrigam a vacinação – entrar em um prédio de escritórios ou outros locais públicos exige um teste COVID-19 negativo, não um certificado de vacinação. E a rígida abordagem de “Covid zero” do país fez com que apenas uma pequena parcela da população se infectasse, em comparação com outros países.

Como resultado disso, também não está claro o quão a Covid-19 se espalharia se as restrições fossem retiradas no país. Até agora, o Partido Comunista não mostrou sinais de que pretende afrouxar a política de “Covid zero”, agindo rapidamente para restringir viagens e impor bloqueios quando apenas alguns casos são descobertos.