Correio de Carajás

Celebração ao padroeiro de Marabá começa hoje, segunda

Westermack Paixão, Bárbara Marina e Lucinai Maia, da Paróquia de São Félix, falam sobre o padroeiro de Marabá/Fotos: Evangelista Rocha

Quando Marabá era apenas um povoado – onde hoje é o Bairro Francisco Coelho – chegou à comunidade um homem chamado Francisco Acácio de Figueiredo. Vindo de Goiás, ele fez uma promessa para Nossa Senhora de Nazaré de que, onde ele se estabelecesse, construiria uma igreja.

“Ele não disse qual igreja e para quem dedicaria. Então, assim que chegou na cidade, em 1922, construiu uma pequena capela onde hoje é a Toca do Manduquinha. Lá, eram feitas as primeiras celebrações e orações. As pessoas que moravam em Marabá naquela época se reuniam ali para orar e fazer as primeiras quermesses”, conta Bárbara Marina, coordenadora da Pastoral da Comunicação da Paróquia São Félix.

Igreja de São Félix de Valois foi tombada como Patrimônio Cultural de Marabá

Porém, como as enchentes eram constantes e elevadas naquela época, todo ano a capela precisava ser reconstruída e ia sendo recuada. Até que decidiram construir em um lugar mais alto, local onde hoje é a Igreja de São Félix de Valois.

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No entanto, em 1926 Marabá foi assolada por uma das maiores cheias e a igreja foi totalmente destruída. Novamente foi construída, com a configuração atual.

“Ao longo dos anos a igreja passou por diversas reformas e, em 1993 foi tombada como patrimônio cultural de Marabá. Sua fachada não pode ser mudada”, explica Bárbara, que fez uma pesquisa aprofundada sobre a história de São Félix de Valois.

A estudiosa conta que a imagem do santo foi trazida de Portugal a pedido de Francisco Acácio, mas ele não chegou a ver a imagem porque morreu antes.

“A imagem de São Félix que temos aqui na igreja é a original. Os antigos contam que quando ela chegou ficou no povoado do outro lado do Rio Tocantins porque precisava ser transportada de barco para cá. As pessoas que moravam ali, naquela época, se apegaram a imagem e nem queriam entregar o santo. Por isso, decidiram colocar o nome de São Félix à pequena comunidade”, fala, referindo-se ao atual Núcleo São Félix.

Ano após ano, São Félix de Valois os festejos vinham se fortalecendo, e em 1º de fevereiro de 1982 foi instituída uma lei que oficializou São Félix como padroeiro de Marabá, tornando o dia 20 de novembro feriado municipal.

Fortalecimento do Festejo

“Nos últimos anos estamos tentando resgatar e fortalecer a imagem do santo padroeiro de Marabá. Muitas pessoas acham que São Félix é padroeiro apenas da Velha Marabá, e não é verdade. Ele é padroeiro de todo o município. Por muito tempo os festejos se restringiam somente aos moradores da Velha. Por isso, estamos aumentando as divulgações nas redes sociais para levar esse conhecimento à população para que o festejo se fortaleça”, diz Bárbara.

Interior do templo ganhou pintura no teto e continua sendo bastante frequentada

Programação

13/11 – Segunda-feira

19h – Procissão da Catedral até a Igreja de São Félix de Valois

19h30 – Santa Missa na Igreja de São Félix de Valois

14/11 – Terça-feira

9h – Visita da imagem de São Félix a Câmara Municipal

19h – Santa Missa na Igreja de São Félix de Valois

15/11 – Quarta-feira

19h – Procissão da Igreja São Félix de Valois até a Catedral

19h30 – Santa Missa na Catedral

 

16/11 – Quinta-feira

19h – Procissão da Catedral até a Igreja São Félix de Valois

19h30 – Santa Missa na Igreja de São Félix de Valois

17/11 – Sexta-feira

19h30 – Santa Missa na Igreja de São Félix de Valois

21h – Noite social na Praça de São Félix

18/11 – Sábado

7h – Santa Missa na Igreja de São Félix de Valois

19h30 – Santa Missa na Igreja de São Félix de Valois

21h – Noite social na Praça São Félix

19/11 – Domingo

12h – Bingo e churrasco – Praça São Félix

19h30 – Santa Missa na Igreja de São Félix de Valois

21h – Noite social na Praça São Félix

20/11 – Segunda-feira

6h30 – Corrida de São Félix de Valois

17h – Procissão de São Félix de Valois

19h30 – Santa Missa Campal na Praça São Félix

21h – Noite social na Praça São Félix

 

Corrida de São Félix

Em sua 13ª edição, a Corrida de São Félix de Valois é uma das mais procuradas pelos corredores da cidade. Com um percurso de sete quilômetros pela Velha Marabá, a corrida inicia às 6h30, no dia 20 de novembro, com largada em frente à Igreja.

