Correio de Carajás

CCAA Marabá fechará as portas a partir de amanhã

Fim de uma Era: Empreendimento sobreviveu à pandemia, mas perdeu para a inadimplência

 

Por meio de um comunicado publicado em suas redes sociais, a empresária Magda Gobira informou ao mercado local que está encerrando a trajetória do CCAA Marabá, empresa que ela tem capitaneado por 34 anos. Trata-se da primeira escola de idiomas que a cidade teve e também a primeira franquia nacional, em uma época na qual o modelo de negócio ainda era uma novidade no interior do país. Ao CORREIO, Magda confirmou a decisão e que neste sábado (11), ao meio dia, fecha as portas das duas unidades em definitivo.

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Segundo ela, a situação ficou insustentável este ano, diante de compromissos que a empresa firmou e não vem conseguindo cumprir por também não estar faturando.

“Em 2020, no auge da pandemia (de covid-19), conseguimos seguir com as aulas no formato online e, depois, de maneira híbrida, mas as pessoas esqueceram que elas tinham de pagar pelo seu curso. A inadimplência foi tão alta que começavam a pagar as duas primeiras parcelas dos contratos anuais e depois sumiam. Mesmo diante desta situação, vínhamos persistindo, confiando que as coisas mudariam, mas não aconteceu”, explicou ao jornal, pontuando que a inadimplência é da ordem de 70%.

Diz parte do comunicado: “Good bye! Foram 34 anos de plena e inteira dedicação ao ensino de Inglês e Espanhol na cidade de Marabá e região de Carajás. Centenas de alunos com formação completa e milhares com o básico e intermediário completos. Sabemos que no CCAA-Marabá “Você aprende e nunca mais esquece”. O que você aprendeu, levará para sempre. É um tesouro pessoal e temos orgulho de ter sido parte da construção e acúmulo de conhecimento em sua vida”.

UM POUCO DE HISTÓRIA

Magda Gobira chegou a Marabá adolescente, em 1974, vindo de Minas Gerais com os pais, agricultores. Do seu primeiro emprego, na Companhia Vale do Rio Doce, se destacou como tradutora, graças a sua facilidade com a língua inglesa, e depois foi convidada para compor o CCAA de Carajás.

De lá, a convite do então prefeito de Marabá, Hamilton Bezerra (1987), e diante de incentivos criados pela Prefeitura, aceitou vir empreender na cidade, se tornando ela mesma uma franqueada da CCAA, num modelo de negócio que na época sequer tinha tradução, ainda era tratado pelo termo original: franchising.

Desde então foram três décadas formando, nas contas dela, cerca de 14 mil alunos em Inglês e Espanhol, incluindo o período de projeto Ferro e Manganês Carajás, Parauapebas e Marabá, sem contar os schoolbased feitos com algumas escolas locais. Grande parte desta história a partir das duas unidades: a matriz na Folha 28, e a filial no Novo Horizonte, em espaço ampliado.

FUTURO

Empreendedora por natureza, Magda respondeu ao CORREIO que primeiramente vai acabar de pagar fornecedores e colaboradores e vai tirar um curto tempo para si, para pensar na vida. Apesar disso, não desistiu da cidade, terra a qual se declara: “Eu amo Marabá e aqui é minha terra. Não vou sair daqui”, respondeu, deixando no ar que vai voltar a investir em outro ramo.

Os dois prédios que abrigam a escola de idiomas pertencem a ela, um patrimônio que construiu nos seus anos de dedicação.

Sobre o futuro da marca, ela responde que caberá ao Grupo CCAA Brasil, sediado no Rio de Janeiro, constituir um novo franqueado, caso pretenda continuar no mercado local.

“O sentimento de missão cumprida e gratidão a cada aluno, pai e mãe de Marabá e região que acreditou em nosso trabalho”.

GRANDE PERDA

Ouvido na noite de sexta-feira (10) pelo CORREIO para repercutir a notícia, o presidente da Associação Comercial e Industrial de Marabá (Acim), João Tatatiba, recebeu com surpresa a informação do fechamento do CCAA e lamentou o que classificou como “perda irreparável”.

Presidente da Acim, João Tatagiba lamenta perda para a cidade

Segundo Tatagiba, Marabá perde o seu primeiro e mais antigo curso de idiomas e uma empresa que é emblemática para a cidade, se confundindo com as últimas três décadas de desenvolvimento da economia local.

“Eu fico consternado com uma notícia dessas, quando se trata de uma escola que foi pioneira. A dedicação da Magda e dos seus colegas pela qualidade de ensino é notória e só temos a lamentar o que está acontecendo. Eu espero que ainda dê tempo de fazermos algo, ver se há uma alternativa a essa decisão”, falou.

Ainda segundo o presidente da Acim, Marabá não pode abrir mão da liderança representada por Magda Gobira, uma das associadas de atuação mais destacada junto à entidade e à sociedade local. “Ela é uma empresária participativa e espero que continue em Marabá e empreendendo com sua competência e capacidade”, encerrou. (Patrick Roberto)

 

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