Em um pronunciamento exibido em TVs do Líbano nesta terça-feira (8), o chefe interino do Hezbollah, Naim Qassem, disse que as capacidades do grupo extremista estão “intactas” apesar dos bombardeios de Israel e que não vai “baixar as armas” mas afirmou apoiar negociações por um cessar-fogo.
“Ninguém deve achar que nós abandonaremos nossas posições ou baixaremos as armas”, declarou Qassem. “Gostaria de tranquilizá-los. Nossas capacidades estão boas e o que o inimigo disse sobre nossas capacidades serem afetadas é uma ilusão.”
No discurso, o vice-chefe admitiu que o Hezbollah sofreu “golpes dolorosos” de Israel — desde a explosão de pagers e walkie-talkies do grupo até a morte do comandante, Hassan Nasrallah, passando por bombardeios que mataram outros altos cargos.
Leia mais:E disse também apoiar uma tentativa de negociar um cessar-fogo que vem sendo travada pelo presidente do Parlamento do Líbano, Nabih Berri, de cessar-fogo. Berri é aliado do Hezbollah, que também tem um braço político e deputados. Qassem não disse, no entanto, quais seriam as condições do grupo extremista para um acordo.
Naim Qassem, que era vice-comandante do Hezbollah, assumiu inteirinamente a chefia do grupo depois de Hassan Nasrallah, que comandava o grupo desde a década de 1990 e era um dos atores mais influentes do Oriente Médio, ser morto em um bombardeio de Israel a Beirute, na semana passada.
Chefe do QG morto
Mais cedo, as Forças Armadas de Israel afirmaram que o comandante do quartel-general do Hezbollah, Suhail Hussein Husseini, foi morto em um ataque a Beirute.
Desde a escalada do conflito, no mês passado, Israel informou a morte de diversas lideranças do grupo extremista, entre elas a de Sayyed Hassan Nasrallah, número 1 e principal rosto do Hezbollah, que comandava o grupo extremista libanês desde 1992.
Entre janeiro e julho, quatro comandantes do Hezbollah tinham sido mortos pelas forças israelenses. De setembro para cá, pelo menos outros seis líderes do grupo foram eliminados em ataques ao território libanês.
Nesta terça-feira, houve bombardeios em ambos os lados da fronteira — no sul do Líbano e no norte de Israel.
De acordo com as forças de Israel, o QG do grupo extremista que foi atacado é usado para supervisionar a logística da organização, assim como controlar o orçamento e o gerenciamento de outras unidades.
“Husseini desempenhou um papel crucial nas transferências de armas entre o Irã e o Hezbollah e foi responsável pela distribuição do armamento avançado entre as unidades do Hezbollah, supervisionando o transporte e a alocação dessas armas. Além disso, ele era membro do conselho da Jihad, o conselho de liderança militar sênior do Hezbollah”, informou o comunicado israelense.
O quartel-general inclui a unidade de pesquisa e desenvolvimento do grupo extremista libanês, que é financiado pelo Irã. A unidade é responsável, por exemplo, pela fabricação de mísseis guiados de precisão.
“Em sua função, Husseini foi responsável pelo orçamento e gestão logística dos projetos mais sensíveis do Hezbollah, incluindo os planos de guerra da organização e outras operações especiais, como a coordenação de ataques terroristas contra o Estado de Israel”, afirmaram as forças israelenses.
2 mil mortes no Líbano
Um balanço divulgado na segunda-feira (7) pelo Ministério da Saúde do Líbano apontou que as mortes em ataques israelenses aumentou para 2.083, além de 9.869 feridos. Ao menos 250 combatentes do Hezbollah estão entre os mortos.
O Hezbollah tem trocado tiros com forças israelenses ao longo da fronteira entre os países desde 8 de outubro de 2023, em solidariedade ao Hamas. As forças de Israel têm realizado ataques no Líbano, principalmente aéreos, desde 20 de setembro deste ano, na chamada operação “Flechas do Norte”.
Em termos comparativos, o número de mais de 2 mil mortos ultrapassou o balanço total de óbitos na guerra do Líbano em 2006 — quando Israel também invadiu o país vizinho para lutar contra o Hezbollah. Em pouco mais de um mês, o conflito de 2006 teve um total de 1.191 mortos, entre civis, soldados e membros do Hezbollah.
O governo israelense afirma que os bombardeios não têm como alvo o Estado do Líbano, mas sim estruturas específicas do Hezbollah dentro do território libanês. No entanto, a maioria dos mortos são civis, segundo o governo libanês. Além dos ataques aéreos, Israel invadiu o Líbano por terra.
(Fonte:G1)