As 200 inscrições disponibilizadas pela coordenação do evento foram encerradas em apenas dois dias.

 

História de São Félix

Félix nasceu em Paris, no ano de 1127. Ele era nada menos que um príncipe da família real de Valois, na França, e como tal tinha sempre à sua disposição todos os luxos e comodidades que a realeza oferecia. Porém, seu espírito era caridoso e despojado de vaidades.

Desde menino manifestou vocação para o sacerdócio e, ainda criança, já demonstrava preocupação com os pobres e com os mais necessitados. Com toda a fortuna pessoal que tinha como príncipe, sempre que podia dava dinheiro e outros bens aos pobres e, frequentemente, privava-se do próprio alimento para socorrer aos famintos.

Na juventude atendeu ao chamado de Cristo para o sacerdócio, seu nome de batismo que era Hugo, passou a ser Félix pois não queria mais ser reconhecido como alguém da nobreza. Estudou e, no tempo certo, foi ordenado padre. Renunciou a todos os títulos de nobreza que possuía, bem como todos os seus direitos de príncipe. Depois disso, foi viver uma vida de eremita, na solidão e na humildade, dedicando sua vida totalmente a Deus.

Um doutor e padre chamado João da Mata, amigo de Félix, procurou-o com a intenção de viver como ele. Félix, sabendo do alto grau de instrução e espiritualidade do amigo, o acolheu como companheiro. Ali, os dois amigos viveram por três anos, aprendendo um com o outro, juntando a santidade de Félix e a cultura e inteligência prática do padre João da Mata.

Naquela época, inúmeros grupos de piratas – turcos mulçumanos – aterrorizavam a região do mar Mediterrâneo. Assaltavam navios e regiões da Europa, invadiam cidades portuárias e causavam o terror, já que eram grandes inimigos da fé cristã. Matavam, roubavam, saqueavam e levavam cristãos que sobreviviam para servirem de escravos.

Carto dia, Félix e João caçavam nos bosques da região de Cerfroi, em áreas retiradas e tiveram a mesma e idêntica visão sobrenatural. Deus os chamava para empreender uma luta para libertar dos cristãos que tinham sido escravizados pelos muçulmanos.  E, tal luta, se daria através da criação de uma ordem religiosa com esta finalidade. Sem medo dos riscos que tal missão comportaria, Félix e João obedeceram e começaram a obra imediatamente.

Confirmação divina

Félix e João da Mata viajaram para a cidade de Roma com a intenção de contar ao Papa Inocêncio III sobre a visão e pedir a autorização da Igreja para fundar a Ordem. Como sinal de Deus, o próprio Papa tinha tido a mesma visão e por isso reconheceu naqueles dois padres os mais indicados para iniciarem tal missão. Aprovou e deu todo suporte necessário para a fundação da Ordem da Santíssima Trindade para a Libertação dos Cristãos, conhecida também como Ordem dos Padres Trinitários.

Formação de salvadores

O primeiro convento da Ordem foi construído em Cerfroi, no local exato da visão divina. Enquanto João da Mata cuidou da organização da Ordem e do estabelecimento de suas ações apostólicas, Félix trabalhou na formação de todos os membros, que aumentavam em número mais e mais, atraídos pela santidade de São Félix.

Libertação de escravos cristãos

A luta que a Ordem dos Trinitários enfrentou foi tenebrosa, porém, de maneira surpreendente e rápida, recuperaram a liberdade de muitos cristãos que tinham sido escravizados. Vários padres da Ordem chegavam a se oferecer como escravos para conseguirem libertar e resgatar irmãos escravizados e, dessa forma, cumpria-se outra profecia de Félix: a de que os padres dessa Ordem seriam submetidos a vexames, sofrimentos e perseguições para conseguirem a liberdade e a recuperação da dignidade de cada cristão escravizado.

Morte

São Felix de Valois faleceu aos 85 anos de idade em 20 de novembro de 1212, no primeiro convento que ele fundou em Cerfroi.

Cinquenta anos depois da sua morte, ele foi canonizado. E sua festa foi instituída para o dia de sua morte, 20 de novembro. (Ana Mangas)