Correio de Carajás

Castanheira de 5 anos é transplantada da Folha 33 para o trevo

Em alusão ao Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado no último domingo, 5 de junho, uma ação conjunta inédita entre o Conselho Municipal do Meio Ambiente (Comam) e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), resultou no transplante de uma jovem castanheira na manhã desta segunda-feira, 6 de junho.

A árvore nasceu e cresceu em um terreno residencial na Folha 33. Os novos donos, que adquiriram a área há cerca de um ano, identificaram a espécie e importância da árvore. Com isso, entraram em contato com os órgãos ambientais para realizar a remoção e o replantio em outro local, se fosse possível.

Uma retroescavadeira e uma lona foram utilizadas na retirada e proteção do espécime de 5 anos

Maria Célia, uma das proprietárias do terreno, contou à Reportagem do CORREIO que foram seus vizinhos que primeiramente identificaram a castanheira. “Antigamente, aqui era um depósito que vendia castanha. Eles secavam a amêndoa aqui e armazenavam no fundo”, contou a moradora.

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Quando iniciaram os planos de construção no terreno, os mesmos vizinhos aconselharam a entrar em contato com a Semma, para que o órgão tomasse providências sobre a árvore, que é uma espécie em extinção. O Conselho de Meio Ambiente foi consultado e aprovou o transplante da castanheira, escolhendo um local de visibilidade, em uma das rotatórias que liga os três núcleos habitacionais.

“Logo veio uma engenheira ambiental, ela viu e disse que é uma castanheira. Aí eles deram entrada na papelada (procedimento burocrático para realizar a remoção)”. O processo entre comunicar o órgão responsável e a retirada da castanheira levou mais de um ano, tendo sido adiada algumas vezes por conta das chuvas que caíram na cidade durante o inverno amazônico.

Após três horas de trabalho, a castanheira foi transplantada com sucesso

NOVOS ÁRES

A ação de remoção começou cedo e a escavação do lugar de origem iniciou por volta de 8 horas e as 8h30 já estava tudo pronto para retirá-la do solo. Maria Célia acompanhou atenta todo o processo de escavação e retirada da árvore. A remoção foi realizada de maneira cuidadosa, com foco na preservação das raízes, envoltas em terra e pedras, uma espécie de casulo de proteção. Para o sucesso da operação, uma lona foi amarrada ao “casulo”, e a retirada do solo foi feita com o auxílio de uma retroescavadeira.

Jorge Bichara Neto, médico e presidente do Comam, presenciou cada etapa do transplante, em muitos momentos, inclusive, colocando a mão na terra para garantir o sucesso da empreitada. “Essa castanheira é belíssima, e a gente vai acompanhá-la ao longo do tempo, cuidar dela e protegê-la”, garantiu.

Equipes da Semma e do Comam acompanharam o transplante da árvore

Ele recorda que a castanha-do-pará foi responsável por um dos principais ciclos econômicos vivenciados por Marabá, e encontrar uma castanheira na Nova Marabá, sendo preservada de maneira louvável pela dona, é de grande representatividade para os munícipes. “Nós precisamos manter essa representatividade, a castanha-do-pará não pode ser esquecida. Essa castanheira vai mostrar para as futuras gerações o quanto representa para nós”.

Sobre o local escolhido para o replantio, Jorge Bichara revelou que o motivo é o fato de o trevo ser o acesso a três dos núcleos de Marabá. “A castanha foi o símbolo da nossa economia, foi o que nos manteve, que nos criou (sem falar em outras partes da economia). É um simbolismo muito grande retirar essa castanheira e levar para o trevo, local que representa o ponto de interseção entre todas as partes da cidade”.

Jorge Bichara Neto, presidente do Comam, acompanhou de perto todas as etapas do processo

O maior desafio para realização do transplante foi a grande quantidade de fios de internet, telefone e energia elétrica presos aos postes ao longo das vias até chegar à Rodovia BR-230. Para que a castanheira conseguisse passar por eles, já em cima de uma caminhonete da Semma, foi necessário deitá-la, ficando quase na vertical. Superada essa provação, a árvore seguiu viagem pela BR-230 até o local do seu novo plantio.

Janine Lage, diretora da Semma, contou que tão logo o órgão soube da castanheira, verificou a possibilidade de realizar a remoção e o replantio. Segundo ela, não são todas as árvores que possibilitam o transplante. No caso da castanheira nascida na Folha 33, a ação foi possível e a data escolhida para a remoção ocorreu em comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente.

“O lugar escolhido para o replantio é onde a população pode contemplar o crescimento dela”, comemora Janine.

Para realizar o transplante da árvore, os profissionais da Prefeitura de Marabá precisaram de três horas de trabalho, indo de 8 às 11 da manhã. A árvore tem cerca de cinco anos de idade, segundo o jornalista Ulisses Pompeu, que produz um livro inédito intitulado Castanheiras do Asfalto, que será publicado em setembro deste ano. (Luciana Araújo)