O cavalo que foi resgatado de cima do telhado de uma casa em Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre está com os parâmetros clínicos estáveis e segue em recuperação. O quadro de saúde do animal foi atualizado na manhã desta sexta-feira (10) à RBS TV por um dos médicos veterinários que está acompanhando o caso.
‘Caramelo’, como ficou conhecido, está no complexo veterinário da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra). O equino recebeu medicação para repor a quantidade de líquido perdida nas horas que ficou ilhado, mas ainda está desidratado.
“Graças a Deus, ele passou bem a noite. Os parâmetros clínicos dele estão estáveis. Ele tá um pouco desidratado só ainda. A motilidade intestinal também está um pouco diminuída, mas são alterações esperadas por tudo que ele tá passando”, explicou o veterinário Henrique Cardoso.
Leia mais:
Ainda não se sabe quem é o tutor do cavalo ‘Caramelo’. Conforme o veterinário, algumas pessoas já apareceram no local se apresentando como proprietários, mas não há confirmação. Famosos como Giovana Ewbank e Felipe Neto se ofereceram para adotar o animal.
O resgate foi feito pelo Corpo de Bombeiros de São Paulo — veterinários acompanharam toda a ação. Para ser retirado do local, o equino foi sedado e colocado em um bote.
A mobilização da população e das forças de segurança comoveu o país e sintetizou a relação histórica do cavalo com o povo gaúcho. O cavalo crioulo é animal-símbolo do RS e considerado patrimônio cultural desde 2002. A relação com o animal é uma tradição que faz parte do DNA do povo gaúcho.
Previsão de chuva
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) afirma que, nesta sexta-feira (10), o RS voltará a ser atingido por chuvas fortes. Os volumes podem passar dos 100 milímetros.
Ainda conforme a previsão, os ventos mudarão de direção e irão soprar predominantemente de sul, dificultando o escoamento das águas do Guaíba e da Lagoa dos Patos. As regiões mais afetadas devem ser a Metade Norte e o Leste do estado.
“Tem que ficar bastante claro que essas regiões aqui vão ser realmente, de novo, as mais impactadas. Então, a condição é bastante crítica, não só para a questão de rios”, diz a meteorologista Cátia Valente, da Sala de Situação do RS.
- Sexta (10): as chuvas se espalham pelo estado, sendo mais intensas no Centro, Norte, Nordeste, Vales, Região Metropolitana e Litoral Norte (volumes até 120 milímetros); ventos quadrante sul e mar agitado
- Sábado (11): chuvas seguem fortes e persistentes entre 40 e 90 milímetros, nas mesmas regiões; ventos seguem no quadrante sul e mar agitado.
- Domingo (12): chuvas seguem intensas com volumes entre 80 e 140 milímetros; ventos de sudeste/leste e mar agitado
- Segunda (13): chuvas persistem localmente fortes nessas regiões
Guaíba baixa ao menor nível desde sábado…
O nível do Guaíba, em Porto Alegre, está em 4,74 metros, conforme medição feita às 6h15 desta sexta-feira (10) pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) no Cais Mauá. É a primeira vez que a marca fica abaixo da registrada na enchente histórica de 1941, de 4,76 metros.
Mesmo com a redução, o Guaíba segue quase 1,8 metro acima da cota de inundação (3 metros). Apesar disso, a água que avançava sobre as ruas da capital aparenta estar estável e até recuando em algumas regiões, segundo moradores que tem monitorado o nível dos alagamentos onde vivem.
… mas há possibilidade de ‘repique’
Cientistas do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da UFRGS alertam para a possibilidade de elevação do nível do Guaíba após novas chuvas no Rio Grande do Sul. Os pesquisadores afirmam que pode ocorrer um “repique por efeito das chuvas previstas a partir de final de semana podendo retornar a marca dos 5 metros”.
“Caso as chuvas não se confirmem, tendência de redução gradual mantendo-se acima de 4 metros por mais de uma semana”, diz o comunicado do IPH.
Os afluentes do Guaíba apresentam agora lenta redução de seus níveis (caso dos rios Jacuí, Sinos e Gravataí) ou moderada (situação do Taquari). No entanto, eles devem voltar a encher com a projeção de chuvas entre sábado (11) e domingo (12), explica Pedro Camargo, hidrólogo da Sala de Situação do governo do RS.
“Com essas chuvas, a gente tende a voltar acima dos 5 metros. Provavelmente, em limiares, que a gente já atingiu ali entre 5 metros, 5,30 metros”, afirma Camargo.